61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 2. Ciência da Computação - 5. Informática na Educação
INTEGRAÇÃO ENTRE AMBIENTES VIRTUAL E PRESENCIAL DE APRENDIZAGEM NO ENSINO DE QUÍMICA: UMA BREVE ANÁLISE
Nilcimar dos Santos Souza 1
Ernesto Macedo Reis 2
Marília Paixão Linhares 3
1. Lab. de Ciências Químicas - Universidade Estadual do Norte Fluminense/LCQUI-UENF
2. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense/IFF
3. Lab. de Ciências Físicas - Universidade Estadual do Norte Fluminense/LCFIS-UENF
INTRODUÇÃO:

As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), cada vez mais presentes no dia-a-dia das pessoas, vêm ganhando espaço nas últimas décadas também no contexto educacional. Os ambientes virtuais de aprendizagem se inserem como uma das TIC mais valorizadas, pois permitem que as metodologias didático-pedagógicas orientem sua organização.

O Espaço Virtual de Aprendizagem (EVA) é um ambiente virtual de aprendizagem desenvolvido de acordo com a metodologia de Aprendizagem Baseada em Casos. As situações de ensino estruturam-se em temas apresentados como um Estudo de Caso (EC). Os EC são estratégias que permitem relacionar conteúdos específicos a contextos mais amplos.

O Fórum virtual é uma das ferramentas do EVA (www.uenf.t5.com.br) que apóia os EC. O caráter investigativo e problematizador do EVA favorece a articulação com o ambiente presencial de aprendizagem da sala de aula através de estratégias diversificadas, como por exemplo, experimentos investigativos.

Esta pesquisa foi desenvolvida no contexto de ensino interdisciplinar, onde professores de Química, Física e Biologia compartilharam a orientação dos alunos na realização dos EC. Neste trabalho analisamos uma proposta didática de integração dos espaços virtual e presencial de aprendizagem desenvolvida durante as aulas de Química.
METODOLOGIA:

A proposta didática foi realizada em uma turma de oito alunos do Instituto Federal de Educação Tecnológica Fluminense (IFF), do curso de eletrônica integrado ao Ensino Médio na modalidade PROEJA. O EC “Recursos alternativos na produção e controle energético” possibilitou abordar o conteúdo pilhas e baterias, iniciando o estudo eletroquímico, diretamente relacionado ao perfil do grupo.

A proposta didática de articulação entre os ambientes virtual e presencial de aprendizagem se deu em três etapas denominadas de momentos pedagógicos (MP):

Problematização inicial: Realizada uma experiência em laboratório apresentando a reação eletroquímica entre manganês(VII) e zinco metálico que gerou energia para acender um LED vermelho.

Organização do conhecimento: A partir das falas dos alunos na problematização inicial foi aberta uma discussão na ferramenta de comunicação Fórum do EVA.

Aplicação do conhecimento: Realizadas reações entre manganês(VII) e outros metais (alumínio, cobre e ferro) que geram tensões elétricas distintas, acendendo LED amarelo, azul e verde.

No primeiro e terceiro MP os estudantes anotaram suas observações e explicações. No segundo MP, a discussão no Fórum ficou registrada no banco de dados do EVA. Todos os textos dos alunos foram analisados através de Análise de Conteúdo.
RESULTADOS:

Os instrumentos da pesquisa utilizados na coleta dos dados foram os textos dos estudantes nos três MP e as observações do professor. O procedimento permite confrontar as visões inicial e final de cada aluno, os novos conhecimentos adquiridos e a atuação nos ambientes de aprendizagem virtual e presencial.

A análise dos textos no primeiro MP indicou que grande parte dos estudantes compreendia que a energia era armazenada nas pilhas, ninguém indicou que era produzida. Esta concepção, que parte do senso comum, balizou o tema criado no fórum do EVA: “De onde vem a energia das pilhas?”. Na discussão todos contribuíram, gerando 23 mensagens de texto. A análise dos textos do Fórum indicou que todos demonstraram avanços conceituais, reconhecendo as reações eletroquímicas como fonte da energia elétrica de uma pilha ou bateria, abandonando a idéia de acumulação. Esta apropriação de conhecimento foi demonstrada no terceiro MP, quando trouxeram mais elementos para suas explicações.

Das observações do professor verifica-se que alunos participativos no ambiente de aprendizagem presencial não atuaram com a mesma facilidade no ambiente virtual. Porém, o oposto foi verificado com alunos pouco participativos e assíduos no ambiente presencial, mas que contribuíram de forma ativa no ambiente virtual.
CONCLUSÃO:

O Fórum virtual teve o papel de ampliar as discussões iniciadas no laboratório, amplificar o diálogo das aulas presenciais e proporcionar apropriação de conhecimento. A integração entre os ambientes de aprendizagem permitiu colocar os alunos em contato com vários momentos de aprendizagem, oportunizando assim, diversas situações para construção de conhecimento.

Os estudantes aprovaram a integração entre os ambientes de aprendizagem, como mostra o depoimento de um aluno depositado em uma das ferramentas do EVA: “Esse projeto EVA fez muito bem para mim, pois antes eu era meio preguiçosa para esse negócio de pesquisa e hoje eu gosto de pesquisar, gosto de saber mais sobre as coisas, e dizer para os outros, para meus colegas etc. Passei a ter mais interesse em estudar, ler livros, dar importância ao que leio ou aprendo foi muito bom para mim, obrigada professores".

Assim, é importante que atividades didáticas, que incentivam a interação entre os participantes e motiva a busca por novos conhecimentos, como a que foi realizada com o apoio das TIC, façam parte do cotidiano das salas de aula, pois proporcionam aos estudantes a construção de uma visão de mundo mais articulada e menos fragmentada.
Instituição de Fomento: CAPES
Palavras-chave: Fórum Virtual, Experimentos Problematizadores, Ensino de Química.