O Cálculo Diferencial e Integral surgiu com estudos independentes de Isaac Newton e Gottfried Leibniz e atualmente é utilizado nas mais diversas áreas do conhecimento. Resulta desta grande aplicabilidade a importância do seu ensino em cursos universitários. No entanto, na mesma proporção de sua importância, grandes dificuldades tem sido enfrentadas por professores e alunos em tal disciplina. No caso particular dos estudantes que ingressam nos cursos de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) - Campus de Ji-Paraná, o primeiro contato com a matemática superior se dá justamente com a disciplina de Cálculo Diferencial e Integral, ficando evidente a fragilidade dos conhecimentos supostamente aprendidos nos ensinos Fundamental e Médio. Frente a esta realidade, esta pesquisa se constituiu com o interesse de contribuir para a discussão das prováveis causas que possam condicionar este quadro local de dificuldades enfrentadas no ensino-aprendizagem do Cálculo I.

A metodologia adotada na pesquisa foi de cunho quali-quantitativo, com análise de conteúdo. São sujeitos do estudo 20 acadêmicos do curso de Licenciatura em Matemática, matriculados no segundo semestre do ano letivo de 2007 na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I, na UNIR – Campus de Ji-Paraná. Um questionário semi-estruturado foi utilizado como instrumento de coleta de dados. Tentou-se com isso obter informações significativas sobre as dificuldades no ensino-aprendizagem do Cálculo I.

A partir dos dados obtidos e de sua análise, constatamos que 60% dos entrevistados consideram ter dificuldades de aprendizagem na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I. Segundo os acadêmicos os fatores que mais contribuem para o baixo rendimento nesta disciplina são a defasagem na formação básica em matemática, citada por 45% dos entrevistados; pouco tempo para os estudos, citado por 30% dos acadêmicos; metodologia utilizada pelo professor em sala (10%); complexidade inerente à disciplina de Cálculo I (10%) e dificuldade de vincular a teoria com a prática (5%).  Quando se questionou se os estudantes consideravam a avaliação como instrumento de melhoria na aprendizagem, 70% alegaram que não. Inclusive um dos entrevistados define a avaliação como “um modo massacrante de apontar erros que nem sempre são exclusivamente do acadêmico”.

O objetivo desta pesquisa foi identificar, segundo os acadêmicos, fatores de dificuldades na aprendizagem de Cálculo I, na Licenciatura em Matemática da Unir - Campus de Ji-Paraná. Os principais fatores apontados foram: falta de conhecimentos básicos em matemática; pouco tempo para os estudos; metodologia de ensino; complexidade inerente a disciplina e dificuldade de contextualizar a teoria com a prática. Outro fator relevante é a avaliação praticada pelos professores que é utilizada somente para apontar erros do aluno. O baixo rendimento em Cálculo, na realidade, é uma das conseqüências geradas pelo sistema educacional e pelas concepções e práticas dos professores respaldadas em modelos de ensino-aprendizagem que priorizam a memorização sem significado dos conteúdos pelos alunos. É preciso investir na qualidade da Educação Básica e Superior, em especial na formação continuada e valorização dos profissionais da educação. O professor universitário deve ser consciente da responsabilidade que possui como mediador do conhecimento no processo de formação dos acadêmicos, em especial dos futuros professores. Assim, o bom desempenho na universidade será uma conseqüência tanto de uma boa formação básica quanto do trabalho docente realizado na instituição de ensino superior.