61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 1. Antropologia da Religião
ILÉ OXUM MINAGUACI. TRAÇANDO PERFIL.
José Aparecido dos Santos 1
José Roberto dos Santos Lima 1
1. ICHCA/UFAL– Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes.
INTRODUÇÃO:
As religiões afro-brasileiras e de matriz africana são caracterizadas pelo culto aos Orixás (deuses e deusas das várias etnias africanas). De Língua Iorubá, essas religiões chegaram ao Brasil entre os séculos XVI e XIX, com o tráfico de escravos negros, oriundos da África Ocidental. Apesar da amplitude deste tema, devemos nos ater à situação destas religiões no Brasil, limitando-nos mais especificamente a um templo situado em Alagoas . O presente trabalho tem por principal finalidade traçar o perfil do Terreiro Ilé Oxum Minaguaci, localizado no bairro da Levada, logradouro de grande importância na cidade de Maceió/Al. Segundo estudiosos há uma tradição afro-religiosa no local supracitado datada desde meados do século XX.. Este Terreiro tem uma tradição de mais de meio século de portas abertas, liderado desde então pela Ialorixá Vandete da Silva Barros, carinhosamente chamada na comunidade de Mãe/madrinha Vanda, atualmente aos 72 anos de idade. Além de configurar o perfil da “casa-de-santo”, ampliamos o escopo de nossa análise para a compreensão das festas, uma vez que ainda não temos um estudo bem aprofundado neste sentido. Como nos informa Eduardo Fonseca, alguns autores (Loyola, 1984; M. do C. Brandão, 1990; Motta, 1988; Prandi, 1991; e Ferretti, 1995) têm se debruçado sobre as festas nos cultos Afro-Brasileiros, mas não têm examinado com maior acuidade suas funções e significados.
METODOLOGIA:
Por tratar-se de uma pesquisa de observação direta, não trabalhamos com questionários. Para isso foram realizadas visitas periódicas ao campo em busca de informações que nos auxiliassem na coleta de dados. Foram feitas várias análises bibliográficas referentes à temática afro-religiosa e às religiões de matriz africana. Adotamos como estratégia, em primeiro lugar, conhecer a pessoa responsável pelo barracão, explicitando os propósitos da pesquisa. Essa pessoa teve importante papel como informante durante o trabalho Posteriormente começaram-se as visitas em dias de festa. Pude acompanhar as seguintes atividades do terreiro: toques (denominação paras as festas), obrigações(oferendas e sacrifícios de animais), feituras e etc. Houve o registro fotográfico das práticas religiosas em seus diferentes âmbitos . Vários adeptos da casa relatam suas experiências na vida no “santo”. Tivemos a oportunidade de conhecer vários visitantes e clientes do centro.
RESULTADOS:
Com o desenvolvimento dessa pesquisa foi possível traçar o perfil de um templo de cultura religiosa afro-brasileira e elaborar um calendário litúrgico-festivo desse mesmo templo. Ao acompanhar as comemorações do centro afro-religioso foi possível fazer um levantamento detalhado do público alvo. Foi identificado a linha cultuada na casa – Nagô, que corresponde a 10,7% das linha cultuadas em Maceió, de acordo com dados do LACC/UFAL. Foi feito o acompanhamento, durante um ano, de todas as festividades do terreiro, entre as quais podemos citar: festa de Exu no mês de janeiro de 2008, saída de Iaô e festa de Preto Velho em maio, festa do Orixá Xangô em junho, festa de Exu no mês de agosto, sopão dos Erês, em outubro (festa de Cosme e Damião) e festa de Exu em janeiro de 2009.
CONCLUSÃO:
Durante o desenvolvimento dessa pesquisa trabalhei com a coleta de dados e registros fotográficos. O uso de recursos imagísticos nos auxiliou a entender o contexto situacional em que os adeptos estão envolvidos. O acompanhamento das festividades foi de fundamental importância na investigação das percepções e das experiências em que esses indivíduos têm sobre a formação de suas identidades afro-cultural. Com o desenvolvimento desse estudo, pude constatar que essas pessoas, em sua maioria, vivem nas regiões periféricas da cidade, traço característico dos “Xangôs” em Maceió e das demais cidades do país
Instituição de Fomento: Universidade Federal de Alagoas
Palavras-chave: Religião, Cultura, Simbolismo.