Os camarões de água doce do gênero Macrobrachium totalizam mais de 100 espécies, amplamente distribuídas nas zonas tropicais e subtropicais. Embora possam crescer e acasalar em ambientes dulcícolas, a maioria necessita da água salobra dos estuários para seu desenvolvimento larval.

Macrobrachuim amazonicum é largamente distribuído na América Sul, nas Bacias do Orenoco, Rio Amazonas e Rio Paraguai. A maioria dos estudos sobre o camarão da espécie M. amazonicum, foram relacionados a caracterização das estruturas populacionais dos exemplares capturados no Alto Rio Negro e trechos do Rio Solimões.

Há poucos estudos sobre a biologia reprodutiva do camarão Macrobrachuim amazonicum, sendo um deles realizado em açudes na região Nordeste Brasileira, porém informações de espécimes na Região do Médio Amazonas ainda são desconhecidas.

A fecundidade estabelece o número de ovos produzidos por desova. Tal informação é importante para a implantação de projetos de larvicultura, pois M. amazonicum tem importância comercial.

A fecundidade permite estimar parâmetros da dinâmica populacional dessa espécie de camarão presente em várias regiões amazônica.

As coletas foram realizadas próximo ao Município de Itacoatiara, em três lagos adjacentes ao Rio Amazonas: Lago do Cavado (S03º13’18,2”; W 58º18’43,0”), Lago Assacú (S03º08’39,7”; W58º23’31,1”) e Lago do Miratu (S03º15’30,0”; W58º21’34,5”) durante o período de agosto a novembro de 2008.

As capturas ocorreram na vegetação marginal e foram utilizadas armadilhas (camaroeiras), puçás e tarrafas. Os animais foram separados no barco e as fêmeas ovígeras individualizadas em sacos plásticos para evitar a perda de ovos.

A biometria foi realizada com auxílio de um paquímetro (0,05 mm) e o peso total com ovos (PT) e peso sem ovos (PSO) foram aferidos em balança analítica (0,01g). O número de ovos (NO) foi obtido da retirada dos mesmo dos pleópodos das fêmeas e com auxílio de um estereomicroscópio foram a contados manualmente.

As variáveis biométricas registradas foram o comprimento total (CT), comprimento do cefalotórax (CC), comprimento do abdome (CA), peso com ovos (PT) e o peso sem ovos (PSO). O número de ovos foi registrado para cada exemplar e representado pela sigla “NO”.

Durante o período de estudo foram capturadas 246 fêmeas ovígeras de M. amazonicum, cujo CT variou de 27,40 a 63,50mm (36,09±7,22), o CC foi de 7,65 a 19,50mm (10,49±2,37) e o CA 19,25 a 45,0mm (25,60±5,04). O PT variou de 0,30 a 4,64g (0,96±0,85), enquanto a variável PSO apresentou variação de 0,28 a 4,10g (0,84±0,73). O número de ovos variou de 16 a 1630 (211±266).

Para as relações das variáveis no presente estudo, a análise de regressão apresentou melhor ajuste pelo modelo linear (y=a+bx) e foi escolhido com base no coeficiente de determinação (R²).

A relação NO/CT apresentou a equação NO=-925,39+31,74CT (p<0,05; R²= 0,73). Para NO/CC foi obtido NO=-795,28+95,848CC (p<0,05; R²=0,79), em seguida foi obtida a equação para NO/CA=-899,02+43,347CA (p<0,05; R²=0,68). Para as relações com as variáveis relacionada ao peso dos animais (NO/PT e NP/PSO) foram obtidas as equações: NO=-50,785+271,96PT (p<0,05; R²=0,76) e NO=-53,634+316,21PSO (p<0,05; R²=0,76), respectivamente.