61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 12. Psicologia
DE PORTA EM PORTA: O SER PESSOA EM QUESTÃO
Raquel Barbosa de Mesquita Batista 1
1. Sociedade Psicanalítica da Paraíba
INTRODUÇÃO:

Este trabalho consiste numa análise psicológica da personagem Bill Porter no filme De Porta em Porta que retrata a história real de um portador de necessidades especiais, com poucas perspectivas de trabalho, mas mesmo assim, consegue vencer na vida. Ele escolheu a profissão de vendedor por que o pai era vendedor e, por três anos, conseguiu o prêmio de melhor vendedor da costa oeste dos E.U.A. O  objetivo foi mostrar a importância de um acompanhamento sadio na formação da capacidade de resiliência no ser humano maduro.

METODOLOGIA:

A teoria considerada foram os estudos sobre fatores de promoção da resiliência, sobretudo o de Grotberg (2005) que organizou estes fatores em quatro categorias: eu tenho (apoio); eu sou; eu estou; eu posso. ¨Eu tenho: remete a pessoas que existem ao redor do eu em que ele confia, que lhe impõem limites para que aprenda a evitar os perigos, que mostram através de sua conduta a maneira correta de proceder, que querem que aprenda a desenvolver–se sozinho; ¨Eu sou: uma pessoa por quem os outros sentem apreço e carinho; feliz quando faço algo de bom para os demais e lhes demonstro o afeto; que respeito a mim mesmo e ao próximo; ¨Eu estou: disposto(a) a responsabilizar-me por meus atos; Seguro(a) de que tudo terminará bem; ¨Eu posso: falar sobre coisas que me assustam ou me inquietam; buscar a maneira de resolver os problemas; controlar-me quando tenho vontade de fazer algo perigoso ou que não está bem; buscar o momento apropriado para falar com alguém ou atuar; encontrar alguém que me ajude quando necessito.

RESULTADOS:
Da categoria: Eu tenho, verificou-se que Bill tinha duas pessoas ao seu redor em que ele confiava incondicionalmente: a mãe e a secretária. A mãe o leva a várias empresas para que Bill consiga um emprego e luta de várias formas para conseguir sua autonomia. Acreditava nele e o apoiava nas dificuldades, estimulando seus sucessos. A secretária o ajudava na execução das tarefas. Com ela, ele tinha a liberdade de discutir problemas relacionados com o seu trabalho. Elas, também, colocavam limites para que ele aprendesse a evitar os perigos. A mãe, apesar de apóia-lo e estimulá-lo deixava-o livre para agir. Não fazia o trabalho por ele. Ele mesmo era quem vendia de porta em porta. A conduta do pai lhe ensinou a maneira correta de proceder: ser um bom vendedor. Da categoria: Eu sou, observou-se que Bill despertava nos outros compreensão e carinho. Dava respostas firmes, mas compreendendo o valor do outro. Sentia-se feliz quando estáva na companhia de quem gostava. Compreendia as diferenças e aprendeu agir com sabedoria, mesmo nos momentos em que os outros lhe trouxeram dificuldades. A categoria Eu estou mostrou que ele aprendeu a responsabilizar por seus atos. Certo dia, foi atropelado por um ônibus porque não prestou atenção. No hospital, a seguradora cobrou o pagamento altíssimo do tratamento e John sugere que ele acione a empresa do ônibus. Ele se nega, assumindo a responsabilidade do fato e procura vender a casa para quitar as dividas. Quanto ao poder ajudar às pessoas, Bill faz a reconsiliação de um casal, melhora o relacionamento entre dois amigos gays, escuta uma senhora idosa que mora sozinha e ajuda uma mãe a cuidar da filha. A categoria Eu posso, mostrou que Bill foi capaz de falar sobre coisas que o assustavam ou inquietavam e buscou sempre uma maneira de resolver os problemas como: a doença e a morte da mãe, a perda do emprego, o atropelamento que sofreu, etc. Apesar de em princípio, ser resistente à ajuda em coisas que ele achava que poderia fazer sozinho, aos poucos,vai superando esta dificuldade. Ele encontrou a secretária que o ajudou bastante, pessoas para cuidarem da mãe e compradores para seus produtos.
CONCLUSÃO:

Bill foi resiliente e superou todas as dificuldades, inclusive a pior de todas que foi a doença e a morte da mãe. Soube também perder o emprego com dignidade e acabou sendo recompensado pela força e capacidade de lutar pelo seu objetivo. No entanto, ele não agiu sozinho, mas ajudado pela mãe que, desde o início, o orientou, sem superprotegê-lo e a secretaria que foi de fundamental importância na sua vida. A partir desse estímulo inicial , ele teve condições de ajudar outras pessoas com quem se encontrou durante o trabalho e atingir uma realização interior plena e, não simplesmente, aquela específica do trabalho.

BIBLIOGRAFIA:

Grotberg, E.Henderson. Introdução: Novas tendências em Resiliência in Melillo, Aldo & Ojeda, Elbino Nestor Suarez (ORG). Resiliência: Descobrindo as próprias fortalezas. Porto Alegre: Artmed, 2005

Melillo, Aldo; Ojeda, Elbio Nestor Suárez; Rodríguez, Daniel. Resiliencia e subjetividade: Os ciclos da vida. Buenos Aires: Piados, 2004

Palavras-chave: Psicologia, Resiliência, Amadurecimento psicológico.