61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 4. Taxonomia
UMA NOVA ESPÉCIE DE Hemiodus Müller, 1842 (CHARACIFORMES: HEMIODONTIDAE) DO RIO AMANA, DRENAGEM DO RIO MAUÉS-AÇÚ, AM/PA, BRASIL
Hélio Daniel Beltrão dos Anjos 1
Jansen Zuanon 2
1. MSc. Prof. Universidade do Estado do Amazonas - UEA
2. Dr. Orientador, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
INTRODUÇÃO:
O gênero Hemiodus Müller, 1842, inclui peixes de pequeno a médio porte, de 7 a 30 cm de comprimento padrão, ocorrentes nas bacias do Amazonas, Orinoco, Tocantins-Araguaia, Essequibo, Paraná-Paraguai e Parnaíba (Langeani, 2003). A mais recente revisão taxonômica para o gênero foi apresentada por Langeani (1996), havendo publicações posteriores que se referem à descrição de duas novas espécies, Hemiodus tocantinensis (Langeani, 1999) e H. jatuarana (Langeani, 2004).  As espécies desse gênero exibem grande variação com relação ao padrão de colorido. Muitas espécies apresentam uma mancha arredondada no flanco e uma faixa ao longo do lobo inferior da nadadeira caudal. Langeani (1996), dividiu o gênero em dois grupos artificiais: a) espécies com mais de 80 escamas perfuradas na linha lateral, e, b) espécies com menos de 80 escamas na linha lateral. Atualmente são reconhecidas 19 espécies e cinco novas, estão sendo descritas para as bacias do Amazonas e São Francisco (Langeani, 2003; 2004). Uma nova espécie de Hemiodus é apresentada com base em espécimes coletados no rio Amana, drenagem do rio Maués-Açú, limite entre os estados do Amazonas e Pará, Brasil.
METODOLOGIA:

A nova espécie é descrita com base em dados morfométricos, merísticos e de coloração de 18 exemplares, depositados na Coleção de Peixes do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) com número de tombamento: INPA 31564 (n=1); INPA 31562 (n=12) e INPA 31563 (n=6). Todas as medidas morfométricas foram feitas com uso de um paquímetro digital e expressas em relação à proporção do comprimento padrão e comprimento da cabeça. Contagens merísticas levaram em consideração a seguinte classificação: contagem de escamas da linha lateral, escamas da linha transversal superior e inferior, escamas circumpedunculares, escamas pós-dorsais. Além disso, foram contados os raios das nadadeiras, rastros do primeiro arco branquial, dentes da mandíbula superior e raios branquiostegais. Sempre que possível as medidas e contagens foram realizadas do lado esquerdo dos exemplares, seguindo Langeani (1999).

RESULTADOS:

O novo táxon pode ser distinguido de seus congêneres por possuir corpo muito elevado, o mais alto entre as espécies do gênero, contido em média 3,1 vezes no comprimento padrão (vs. 3,4 a 5,3 nas demais espécies); distância focinho-nadadeira pélvica maior ou igual à distância entre a origem da nadadeira dorsal e a base da cauda (vs. menor nas demais espécies). A nova espécie apresenta uma mancha lateral escura muito grande, maior ou igual ao diâmetro do olho (vs mancha menor que o diâmetro do olho em todas as outras espécies, com exceção de H. microlepis). Hemiodus sp. n. não apresenta faixa longitudinal evidente ou listras transversais de melanismo, o que permite diferenciá-lo da maior parte das outras espécies. Diferencia-se ainda de espécies semelhantes pelo menor número de escamas perfuradas na linha lateral (68-74 vs. 94-123 em H. argenteus, 124-148 em H. microlepis, 86-99 em H. orthonops e 77-92 H. parnaguae). Finalmente, separa-se de H. unimaculatus (que apresenta sobreposição no número de escamas na linha lateral) por possuir um maior número de escamas na linha transversal inferior (9-10), sendo estas de tamanho similar ao da região transversal superior (vs. 4-7 escamas na linha transversal inferior, e de tamanho maior do que na região superior em H. unimaculatus).

CONCLUSÃO:

O novo táxon encaixa-se entre as espécies que possuem menos de 80 escamas perfuradas na linha lateral, onde estão incluídas 15 espécies válidas. Além das características do número de escamas na linha lateral, o novo táxon também possui o corpo muito alto e a mácula lateral grande, o que permite diferenciá-la da maior parte das espécies semelhantes. Contudo, as relações filogenéticas do novo táxon dentro da família ainda não foram estabelecidas.

Instituição de Fomento: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ICMBio; STCP Engenharia de Projetos Ltda.
Palavras-chave: peixe, Nova espécie, Amazônia.