61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
AVALIAÇÃO E MODELAGEM DA QUANTIDADE DE MATERIAL COMBUSTÍVEL FLORESTAL EM DIFERENTES SÍTIOS
Isliana Griebler Ribeiro Caldas 1
Danilo Simões 1
Paulo Torres Fenner 1
1. Depto de Ciências Florestais, Faculdade de Ciências Agronômicas, UNESP
INTRODUÇÃO:
Os incêndios florestais representam um efeito devastador para as florestas nativas e comerciais, decorrente da variabilidade e quantidade de material combustível centrado nessas áreas. Por meio do conhecimento do material combustível existente num determinado sítio, é possível obter informações imprescindíveis sobre o risco de incêndio e do comportamento do fogo, ou seja, das principais características de um incêndio florestal. Esses incêndios aumentam com o passar do tempo, determinando a sua própria taxa de alimentação de combustível, a qual interage com o ambiente local, o que permite dizer que nenhum incêndio é exatamente igual a outro. Portanto, através dos dados sobre material combustível, é possível estabelecer as variáveis que influenciam o fenômeno fogo, ou seja, do fenômeno físico resultante da rápida combinação entre o oxigênio e uma substância qualquer, com produção de calor, luz e comumente chamas. O objetivo deste estudo foi caracterizar o material combustível superficial existente em quatro sítios, com o propósito de realizar medidas preditivas que visem à redução das causas de incêndios mais habituais, haja vista que essas causas são extremamente instáveis.
METODOLOGIA:
O experimento foi conduzido em quatro sítios diferentes pertencentes à Faculdade de Ciências Agronômicas - UNESP, Botucatu/SP. Os sítios foram classificados de acordo com suas respectivas predominâncias, sendo essas: Sítio 1 – área com gramíneas; Sítio 2 – área com Eucalyptus spp.; Sítio 3 – floresta nativa; Sítio 4 – povoamento de Araucaria angustifolia. Nestas áreas foram instalados oito parcelas de 1 m², com distribuição aleatória para a coleta do material combustível disposto sobre o solo. Após instalação das parcelas, o material combustível foi classificado em quatro classes: Classe 1 (C1) – folhas, galhos finos e outros materiais vegetativos com diâmetro inferior a 0,7 cm; Classe 2 (C2) – galhos e outros materiais vegetativos com diâmetro entre 0,7 e 2,5 cm; Classe 3 (C3) – galhos e outros materiais com diâmetro entre 2,5 e 7,6 cm ; Classe 4(C4) – galhos e outros materiais com diâmetro igual ou superior a 7,6 cm. Após a classificação realizou-se a pesagem do material e secagem em estufa para a determinação do teor de umidade. Após obterem-se os valores das massas úmidas e secas, determinou-se o teor de umidade a base seca e posteriormente a massa seca de cada classe, possibilitando a estimativa do material combustível para cada classe em megagramas por hectare (Mg.ha-1).
RESULTADOS:
Os resultados obtidos foram submetidos à técnica da análise de Variância para, experimentos inteiramente casualizados, por meio do software estatístico R (R-Statistics). Nos casos em que houve diferença estatisticamente significativa foi realizado teste de Tukey a 5 % de probabilidade. O valor da massa seca do material combustível dos sítios variou de 3,42 a 9,49 Mg.ha-1, no Sítio 3 foi encontrado o maior valor e no Sítio 4 o menor valor. Embora tenha havido diferença estatística significante entre o Sítio 1 (3,86 Mg.ha-1), Sítio 2 (7,04 Mg.ha-1) e Sítio 3 (9,49 Mg.ha-1), o sítio 2 foi semelhante estatisticamente aos demais que diferiram entre si. Além de deter a maior quantidade de material combustível o Sítio 3 também apresentou a maior valor de massa seca (5,01 Mg.ha-1) para a classe que oferece maior risco de incêndio (C1), seguido respectivamente pelo Sítio 2 com 4,93 Mg.ha-1, Sítio 1 com 3,76 Mg.ha-1 e Sítio 4 com 1,87 Mg.ha-1. O Sítio 1 apresentou somente as duas primeiras classes, que oferecem maior risco de incêndio enquanto que os Sítios 2 e 3 apresentaram todas as classes. No Sítio 4 não foi encontrado a classe que oferece menor risco (C4). Pode-se notar que todos os sítios são compostos em sua maioria por folhas, gravetos e galhos finos, ou seja, classes 1 e 2.
CONCLUSÃO:
Com base nos resultados obtidos pode-se concluir que caso as condições atmosféricas favoreçam um incêndio florestal no Sítio 3 (floresta nativa) os danos serão maiores, haja vista a maior quantidade de material combustível e, por ser constituído em sua maioria por folhas, galhos finos e gravetos (C1). No Sítio 4 (povoamento de Araucaria angustifólia) o danos incidirão em menor grandeza, devido à mínima quantidade de material combustível, porém, por se tratar de uma espécie resinífera este material ao entrar em contato com as chamas poderá ocasionar um incêndio de maior escala.
Palavras-chave: Material combustível, Incêndios florestais, Fogo.