61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 10. Odontologia
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE IDOSOS PORTADORES DE PRÓTESES REMOVÍVEIS EM RELAÇÃO À MANUTENÇÃO E HIGIENIZAÇÃO
Deise Osmari 1
Sara Fraga 1
Ana Maria Antonelli da Veiga 2
Beatriz Unfer 1, 3
Roberta Ende Bicca 2
Katia Olmedo Braun 1, 4
1. Curso de Odontologia, Universidade Federal de Santa Maria/UFSM
2. Cirurgiã-dentista
3. Profª. Drª./Departamento de Estomatologia
4. . Profª.Drª./Orientadora/Departamento de Odontologia Restauradora, Tutora do PET
INTRODUÇÃO:

Segundo a Organização Mundial da Saúde (2002), a proporção de pessoas com idade acima dos 60 anos está crescendo mais rapidamente do que qualquer outro grupo etário. No Brasil, esse fato pode ser observado em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2000), o qual estima que até o ano de 2025, o Brasil será o sexto país do mundo com maior número de pessoas idosas. Esse quadro desperta a necessidade de um planejamento odontológico para atender essa população. Para tanto, a Odontologia deve estar capacitada para contribuir na prevenção global dos problemas do idoso, com destaque para a importância da boa alimentação, no que se refere à correção e orientação, para transformar uma possível dieta cariogênica (comum na terceira idade) em outra saudável; bem como ensinar a higienização oral eficiente, com redução do acúmulo de placa e controle da doença periodontal. Estudos afirmaram que o idoso não tem habilidade suficiente para manter uma boa higiene oral e, ainda, que este é o fator-chave para o sucesso ou a falha do tratamento protético. Salientam, também, que esse paciente não tem, durante toda a sua vida, informações preventivas detalhadas, especialmente, se possui próteses totais há muitos anos. Diante disso, despertou-se o interesse pelo conhecimento da realidade da saúde oral de idosos residentes no bairro Urlândia, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, a respeito dos seus cuidados com a higienização e manutenção de suas próteses removíveis.

METODOLOGIA:

A pesquisa foi realizada na cidade de Santa Maria/RS, com população de estudo de 850 idosos, assistidos pelo Programa de Saúde da Família do Bairro Urlândia, perfazendo uma amostra representativa de 243 indivíduos. Esse número foi calculado a partir da fórmula para populações finitas de Barbetta (2001). Como o PSF se relaciona com 8 agentes comunitários de saúde, foi calculado o percentual de idosos correspondente a cada microregião, tendo como base o valor da amostra. Todos os participantes analisados eram portadores de próteses removíveis (totais e/ou parciais), com idade mínima de sessenta (60) anos. Na pesquisa, foram excluídos idosos que estivessem recebendo atendimento e orientações no projeto de extensão Atenção Básica em Saúde Bucal para Idosos Participantes do NIEATI, o qual é desenvolvido no curso de Odontologia da UFSM. Os pesquisadores eram acompanhados pelos agentes de saúde até a residência dos idosos, onde aplicava-se um questionário com perguntas objetivas, referentes ao seu comportamento com relação aos cuidados com a prótese. Na abordagem, os entrevistados eram esclarecidos sobre o propósito do trabalho e a dinâmica da entrevista e, em seguida, convidados a assinar um termo de consentimento, declarando que estavam cientes da pesquisa e que concordavam em responder às perguntas, conforme Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Após isso, os idosos recebiam orientações quanto aos cuidados necessários para a higiene e manutenção de suas próteses.

RESULTADOS:

Os dados analisados mostraram que mais de 50% dos entrevistados encontravam-se na faixa etária de 60 a 69 anos, prevalecendo indivíduos do sexo feminino. Quanto ao uso de prótese, a maioria combinava prótese total superior com prótese total inferior e mais de 26% usavam somente a prótese total superior, sendo que cerca de 70% possuíam a prótese com mais de 10 anos de vida útil. Do total de próteses, 56,3% foram confeccionadas pelo cirurgião-dentista e 43,7% foram confeccionadas diretamente com o protético. A maioria dos entrevistados não vai mais ao dentista e 40% deles só procura o consultório odontológico em caso de queixa. Mais da metade da amostra não recebeu orientação quanto aos cuidados de higiene e manutenção das próteses, sendo o cirurgião-dentista o principal orientador nos casos de recebimento de instruções. Apenas um indivíduo afirmou não utilizar escova dental para limpeza da prótese, enquanto cerca de 90% dos idosos associam escova com pasta dental e a maioria realiza escovação 3 vezes ao dia. Apenas 17,3% utilizam produtos de imersão para complementar a higienização, sendo o hipoclorito e o Corega® os produtos mais citados. Dos entrevistados, somente 27,2% removem a prótese para dormir, tendo a maioria desses, o hábito de guardá-la em um copo com água.  Observou-se a baixa escolaridade da população estudada, em que a maioria dos indivíduos apresenta ensino fundamental incompleto.

CONCLUSÃO:

Avaliando os resultados desta pesquisa, percebe-se que a população de idosos não foi devidamente esclarecida a respeito da necessidade e importância da higienização e manutenção das próteses. A carência de orientação desses procedimentos, possivelmente, acarreta aumento da incidência de lesões de cárie, de prejuízo ao periodonto e da prevalência de lesões nos tecidos moles, relacionadas às próteses removíveis, comprometendo a saúde desses indivíduos. Assim, esses resultados sugerem que existem falhas na formação acadêmica de cirurgiões-dentistas, as quais deveriam ser sanadas, dando maior ênfase no processo de educação para a saúde. Também refletem que uma grande parte desta população procura atendimento de técnicos em prótese dental, os quais não têm capacitação para tal procedimento, gerando tratamentos com muitas deficiências na promoção e manutenção de saúde oral.

Palavras-chave: Odontologia, Prótese Dentária, Idoso .