61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 12. Psicologia
O PRIMEIRO DUALISMO PULSIONAL EM FREUD: CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES.
Géssica Cibele Czuy 1
Hélio Honda 1, 2
1. Universidade Estadual de Maringá
2. Orientador
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho consiste em um estudo acerca da trajetória de Freud no que concerne a teoria das pulsões, até a conjectura do primeiro dualismo pulsional de 1915, entre pulsões de autoconservação e pulsões sexuais. Pulsão [Trieb] é um conceito chave da teoria freudiana, visto que, simultaneamente, demarcou o terreno de investigação psicanalítica – o da realidade psíquica - e caracterizou os fenômenos que nesta têm lugar. É notório, porém, que a definição deste conceito chave, pulsão, só foi apresentada por Freud em 1915, época da publicação dos textos que expressam o aspecto mais abstrato da trama teórica até então traçada para explicar os fenômenos mentais. È sabido que a emergência desse dualismo é apresentada como um longo trabalho de construção conceitual elaborado por Freud, desde os textos pré-psicanalíticos (1895) até seus textos de maturidade (1915), ou seja, da intuição até a elaboração do conceito, Freud desenvolveu um trabalho semelhante à de um oleiro, lapidando e refinando a noção de pulsão. Desta forma, buscamos primeiramente esclarecer os problemas de tradução do termo Trieb, explicando a utilização, por nós, do termo Pulsão. Posteriormente, tracejamos o caminho seguido por Freud para a elaboração da noção de pulsão, desde os escritos pré-psicanalíticos, como o Projeto de uma psicologia (1895), passando pelos Três Ensaios para uma Teoria Sexual (1905), até alcançar uma definição do conceito e propor a hipótese do primeiro dualismo pulsional, em 1915, no texto intitulado Pulsões e destinos da pulsão.
METODOLOGIA:
A pesquisa é de caráter bibliográfico. Destarte, para a sua execução fez-se o uso da metodologia de praxe em pesquisa desse gênero, como o levantamento bibliográfico, leitura, fichamento e redação de textos. De acordo com o que foi assinalado na introdução, o estudo da constituição da teoria das pulsões em Freud, pelo menos do primeiro dualismo pulsional, foi feito através da análise de diferentes textos do período em estudo, coligados como relacionados ao tema. Entretanto, essa análise é centrada nos diversos suplementos feitos por Freud no texto “Três ensaios de teoria sexual”.
RESULTADOS:
O termo pulsão é um dos principais conceitos da metapsicologia freudiana. No entanto, muitas são ainda as controvérsias existentes em torno desse conceito, sobretudo, em nosso país, pois a tradução do termo original Trieb para o português, proposta pela Editora Imago traduziu Freud não do original alemão, mas da versão inglesa de Strachey, e verteu instinct, termo adotado em inglês, por instinto. As análises dos textos de Freud, feitas até o momento, indicam que o termo mais adequado para traduzir a palavra alemã Trieb é pulsão, o qual é um conceito central na pesquisa por se tratar de um conceito inovador, mediante o qual Freud rompe com a visão instintivista da sexualidade, dominante no século XIX. O termo pulsão apresenta, apesar disso, uma proximidade com o termo instinto, já que descreve também um processo dinâmico que impele o organismo vivo a um objetivo. Freud (1905) mostra numa fórmula breve, a sexualidade humana como expressão da pulsão sexual, que emerge, inicialmente, “apoiando-se” nas pulsões de autoconservação, tornando-se a seguir auto-erótica e, por fim, genital. Tal seria a gênese do dualismo pulsional entre pulsões de autoconservação e pulsões sexuais, na qual se assenta a noção central presente nas explicações das neuroses, o conflito psíquico.
CONCLUSÃO:
Pode-se concluir que, apesar de ocorrerem divergências quanto à tradução do termo Trieb, parece-nos que o termo mais adequado a ser utilizado é pulsão. Pode-se dizer, ainda, que este é um dos principais conceitos da obra freudiana, não apenas por inovar e romper com a visão de sexualidade, instintiva, dominante no século XIX, mas, sobretudo, por constituir-se, como o próprio autor o considerava, um conceito fundamental da psicanálise. Freud considera a sexualidade anterior ao primado da genitalidade, na puerícia, como apresentando-se inicialmente “apoiada” nas pulsões de autoconservação, tornando-se posteriormente auto-erótica e por fim genital. A descoberta e defesa freudianas de um dualismo pulsional regendo nossa vida psíquica é correlativa do papel central da noção de conflito psíquico, subjacente às neuroses.
Instituição de Fomento: PIBIC/CNPq/UEM
Palavras-chave: Metapsicologia, Pulsão, Dualismo pulsional.