61ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 13. Engenharia Sanitária
TRATAMENTO BIOLÓGICO SEQUENCIAL (FILTRO ANAERÓBIO/ REATOR COM FUNGOS) PARA REMOÇÃO DE CORANTE AZO EM ÁGUA RESIDUÁRIA SINTÉTICA TÊXTIL
Bárbara Chaves Aguiar Barbosa 1
Carla Bastos Vidal 2
Germana Marinho 1
Ronald Pessoa 1
Glória Maria Marinho 1
Kelly Rodrigues 1
1. IF- CE
2. UFC
INTRODUÇÃO:

Os processos têxteis são grandes consumidores de água, corantes sintéticos e de produtos químicos, além de geradores de grandes volumes de efluentes com elevada carga orgânica, aliada ao elevado teor de sais inorgânicos, e fortemente coloridos, devido à presença de corantes que não se fixam na fibra durante o processo de tingimento. Desta forma, um dos maiores problemas destes efluentes está relacionado ao parâmetro cor, pois grandes quantidades de corantes usados nas indústrias têxteis são perdidos durante o processo de tingimento. Dentre os tratamentos utilizados, o emprego dos mais variados tipos de reatores anaeróbios para a remoção de cor e matéria orgânica de efluentes têxteis tem alcançado grande êxito, principalmente se seguidos de unidade aeróbia de pós-tratamento, a qual tem a função de remover aminas aromáticas, formadas durante a degradação anaeróbia dos corantes azo. O diferencial deste estudo está no uso de fungos em reatores biológicos, que vem sendo amplamente utilizada no tratamento de diversos compostos persistentes. Assim com intuito de diminuir o impacto dessas substâncias no meio ambiente, o presente trabalho propôs um tratamento seqüencial biológico, sendo utilizada a espécie fúngica Aspergillus niger para o pós-tratamento do efluente do filtro anaeróbio.

METODOLOGIA:

Foram  montados e operados dois reatores biológicos de leito fixo e escoamento ascendente, sendo um filtro anaeróbio (FA) e um reator aeróbio (RBF), inoculado com Aspergillus niger AN400, em escala de laboratório, para tratamento biológico da água residuária sintética têxtil. Os reatores foram operados no Laboratório de Tecnologia Ambiental (LATAM) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IF-CE), Fortaleza-CE. A pesquisa foi dividida em etapas: cultivo e contagem de esporos de Aspergillus niger AN400; montagem e operação do FA e do RBF. O FA tinha volume útil de 4,3 L, era cilíndrico e constituído de PVC. O inóculo do FA foi obtido de um reator UASB da CAGECE. O RBF era cilíndrico, constituído de acrílico e tinha volume total de 5 L, além de três dispositivos de entrada de ar. A água residuária que alimentou o filtro anaeróbio foi preparada com água de torneira acrescida de solução de micro e macro nutrientes, corante Vermelho do Congo, na concentração de 0,25 g/L , e sacarose (0,5 g/L), como fonte primária de substrato. O filtro anaeróbio operou com TDH constante de 8 h e o reator com fungos sob TDH de 6 h e, posteriormente, com 8 h, com variação de adição de sacarose no reator com fungos. As variáveis determinadas foram: demanda química de oxigênio (DQO), potencial hidrogeniônico (pH), e corante, no afluente e efluente dos reatores, além de alcalinidade e ácidos graxos voláteis no FA. Todas as análises físicas e químicas foram realizadas segundo métodos descritos em APHA (1998).

RESULTADOS:

O percentual médio de remoção do corante, alcançados pelo FA e pelo RBF foi similar (63%). Para matéria orgânica particulada, foram obtidas remoções médias de 71% e de 71,6%, respectivamente, para o filtro anaeróbio e para o reator com fungos. Com relação à matéria orgânica dissolvida foi encontrada remoção de 57%, para o filtro anaeróbio, e de 73%, para o reator com fungos. O sistema (anaeróbio/aeróbio) apresentou remoção média de 76% e 66,6% para matéria orgânica da amostra bruta e da amostra filtrada, respectivamente. A alcalinidade do FA foi suficiente para neutralizar os ácidos formados durante o processo de digestão, sendo comprovada pela relação entre ácidos graxos voláteis e alcalinidade total, que ficou em torno de 0,3, valor esse indicado na literatura como indicador de bom funcionamento do sistema. O pH do afluente  do filtro anaeróbio permaneceu entre 5,3 e 8,7, sendo que o pH da saída variou de 6,5 a 8,0. Para o RBF o pH variou entre 5,5 e 7,5, estando dentro da faixa suportada pelos fungos filamentosos. Quando adicionada sacarose no afluente do RBF houve aumento significativo das remoções de corante e DQO bruta e filtrada, demonstrando assim que os fungos necessitavam de fonte adicional de energia. A variação no Tempo de Detenção Hidráulica do RBF de 6 h para 8 h não refletiu melhores percentuais de remoção, ficando inferiores aos alcançados no TDH de 6 h.

CONCLUSÃO:

O sistema conjugado, filtro anaeróbio seguido por reator com fungos, apresentou boas remoções de corante, matéria orgânica, cor real e cor aparente, sendo assim uma alternativa viável para tratamento de águas residuárias da indústria têxtil. Este estudo também sugere a necessidade de se estudar mais os fungos, visto que esses microrganismos se apresentam como agentes promissores no tratamento de águas residuárias.

Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: Tratamento biológico, Pós- tratamento com fungos, água residuária sintética têxtil.