61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
RADIAÇÃO ONDAS LONGAS E EROSÃO DO SOLO EM REGIÃO DE CAATINGA NATIVA, COMO FERRAMENTA PARA AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE DESERTIFICAÇÃO
Rodrigo de Freitas Amorim 1
Fernando Moreira da Silva 1
1. Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA, UFRN
INTRODUÇÃO:
Cada vez mais, o processo de desertificação no semi-árido nordestino toma proporções expressivas, afetando diretamente a vida de milhares de pessoas que são influenciadas diretamente por seus efeitos. Dentre as causas do processo de desertificação destacam-se as mudanças no balanço de radiação e erosão do solo, sendo que do ponto de vista sistêmico uma mudança afeta diretamente a outra. Desta forma, é necessário compreender o comportamento do balanço de radiação e massa dentro do geossistema. A área de estudo compreende a Microbacia do Riacho Passagem, localizada na porção Noroeste do Estado do Rio Grande do Norte, entre as coordenadas de 37°54’52” e 38°08’63” de longitude Oeste e 5°44’7” e 5°55’44” de latitude Sul , compondo o médio curso da Bacia Hidrográfica Apodi/Mossoró. O artigo tem como objetivo estudar comportamento da radiação de ondas longas na superfície e perdas de solo em região de caatinga, descrevendo o papel da vegetação, bem como a vulnerabilidade natural do solo ao processo de erosão da região semi-árida do Nordeste do Brasil, frente aos paradigmas da desertificação, as necessidades de uso do solo e o modelo de exploração pedológica.
METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado em gabinete e campo, abordando de forma quantitativa e qualitativa a radiação de ondas longas na superfície e a perda de solo, pelos modelos A e B descritos a seguir: A) Radiação de Ondas Longas: a estimativa da radiação de ondas longas na superfície, segundo Tubelis e Nascimento (1980), é dada por: Rol = 1440 sgmaTs4 (0,09 e0,5 – 0,56)*(0,1 + 0,9 n/N) onde, a e b são as constantes de Angstrom, “e” a pressão do vapor em região de caatinga.
n/N é a razão da insolação. B) a Equação Universal de Perda de Solo – EUPS. Na avaliação da perda de solo foi utilizada a proposta do Departamento de Agricultura dos EUA, aperfeiçoada por Wischmeier e Smith na década de 1950 que constitui a Universal de Perda de Solo (EUPS), dada por: EUPS = RKLSCP Onde: R=>Erosividade da chuva, em ton/mm/ha/h/ano; K=>Erodibilidade do solo, em ton/ha/ano; L=>Comprimento da encosta, em metros; S=>Declividade da encosta, em percentagem; C=>Índice relativo ao fator uso e manejo do solo (adimensional); P=>Índice relativo à prática conservacionista adotada (adimensional). A integração e espacialização dos dados foram executadas utilizando técnicas de geoprocessamento contidas no software de SPRING (Sistema de Informações Geográficas).
RESULTADOS:
Os valores observados na Microbacia Riacho Passagem demonstram elevada complexidade no entendimento do processo de desertificação, quando se analisa a radiação de ondas longas e as perdas de solo. Na região semi-árida uma particularidade importante, no que tange ao comportamento da radiação, é o fato de que a caatinga apresenta dois comportamentos ambientais bastante distintos, um período chuvoso, úmido, em que a vegetação está com sua maior biomassa e um seco quando a vegetação tem a menor biomassa. Essa variação na biomassa tem papel importante na emissividade da superfície, que, efetivamente, influência diretamente a emissão da quantidade de radiação de ondas longas. A perda de solo é delineada pelo comportamento natural da vegetação e pela atuação antrópica, que com o declínio do Índice de Área Foliar, o solo (que é raso) fica exposto, há um aumento na amplitude do campo térmico e radiação de ondas longas, com empobrecimento biológico, o que favorece as perdas de solo, condicionantes do processo de desertificação na região semi-árida. Por último nos tipos de solos com maior alteração no balanço de radiação é verificado uma potencialidade de perda de solo superior a 100ton/ha/ano.
CONCLUSÃO:
Os resultados encontrados apontam para a necessidade de um maior aprofundamento no que tange o balanço de massa e energia, na região semi-árida, representados pela perda do solo e alteração na radiação de ondas longas. Desta forma, é fundamental o entendimento de como se processa a perda de solo e as alterações no balanço de radiação, para entender qual a melhor forma de conter o avanço da desertificação. Os modelos utilizados apresentaram-se bastantes consistentes quanto ao fornecimento de resultados, contudo é necessário calibração dos modelos as características ambientais do semi-árido, em particular da Microbacia Riacho Passagem/RN. Assim sendo, para efetivação de um planejamento ambiental eficaz, que realmente cumpra com seus objetivos de promover o desenvolvimento sustentável de uma bacia ou microbacia hidrográfica, faz-se mister o conhecimento científico do seu potencial ambiental, considerando o solo como um corpo dinâmico com um potencial natural a erosão, cuja vulnerabilidade está ligada a organismos vegetais, ao relevo e as condições climáticas.
Palavras-chave: Radiação de ondas longas, Desertificação, Equação Universal de Perda de Solo.