61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 5. Micologia
CURVA DE CRESCIMENTO DE Lentinus strigellus EM DIFERENTES TEMPERATURAS DE INCUBAÇÃO
Janaina da Costa Nogueira 1
Kamila Tomoko Yuyama 1
Ruby Isla-Vargas 2
Noemia Kazue Ishikawa 3
1. Universidade Federal do Amazonas
2. Curso de Pós-Graduação Botânica - INPA
3. Coordenação de Pesquisas em Tecnologia de Alimentos - INPA
INTRODUÇÃO:

Estudos sobre perfil fisiológico de basidiomicetos relativo ao efeito da temperatura determinam três grupos baseados na temperatura mínima, máxima e ótima: (1) grupo de temperatura baixa, com crescimento entre 25-30 ºC, sem crescimento acima de 37 ºC; (2) grupo intermediário, com temperatura ótima entre 30-37 ºC, sem crescimento em 45 ºC; e (3) grupo de temperatura alta, com crescimento entre 37-40 ºC e sem crescimento a 55 ºC. Lentinus strigellus Berk. um fungo comestível de ocorrência nas regiões tropicais, encontrada em substratos lignocelulósicos em áreas abertas e semi-abertas. Em experimento anterior, o isolado de L. strigellus, coletado em Manaus, apresentou crescimento micelial entre 25 a 45 ºC e temperatura ótima de crescimento a 35 ºC, assim este isolado foi classificado como fungo do grupo de temperatura alta, ou seja, termófilo. Entretanto, essa característica foi determinada através dos resultados obtidos apenas no sexto dia de incubação em meio sólido. Uma vez que, usar um único ponto de comparação pode resultar em conclusões diferentes dependendo do dia escolhido, análises em períodos maiores de incubação são importantes. Assim o objetivo desse trabalho foi avaliar o crescimento micelial de L. strigellus no período de trinta dias, em três temperaturas de incubação.

METODOLOGIA:

O crescimento micelial do isolado de L. strigellus CCA-01 foi avaliado nas seguintes temperaturas de incubação 25, 35 e 45 ºC, em meio de cultura Extrato de Malte e Peptona (EMP), sem agitação e na ausência de luz. Para tanto, cinco discos (10 mm de diâm.) de meio de cultura com micélio foram transferidos para 54 frascos Erlenmeyer de 250 mL contendo 100 mL de meio cada, estes foram mantidos nas condições acima citados. Em intervalos de cinco dias, no período de 30 dias, três frascos foram retirados de cada tratamento. A biomassa fúngica foi separada do meio de cultura por filtração. A massa micelial seca foi obtida por desidratação da colônia em estufa de circulação de ar inicialmente a 65 ºC seguida por 105 ºC, até obter peso constante. O volume do filtrado foi medido com o auxílio de uma proveta.

RESULTADOS:

No período de 30 dias, nas condições de incubação utilizada, o crescimento micelial não atingiu a fase estacionária da curva de crescimento microbiano em nenhuma dos tratamentos avaliados. Os resultados da produção de biomassa nas diferentes temperaturas confirmaram a característica termófila do isolado de L. strigellus CCA-01 por apresentar maior massa micelial a 35 ºC e crescimento micelial a 45 °C. Na temperatura de incubação (25 °C) usualmente indicada pelos protocolos de cultivo in vitro de fungos Basidiomiceto, a produção de biomassa foi inferior ao obtido a 35 ºC. As quantidades de filtrado obtido indicaram que houve alta redução de meio de cultura no tratamento a 45 ºC, com decréscimo de aproximadamente 80% do volume inicial, o que pode também ter interferido no crescimento micelial. Este fato se deve a somatória do consumo do meio de cultura pelo fungo e a alta evaporação que transcorre nesta temperatura, sendo este um fator limitante para avaliação em períodos maiores de incubação.

CONCLUSÃO:

Os resultados obtidos confirmam a característica termófila do isolado de L. strigellus coletado em Manaus, por apresentar maior produção de biomassa a 35 ºC em períodos maiores de incubação. É necessário ampliar o tempo de incubação para este isolado atingir a fase estacionária do crescimento micelial, no entanto na avaliação a 45 ºC será necessário aplicar estratégias para contornar a redução do meio de cultura por evaporação.

Instituição de Fomento: FAPEAM,CNPq
Palavras-chave: Basidiomycete, cogumelo da Amazônia, fungo termófilo.