Este trabalho didático-pedagógico buscou promover experiências de integração curricular no Ensino Médio, através de atividades de investigação científica e apresentação dos resultados alcançados por meio de representações plásticas, sob a coordenação das disciplinas Geografia e Artes. Buscou-se assim sedimentar a apreensão dos conceitos geográficos referentes à geologia terrestre em articulação com os princípios e elementos artísticos relacionados, como cores, formas e volumes. O ponto de partida para a elaboração e execução do projeto foi a percepção, pelos professores, da curiosidade e interesse dos alunos pelas temáticas das duas disciplinas, evidenciadas durantes as aulas. Perceberam-se as constantes indagações dos estudantes a respeito do acontecimento recente de fenômenos geográficos no planeta, como terremotos e tsunamis, as dificuldades no entendimento de suas origens, o potencial de abordagem que a arte poderia mobilizar para representá-los, além da oportunidade de possibilitar aos estudantes da escola básica pública a aproximação com as características das investigações científicas, da produção de conhecimentos confiáveis. Os próprios estudantes produziram respostas cientificamente corretas para suas indagações, e escolheram as formas plásticas para representá-las.

O projeto envolveu 307 alunos da primeira série do Ensino Médio da EENSC, divididos em 09 turmas. Inicialmente ocorreram debates entre os estudantes e professores acerca dos recentes fenômenos geológicos ocorridos no planeta, um deles acontecido inclusive na própria cidade onde todos moram – os tremores de terra, relativamente comuns em Betim. Na fase de debates, os alunos elaboraram vários questionamentos e foram orientados a buscar respostas cientificamente corretas para os mesmos, por meio da pesquisa em várias fontes. Em seguida os discentes tiveram a tarefa de representar plástica e visualmente os seus resultados de pesquisa, utilizando assim elementos artísticos. Por fim, os grupos de alunos organizaram uma exposição dos seus trabalhos para as demais turmas da escola e demais membros da comunidade escolar. Foram utilizadas as salas de aula, a biblioteca, o laboratório e o auditório da escola. Os trabalhos contaram com a colaboração, além dos professores de Geografia e Artes, da bibliotecária e da pedagoga, e fizeram uso de livros e materiais como cartolinas, argila, cola, papéis coloridos, tinta, madeira e lápis de cor. A avaliação dos resultados deu-se por meio de debates entre os alunos e professores envolvidos nas atividades.

As aprendizagens ocorreram pela pesquisa em diferentes fontes bibliográficas, sucedidas por debates entre os alunos e grupos de alunos. Assim, um grupo aprendia com o outro. Esses movimentos foram acompanhados pelos professores. Os procedimentos adotados para a avaliação do processo e dos resultados e avanços obtidos ao longo da experiência foram o diálogo com os alunos, a observação de suas atividades e a análise dos materiais produzidos, além das respostas escritas pelos estudantes e o próprio envolvimento no processo. Os estudantes demonstraram atitudes investigativas, essenciais e próprias ao trabalho científico.  A maioria dos alunos apreendeu satisfatoriamente os conceitos investigados e conseguiu representá-los no formato que eles mesmos  consideraram mais adequados para evidenciá-los (maquetes, cartazes e  fichas de “pergunta-resposta”).

Pôde-se perceber que, durante as atividades propostas no projeto, o envolvimento da maioria dos alunos foi maior do que nas atividades mais comuns desenvolvidas nas disciplinas Geografia e Artes, inclusive de alguns alunos comumente pouco motivados e interessados no fazer escolar. Alguns estudantes apresentaram dificuldades em encontrar respostas para os próprios questionamentos, o que os levou a buscar novas fontes e aprofundar suas pesquisas, a partir dos esclarecimentos dos professores orientadores de que tais fatos são próprios do caráter investigativo e científico. Ao final dos trabalhos, evidenciaram-se, além dos próprios resultados e aprendizagens desenvolvidos, as possibilidades de ampliação e aperfeiçoamento das atividades. Desenvolveram-se, com recurso às possibilidades da integração curricular, novos conhecimentos acerca da geologia terrestre, dos instrumentais artísticos e do caráter científico do conhecimento.