61ª Reunião Anual da SBPC

C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia

Estudo da etiologia dos enteropatógenos em portadores assintomáticos e sintomáticos das comunidades rurais da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.

Paula Cristina Amaral Cruz ^{1, 2}
Leandro Luiz Giatti ¹
Edila Moura ³
Michele Silva de Jesus ¹
Luciete Almeida Silva ¹

1. Fundação Oswaldo Cruz
2. Universidade Nilton Lins
3. Universidade Federal do Pará

INTRODUÇÃO:

A doença diarréica é um importante fator de morbidade e mortalidade nos paises em desenvolvimento. As infecções bacterianas são responsáveis por 40% das doenças diarréicas e algumas espécies têm sido associadas a episódios diarréicos como: Escherichia coli, Vibrio cholerae (Guerra et al. 2007). Os fatores de risco associados à diarréia podem ser explicados em um modelo multicausal que inclui uma extensa quantidade de fatores sócio econômicos, demográficos, sanitários, ambientais e culturais (Texeira & Heller, 2005). De acordo com a vigilância epidemiológica, a diarréia é a doença que mais tem avançado nos últimos anos tendo um agravo maior quando se trata de populações que vivem em comunidades distantes e utilizam à água dos rios como principal fonte de consumo, podendo ser um grande carreador de transmissão de doenças (CETESB, 1993). Segundo Souza (2002), os perfis etiológicos de diarréia em diferentes grupos populacionais variam de acordo com o ambiente domiciliar, praticas de higiene e ausência de saneamento básico. O objetivo deste trabalho é identificar enterobactérias patogênicas em amostras de fezes de indivíduos sintomáticos e assintomáticos, contribuindo para o estudo do perfil etiológico de doenças diarréicas que acometem populações ribeirinhas na Amazônia.

METODOLOGIA:

O estudo foi realizado em comunidades ribeirinhas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, área de várzea do rio Solimões no estado do Amazonas onde foram coletados fezes dos moradores selecionados aleatoriamente por sorteio. As fezes coletadas foram introduzidas em tubos contendo meio de cultivo específico para transporte de microorganismo. Em seguida as amostras foram semeadas em caldo de enriquecimento e encubadas em estufa bacteriológica a 37º C por 24h. Após este período os cultivos foram semeados em meios de cultura específicos para o crescimento bacteriano como: SS, cetrimide, TCBS e EMB. Após o crescimento e a seleção das colônias, as bactérias foram submetidas ao teste identificação através do kit API 20E para enterobactérias e API 20NE para bactérias não fermentadoras, além da utilização dos métodos de identificação bioquímicos tradicionais EPM, MILI, CITRATO. Após a identificação das bactérias, as mesmas foram avaliadas quanto ao perfil de resistência pelo método de difusão em disco, que consiste em parear vários antibióticos frente a um único microorganismo.

RESULTADOS:

Das 310 amostras de fezes coletadas, foram isoladas 206 cepas bacterianas. O estudo mostrou que das 22 espécies de bactérias isoladas 22,72% foram obtidas tanto na 1º coleta quanto na 2º coleta. Dessas, 14 espécies foram identificadas como enterobactérias patogênicas de grande importância clínica descritas na literatura como: Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa e Klebsiella pneumoniae. Esses microorganismos além de possuírem fatores de virulência podem desenvolver capacidade de resistência a vários grupos de antibióticos.

CONCLUSÃO:

Os resultados das análises microbiológicas das culturas de fezes dos moradores da população ribeirinha envolvida no estudo, mostraram que apesar da população não relatar sintomas relacionados a doenças diarréicas, foram identificadas bactérias patogênicas que oferecem índices elevados de indicadores de saúde intestinal da população. Alem de provocar diversas complicações em outras localidades do organismo como: infecções nas vias urinárias, corrente sanguínea, pulmões, pele, entre outros.

Instituição de Fomento: Fiocruz, Fapeam, CNPq-Recursos do trabalho de campo

Palavras-chave: Bactérias, doenças diarréicas, comunidade ribeirinha .