A Amazônia apresenta uma rica biodiversidade de fungos, principalmente por possuir um clima quente e úmido em que muitos destes conseguem se desenvolver, dentre eles Daldinia, um fungo não muito estudado na região, o qual pertence à Família Xylariaceaea, Filo Ascomycota. Este fungo é encontrado sobre substratos lignocelulósicos e caracteriza-se por formar estromas grandes de 3 a 5 cm de diâmetro, negros, hemisféricos e redondos que, internamente, apresentam zonas concêntricas. Além disso, pode apresentar reprodução assexuada por conídios (fase anamórfica) e sexuada por ascosporos (fase teleomórfica). Devido às diferenças nos caracteres morfológicos que as espécies de Daldinia apresentam e à fundamental importância da temperatura no desenvolvimento do fungo, assim como em sua produção de enzimas e metabólitos, neste trabalho buscou-se determinar as características morfológicas de Daldinia eschscholzii (Ehrenb.) Rehm e avaliar seu crescimento micelial em diferentes temperaturas.

A coleta dos estromas foi realizada no município de Manaus-AM, sendo uma parte do material desidratada e depositada no Herbário do INPA e a outra parte utilizada para isolamento micelial do fungo. A identificação foi realizada utilizando-se métodos tradicionais em micologia através do estudo de características macro e micromorfológicas. Para conhecer a temperatura ótima de crescimento micelial, considerou-se o diâmetro e a massa da colônia em meio sólido e a massa da colônia em meio líquido nas temperaturas de 20, 25, 30, 35 e 40 ºC. Para a avaliação em meio sólido, um disco (10 mm de diâm.) de meio Batata Dextrose Ágar (BDA), com micélio de D. eschscholzii foi transferido para placas de Petri (9 cm de diâm.) contendo meio de cultura Extrato de Malte e Peptona Ágar (EMPA). Em seguida o meio foi derretido em microondas e o micélio separado do meio de cultura por filtração, para determinação da massa micelial seca. Em meio líquido, foram inoculados cinco discos de meio BDA com micélio de D. eschscholzii, para frascos de Erlenmeyer de 250 mL contendo 100 mL de meio Extrato de Malte e Peptona (EMP). Em seguida, foram incubados durante 15 dias nas mesmas temperaturas do experimento anterior. Para obtenção da massa micelial seca, seguiu-se a mesma metodologia descrita acima.

O fungo foi identificado como D. eschscholzii. Esta espécie foi relatada apenas uma vez no Estado do Amazonas no Município de Manicoré, em 1985. Este é o primeiro relato de coleta no Município de Manaus. A temperatura de incubação para o isolado de D. eschscholzii indicada para produção de biomassa em meio sólido e líquido é 25 e 30 ºC, respectivamente.