61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
DIVERSIDADE DE ANFÍBIOS ANUROS E OCUPAÇÃO DOS AMBIENTES DE REPRODUÇÃO NUMA CABRUCA DO SUL DA BAHIA
Euvaldo Marciano Santos Silva Júnior 1
Mirco Solé 1
1. Universidade Estadual de Santa Cruz
INTRODUÇÃO:
Os anfíbios constituem uma classe de vertebrados tetrápodas pioneiros na conquista do ambiente terrestre (HADDAD et al., 2008). Três ordens estão inseridas na classe Amphibia, sendo Anura com 5.300 a mais bem representada (HADDAD et al., 2008). O Brasil é o país com a maior riqueza de espécies do mundo: são mais de 800 espécies, das quais 340 – mais de 40% - ocorrem na Mata Atlântica (AMPHIBIAWEB, 2008; HADDAD et al. 2008; SBH, 2008). Essa alta diversidade é acompanhada por uma ampla variedade de modos reprodutivos (DUELLMAN & TRUEB, 1986). Dos 28 modos que ocorrem no Brasil, 27 podem ser observados nas espécies da Mata Atlântica (HADDAD & PRADO, 2005). Trabalhos ecológicos que compreendam amostragens freqüentes e realizadas pelo menos ao longo de um ano na Mata Atlântica são raros e foram realizados principalmente nas regiões sudeste e sul do país (CARDOSO et al. 1989, HEYER et al. 1990, BERTOLUCI 2001, KWET 2001, BERTOLUCI & RODRIGUES, 2002, SILVANO & PIMENTA 2003, TOLEDO et al. 2003). Faltam ainda trabalhos sobre a diversidade e ecologia de anfíbios da Bahia. Com base nesse cenário este estudo foi proposto, com o objetivo principal de fornecer os primeiros dados sobre a diversidade de anuros presentes em cabrucas da UESC e sobre a utilização dos microambientes para a reprodução.
METODOLOGIA:
O campo foi realizado em uma cabruca de 4,6ha localizada no Campus da Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, sul da Bahia. Amostragens semanais foram realizadas compreendendo 10 visitas à campo por mês, entre os meses de janeiro e junho de 2008, totalizando 60 amostragens. Três conjuntos de armadilhas de interceptação e queda foram instalados em pontos distintos da área. Cada conjunto era composto por quatro baldes de 20L dispostos em “Y” e conectados por cercas-guias (HEYER et. al., 1994). Machos vocalizando foram observados nos ambientes de reprodução para verificar se existem interações agressivas intra ou interespecíficas. Casais em amplexo foram coletados e mantidos em aquaterrários até a desova para identificação do tipo e o tamanho da desova das diferentes espécies. Para determinar a diversidade e abundância foram usados o índice de riqueza e abundância de Shannon-Weaver através do programa DivES (RODRIGUES, 2005) e os estimadores de riqueza Jackknife de 1º e 2º ordens, calculados através do programa EstimateS versão 8.0.0 (COLWELL, 2005). Uma curva do coletor foi elaborada para verificar a suficiência do esforço amostral.
RESULTADOS:
Quarenta espécies de 8 famílias e 17 gêneros foram registradas: Aromobatidae (1), Brachycephalidae (2), Bufonidae (3), Hylidae (24), Leiuperidae (2), Leptodactylidae (5) Microhylidae (2) e Pipidae (1). Isso representa 5,1% e 12% da anurofauna brasileira e da Mata Atlântica, respectivamente. Provavelmente devido à heterogeneidade do local estudado, houve pouca sobreposição na ocupação dos microambientes de reprodução. Em relação aos modos reprodutivos foram registrados 7 modos (1, 4, 11, 15, 24, 28 e 30), porém diante do número de espécies verificado na área, outros 6 modos são esperados (modos: 2, 6, 20, 23, 25 e 32), mas não foram vistos durante o trabalho de campo. Dessa maneira podem ser citadas o número total de 13 modos reprodutivos ou 48,14% dos modos registrados para as espécies da Mata Atlântica. A diversidade calculada foi de H’= 1,26 e = 0,79 e as estimativas de riqueza para a área foram de 45,85 ±2,59 e 49,78 ±0,00 espécies, quando utilizado o estimador Jackknife 1º e 2º ordens, respectivamente. A curva do coletor obtida indicou a necessidade de um esforço amostral maior para registrar o número total de espécies da área, embora o número observado tenha sido muito próximo do estimado.
CONCLUSÃO:
Levando em conta que a área estudada abrange apenas 4,6ha de Mata Atlântica fortemente antropizada, pode-se concluir que a diversidade de anuros foi alta. Em comparação com outros trabalhos realizados no estado (JUNCÁ, 2006, SILVANO & PIMENTA, 2003, BASTAZINI, 2007), este apresenta a maior riqueza observada em uma única área. Em virtude disso, deve ser ressaltado que é fundamental a concentração de mais estudos com anuros nesta região da Bahia, uma vez que a mesma é considerada como o hábitat da maioria dos anuros conhecidos para o estado (SILVANO & PIMENTA, 2003).
Instituição de Fomento: PIBIC/CNPq
Palavras-chave: Anuros, Diversidade, Modos Reprodutivos.