61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 1. Climatologia
MEDIDAS DE FLUXOS DE CO2 ENTRE VEGETAÇÃO E ATMOSFERA NA RESERVA BIOLÓGICA DO JARU, RONDÔNIA
Kécio Gonçalves Leite 1
Fernando Luiz Cardoso 2
Renata Gonçalves Aguiar 2
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia/IFRO
2. Universidade Federal de Rondônia/UNIR
INTRODUÇÃO:

O aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera em escala acelerada nos últimos anos tem causado preocupação e tem demandado estudos na busca de se entender o funcionamento dos diferentes ecossistemas do planeta como produtores ou sorvedouros de carbono. Em diferentes pontos da Amazônia, tem-se realizado o monitoramento das trocas gasosas entre superfícies vegetadas e atmosfera, medindo-se, por diferentes metodologias, os fluxos de massa e energia. Nesse contexto, o Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA) instalou e mantém em funcionamento uma rede de torres micrometeorológicas em vários pontos da região, equipadas com sensores de alta tecnologia, que medem e monitoram continuamente os fluxos de dióxido de carbono, água e energia. Realizar estas medidas de fluxos é de fundamental importância dada a relação direta da concentração de CO2 na atmosfera com o efeito estufa. Nesta pesquisa, fez-se uma análise das medidas de fluxos de CO2 obtidas entre 9 de janeiro e 19 de setembro de 2006, numa das torres micrometeorológicas do LBA, instalada na Reserva Biológica do Jaru, em Rondônia.

METODOLOGIA:
A Reserva Biológica do Jaru é um sítio de floresta tropical localizado a 120 km ao norte da cidade de Ji-Paraná-RO. Está a 10º05’S, 61º35’W, 150 m. A altura média do dossel é de 35 m, com árvores mais altas atingindo até 45 m. O material utilizado na coleta de dados compreende um sistema de medição de alta freqüência dos fluxos de superfície composto por um anemômetro sônico tridimensional (Solent 1012R2, Gill Instruments, UK) e um analisador de gás no infravermelho (IRGA, Li-7500, LICOR, EUA) conectados a um gabinete contendo um datalogger CR23X (Campbell Scientific Instrument, USA) e um palmtop instalados no topo de uma torre de 62 m no interior da floresta. As flutuações em alta freqüência das componentes da velocidade do vento medidas pelo anemômetro sônico, e da concentração de CO2 medidos pelo IRGA foram processadas em computador a fim de se obterem os fluxos turbulentos de massa (fluxo de CO2) através do sistema de correlação de vórtices turbulentos (Eddy Correlation). O método da correlação dos vórtices turbulentos é uma determinação direta dos fluxos, e se baseia no princípio de que o fluxo turbulento de uma determinada grandeza à superfície pode ser calculado através da covariância entre esta grandeza e a componente vertical de velocidade do escoamento.
RESULTADOS:
Dadas as condições e dificuldades inerentes às pesquisas de campo, das medidas de fluxos de CO2 realizadas na Reserva Biológica do Jaru no período de 9 de janeiro a 19 de setembro de 2006, foram aproveitadas 30% (77 dias). As médias horárias indicam que o saldo dos fluxos de CO2 foi negativo. Isso indica que a floresta funcionou pontualmente como um sorvedouro de carbono. Um pico na emissão de CO2 foi observado nas primeiras horas da manhã. Isso se deve ao fato de grande parte do dióxido de carbono respirado pela vegetação se acumular sob o dossel à noite e escoar rapidamente com o aquecimento do sistema pela manhã. As médias horárias nas estações chuvosa (janeiro a março) e seca (julho a setembro) indicam uma redução de 37% na absorção e de 35% na emissão de dióxido de carbono na estação seca em relação à estação chuvosa. Observa-se ainda que na estação chuvosa os fluxos negativos ocorrem por um maior período durante o dia. Essa diferença entre as estações, de cerca de uma hora, contribui significativamente para as diferenças quantitativas observadas nos fluxos. Embora haja essa diferença no comportamento dos fluxos entre as estações, o balanço de CO2, em média, na estação seca ainda foi negativo, ou seja, houve uma absorção de CO2 da atmosfera em torno de 49 µmolm-2s-1.
CONCLUSÃO:
As médias horárias indicaram que a floresta atuou como um sorvedouro de CO2, isto é, absorveu mais dióxido de carbono do que emitiu para a atmosfera. Observou-se um padrão diferente dos fluxos entre as estações do ano, porém com balanços negativos de CO2 tanto na estação seca (julho a setembro), como na estação chuvosa (janeiro a março). Isto é, independentemente da estação, a floresta retirou CO2 da atmosfera.
Instituição de Fomento: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA; Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia – LBA.
Palavras-chave: Amazônia, Fluxos de CO2, Floresta.