61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 3. Química Analítica
RECONHECIMENTO DE PADRÃO DE CERÂMICA INDIGENAS ARQUEOLÓGICAS USANDO AS TÉCNICAS ESTATÍSTICAS DOS COMPONENTES PRINCIPAIS (PCA) E ANÁLISES DE CLUSTER (HCA)
Alfredo Gomes de Sousa Neto 1
Genilson Pereira Santana 1
1. Departamento de Química - Universidade Federal do Amazonas - UFAM
INTRODUÇÃO:

Na Amazônia existem vastas áreas afetadas pela ação do homem pré-histórico, destacando a Terra Preta de Índio ou Terra Preta Arqueológica (TPA). Esses solos foram usados pelos povos antigos da Amazônia, fato que modificou a sua coloração natural para escura. É comum encontrar neles restos de fragmentos cerâmicos arqueológicos e elevadas concentrações de nutrientes, principalmente potássio e fósforo. Esses fragmentos arqueológicos são divididos pela antropologia em método de produção inciso e policrômico. Neste trabalho, a quimiometria foi utilizada para diferenciar e agrupar fragmentos cerâmicos encontrados em sete sítios arqueológicos da Amazônia.

METODOLOGIA:

As amostras de fragmentos cerâmicos foram coletadas nas regiões de Iranduba, Manaus, Itacoatiara, Presidente Figueiredo, Parintins e Santarém e submetidas a uma pré-classificação em função de atributos como impressões em sua superfície, cor e forma, que serviram de subsidio para sua discriminação. Foram selecionados 38 fragmentos de cerâmica, previamente lavados com água corrente, secos à temperatura ambiente e, posteriormente, separados conforme sua coloração. A seguir uma pequena quantidade de cada fragmento foi separada por raspagem manual com auxilio de uma pinça metálica. Cerca de 0,1000 g de cada fragmento raspado foi digerido com a mistura de HNO3:HF (1:2) em bloco digestor a 100 ± 5 ºC. Sendo determinadas as concentrações de Ni, Na, K, Cr, Cu, Zn, P por fotometria de chama, absorção atômica e UV-VIS e as peças discriminadas segundo a análise hierárquica (HCA) e componentes principais (PCA). Os métodos de classificação foram inicialmente utilizados com a finalidade de se testar diferentes hipóteses: uma possível pré-classificação arqueológica por meio do estudo morfológico dos fragmentos cerâmicos e a classificação puramente estatística aplicada à composição química.

RESULTADOS:

Os resultados de PCA cujos autovalores são > 1 revelam a redução dos dados para somente três componentes principais: PC1 (42,9%), PC2 (16,0%) e PC3(14,8%), explicando 73,8% dos dados obtidos. A PC1 é formada por Cu (-0,80), Zn (-0,79) e K (-0,82); PC2 formado por Cr (0,82) e PC3 formado por Na (-0,79). A matriz de correlação de Pearson, revelou correlações fortes entre Cu-K, Cu-P, K-Zn, Zn-P e K-P. O PC loading e o dendrograma referentes aos dados dos 162 fragmentos cerâmicos permite dividir esses artefatos arqueológicos em quatro grupos: A, B, C e D. Os grupos formados pela HCA não obedecem a classificação normalmente usada pela antropologia. Dessa forma, os grupos indígenas antigos da Amazônia aparentemente não relacionavam a matéria-prima com a manufatura da cerâmica. Por outro lado, os agrupamentos hierárquicos mostram que os fragmentos arqueológicos são agrupados segundo o local de amostragem. Os fragmentos das regiões de Manaus, Itacoatiara e Iranduba foram agrupados no mesmo grupo; ou seja, os grupos indígenas dessas regiões utilizavam o mesmo material para a sua manufatura de suas cerâmcias.

CONCLUSÃO:

Apesar de terem classificação arqueológicas diferentes, neste trabalho os resultados mostraram que a composição química dos fragmentos arqueológicos de Manaus, Itacoatiara e Iranduba são similares. Dentre os elementos analisados, Cu, Zn, K, Cr e Na são aqueles com maior importância na composição química.

Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: metais, absorção atômica, sítios arqueológicos.