61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade
USO DE DIFERENTES ATRATIVOS ALIMENTARES PARA CAPTURA DE POSSÍVEIS PRAGAS DA CULTURA DE CAMU-CAMU (Myrciaria Dubia)(H.B.K.) MCVAUGH, MYRTACEAE) EM ÁREA EXPERIMENTAL NO MUNICÍPIO DE MANAUS, AM.
Andrey Luis Bruyns de Sousa 1
Kaoru Yuyama 2
Elisiana Pereira de Oliveira 3
Esmeraldina da Gama Bomfim 4
1. INPA/CPCA, Bolsista PCI CNPq, Efigênio Sales 2239, CEP 69060-020 Manaus, AM
2. INPA/CPCA, Pesquisador/Orientador, Efigênio Sales 2239, CEP 69060-020 Manaus, AM
3. INPA/Ecologia, Pesquisador, Efigênio Sales 2239, CEP 69060-020 Manaus, AM
4. INPA/Ecologia, Bolsista PIBIC FAPEAM, Efigênio Sales 2239, CEP: 69060-020 Manaus
INTRODUÇÃO:

           Na região Amazônica existe uma enorme biodiversidade de espécies vegetais que possuem grande potencial de exploração. Dentre essas espécies, o camu-camu é muito apreciado, podendo ser consumido na forma de sucos ou geléias. É uma fruta originária da várzea amazônica e tem despertado interesse na indústria alimentícia pelo enorme potencial nutricional.

Em seu meio natural é raramente atacado por pragas e doenças, uma vez que o mesmo se encontra adaptado às regiões de várzea amazônica. Porém, quando cultivado, a pressão de pragas e doenças tende, em geral, a ser aumentada, e pragas secundárias que não ocasionariam danos em ambiente natural passam a provocar danos econômicos. Várias pragas registradas são consideradas específicas para o camu-camu, e não são encontradas em outras Mirtáceas cultivadas, exemplificando-se a Tuthillia cognata (Hemiptera: Homoptera, Psyllidae) e outras pragas que atacam o camu-camu são polífagas, encontradas em várias famílias de vegetais.

Aparentemente o camu-camu está adaptado ao cultivo em área de terra firme. E, em função da detecção de alguns danos aos frutos é fundamental o conhecimento dos insetos associados à esta espécie vegetal, podendo tornar-se pragas em algum momento de suas vidas.  Dessa forma este estudo tem como objetivo avaliar o uso de três atrativos alimentares para a captura de insetos, possíveis pragas do camu-camu.

METODOLOGIA:

           O estudo foi desenvolvido na Estação Experimental de Hortaliças (EEH) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), localizada no Km 14 da rodovia AM 010, em Manaus, Amazonas.

Nesta área existem duas parcelas I e II, com plantios experimentais de camu-camu, distanciadas entre si cerca de 50 m e com 141 e 157 plantas respectivamente, em espaçamento de 5 x 2 m, em pleno céu aberto. Os plantios são constituídos por plantas bastante heterogêneas quanto ao porte e originárias de várias localidades, expressando grande variabilidade genética.

Para o estudo com os atrativos alimentares foram utilizadas armadilhas caseiras do tipo garrafa PET, em delineamento inteiramente ao acaso com cinco repetições, em uma única avaliação, em 03/02/2009, em plena frutificação do camu-camu. Como atrativos alimentares foram utilizados: banana, abacaxi, e Bio Anatrepha®. A banana e o abacaxi foram macerados e o Bio Anatrepha® diluído a 5%. As armadilhas foram colocadas no terço médio das árvores e retiradas cinco dias após a instalação das mesmas. Os insetos foram triados e identificados ao nível de ordem e, posteriormente acondicionados em vidros contendo álcool a 70%.

 

RESULTADOS:

           Foi obtido um total de 1261 insetos distribuídos em oito ordens. Algumas aparecem com poucos indivíduos, não incluídas aqui.

Na parcela I com o atrativo de abacaxi foram coletados 212 insetos destacando-se: Drosophilidae com 42 indivíduos; Muscidae: 41; Formicidae com 40; Nitidulidae: 24; Diptera imaturo: 65. Na parcela II com o mesmo atrativo foi coletado um total de 191 indivíduos distribuídos nas seguintes famílias: Drosophilidae: 22; Muscidae: 18; Formicidae 20; Nitidulidae: 14; Diptera imaturo com 117.

Parcela I com armadilha contendo banana como atrativo foi encontrado um total de 280 insetos distribuídos nas seguintes famílias em ordem de dominância: Nitidulidae com 115; Forrmicidae 79; Vespidae 39; Muscidae 34 e Apidae com 12. Na parcela II foram encontrados 247 insetos: Nitidulidae 174 indivíduos; Formicidae 9; Vespidae com 22; Muscidae com 35 e Apidae com 7 indivíduos.

No terceiro tratamento, usando o Bio Anatrepha®, foram capturados 193 insetos na parcela I, sobressaindo-se: Formicidae com 139; outros Hymenoptera com 37 e Muscidae com 17 indivíduos. Enquanto na parcela II com o mesmo atrativo foi coletado um total de 138 indivíduos destacando-se Formicidae com 45; outros Hymenoptera com 30 e Muscidae com 9 indivíduos. 

CONCLUSÃO:

           Através deste trabalho pode-se conhecer mais sobre os insetos visitantes e/ou possíveis pragas do camu-camu em área experimental de terra firme. Os resultados mostram uma elevada diversidade de insetos nas duas parcelas. Os imaturos de Diptera foram exclusivos do atrativo de abacaxi que eclodiram entre os cinco dias de exposição do atrativo. Neste estudo o atrativo de macerado de banana foi considerado o mais eficiente na captura de insetos quando comparados com os outros dois atrativos, sobressaindo-se em elevada densidade de indivíduos.

Dentre as oito ordens de insetos registradas neste estudo, três podem ser fortes promissoras pragas do camu-camu destacando-se Drosophilidae, cujas larvas se alimentam de frutos em decomposição, porém os adultos podem ovopositar em frutos maduros. Lepidoptera encontrada em baixa densidade, mas suas larvas podem causar danos às folhas. Nitidulidae foi encontrado em elevada densidade nas duas parcelas em frutos maduros que apresentavam rachadura. A presença de Formicidae nas parcelas poderia estar controlando a população de algum destes insetos, por tratar-se de um predador.

Na armadilha com Bio Anatrepha®, foi encontrado apenas um espécime de Anastrepha sp, o que pode caracterizar uma baixa representatividade do mesmo na área do plantio. E pela sua especificidade este atrativo foi o que menos capturou os insetos.

Instituição de Fomento: CNPq/INPA Programa de Capacitação Institucional – PCI
Palavras-chave: iscas alimentares, insetos visitantes, área experimental.