61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
ESTADO TRÓFICO DA REGIÃO LIMNÉTICA DOS LAGOS ARARA E GUEDES, AMAZÔNIA CENTRAL, COM RELAÇÃO ÀS CONCENTRAÇÕES DE NITROGÊNIO E FÓSFORO TOTAL.
Janaina Gomes de Brito 1
Luiz Fernando Alves 1
Ana Karolina Freitas de Sousa 1
1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
INTRODUÇÃO:

O estado trófico é definido como sendo a taxa relativa do fluxo de carbono dentro das teias alimentares. A nossa habilidade para entender e gerenciar ecossistemas aquáticos requer a caracterização de como esse carbono entra na teia alimentar e é ciclado. Assim, a caracterização do estado trófico é o primeiro passo na descrição da estrutura e funcionamento de um ecossistema aquático (Dodds e Coles, 2007). Na Amazônia Central, é possível que o estado trófico dos lagos seja influenciado pelas acentuadas variações de volume, profundidade e área a que estes sistemas são submetidos, devido ao pulso de inundação monomodal dos grandes rios (Junk et al., 1989). Dessa forma, o objetivo desse estudo foi classificar, quanto ao estado trófico, dois lagos da Amazônia Central nas diferentes fases do ciclo hidrológico.

METODOLOGIA:

Os lagos Arara e Guedes foram os objetos desse estudo. O Primeiro é um lago de água branca localizado na várzea do rio Solimões (03º26'40.03"S, 61º20'41.49"W) enquanto que o segundo é um lago de águas pretas localizado na bacia de drenagem do rio Negro (03º07'37.60"S, 60º10'38.70"W). As coletas foram realizadas trimestralmente no ano de 2007, seguindo as quatro fases do ciclo hidrológico (enchente, cheia, vazante e seca). As amostras de água foram coletadas na região subsuperficial de um único ponto de coleta do lago. A classificação de estado trófico foi feita de acordo com Vollenweider e Kerekes (1980), utilizando as concentrações de nitrogênio (NT) e fósforo total (PT) como índices de estado trófico. As concentrações de NT e PT foram determinadas segundo Valderrama (1981). Os resultados são apresentados na forma de concentração de NT (μg/L), seguido da concentração PT (μg/L) e da razão entre NT e PT (NT; PT; NT/PT).

RESULTADOS:

As amostras de água do lago Arara apresentaram as seguintes concentrações de NT, PT e NT/PT: enchente (492,5; 102,8; 4,8), cheia (420,6; 37,8; 11,1), vazante (478,3; 146,8; 3,3) e seca (1000,1; 49,5; 20,2). Com base nas concentrações de PT, o lago Arara pode ser classificado como hipereutrófico na enchente e vazante, períodos em que a produtividade primária provavelmente é limitada por Nitrogênio (N), e eutrófico na cheia e seca, limitação por fósforo (P). Com relação ao NT o lago é, de modo geral, oligotrófico, exceto na seca, quando passa a ter o caráter mesotrófico.  No lago Guedes, as amostras de água apresentaram as seguintes concentrações de NT, PT e NT/PT: enchente (358,3; 35,7; 10), cheia (446,3; 12,3; 36,3), vazante (368,6; 23,3; 15,8) e seca (364,7; 30,8; 11,8). Com relação ao NT, o lago Guedes é oligotrófico durante todo o ano, Já para as concentrações de PT ele passa de mesotrófico na cheia e vazante para levemente eutrófico na seca e enchente. Segundo a classificação de Sales e Martino (1990), para lagos tropicais, o lago Guedes se enquadra no perfil de mesotrófico. Neste lago, a produtividade primária parece ser limitada pelo P durante todo o ano, exceto, na enchente, quando a razão NT/PT sugere um limiar entre as condições adequadas para o desenvolvimento das comunidades fitoplantônicas e a limitação por P.

CONCLUSÃO:

Os estados tróficos dos lagos Arara e Guedes, tendo em vista as concentrações de PT, evidenciam dois ecossistemas com processos metabólicos muito diferentes. De um lado, o lago Arara com tendências a eutrofização provavelmente devido ao processo de fertilização periódico de suas águas pelas águas ricas em nutrientes do rio Solimões, e do outro lado, o lago Guedes com tendências mesotróficas, que devem estar relacionadas com o aporte de águas relativamente pobres em nutriente do rio Negro e igarapés tributários. Com relação às baixas concentrações de NT, estas parecem ganhar mais importância no lago Arara, onde, provavelmente, limitam a atividade fotossintética em algumas fases do ciclo hidrológico. No que se refere às variações do estado trófico ao longo do ano, a influência do pulso de inundação pode ser uma variável importante. Entre os dois índices de estado trófico analisados, o PT parece melhor refletir as condições tróficas dos ecossistemas estudados.

Instituição de Fomento: PETROBRAS, INPA
Palavras-chave: Lagos amazônicos, condições tróficas, águas brancas e pretas.