61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
A CÂMERA ESCURA COMO PROPOSTA DE AULA INTERDISCIPLINAR PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NO ENSINO MÉDIO
José Roberto Lima Miranda 1, 2, 3
Josivan Manoel do Nascimento 1
Astrid Lidia Santiago 1
Admilson Taurino da Silva 1
Petrus Carlos Chaves da Costa 1
Ricardo Maurício da Silva 1
1. Escola de Referência em Ensino Médio Ginásio Pernambucano/EREM-GP
2. Escola Municipal João Bosco de Sena
3. Escola Municipal José Carneiro
INTRODUÇÃO:

A visão clássica de ensino, ou seja, aquela em que o professor exerce o papel ativo de provedor de todo o conhecimento, e o aluno o papel passivo de recebê-lo, está se transformando rapidamente sob o peso das novas tecnologias. O novo modelo é centrado no aluno, no qual ele passa a ter um papel muito mais ativo e autônomo na busca do aprendizado e do conhecimento. Na tentativa de adequar o ensino a esse novo modelo e com o objetivo de facilitar e aprimorar o aprendizado, os pesquisadores estão começando a perceber a necessidade de buscar uma alternativa para o modelo tradicional do ensino.

Para atender as recomendações da legislação brasileira no que se refere aos objetivos da educação científica para o Ensino Médio, assim como das pesquisas recentes em Didática das Ciências, temos procurado desenvolver práticas interdisciplinares nas aulas de Matemática e Física do Ensino Médio (15-17 anos) da Escola de Referência em Ensino Médio Ginásio Pernambucano. Algumas delas baseiam-se nas idéias de Gerard Fourez (1994), a respeito do que ele considera necessário  para que uma pessoa seja considerada alfabetizada cientifica e tecnicamente. Fourez propõe a construção de ilhas interdisciplinares de racionalidade, como uma metodologia com potencialidades de promover um ensino capaz de propiciar a autonomia, o domínio e comunicação das “tecnologias intelectuais” elaboradas pela humanidade.

Logo, este trabalho tem como objetivo desenvolver uma metodologia de ensino utilizando uma abordagem interdisciplinar e interativa, envolvendo as áreas das Ciências da Natureza e de Linguagem e Códigos. A abordagem interdisciplinar partiu do tema gerador  -  A câmera escura, onde a mesma é apresentada como uma atividade em que o aluno desenvolve  conceitos  de Matemática,  Física e Arte.

METODOLOGIA:

A experiência foi vivenciada durante o mês de fevereiro de 2009, na Escola de Referência em Ensino Médio Ginásio Pernambucano – EREM-GP, situado na Rua da Aurora, Boa Vista, em Recife-PE, no período integral, com seis (6) turmas de alunos da 1a série do Ensino Médio, envolvendo os componentes curriculares (Física, Matemática e Arte). Para sistematização dos trabalhos foram realizados: a) encontros de estudo e planejamento coletivo; b) elaboração de um plano de trabalho; c) coleta e organização de materiais, d) construção da câmera escura como instrumento de medida. Posteriormente o desenvolvimento da atividade em sala de aula, deu-se em vários momentos sempre articulando a disciplina Matemática com disciplina Arte e com a disciplina Física, cujo foco era a câmara escura.

RESULTADOS:

Ensinar nos dias atuais é uma tarefa bastante complexa para a escola, devido, principalmente, à nova relação estabelecida entre o professor e o conhecimento. Cotidianamente, o sujeito (professores ou alunos) é bombardeado por inúmeras informações, oriundas de diversas fontes, como jornais, revistas, propagandas, televisão, Internet etc., nem sempre fontes confiáveis. Porém, este mesmo sujeito tem de tomar decisões rápidas e eficazes que lhe garantam sua participação ativa e autônoma nesta sociedade complexa.  Percebo que a  matemática e a física como outras ciências  tem  muito  a  contribuir  para  a  formação  do  cidadão  contextualizado  nestas  novas  exigências  sociais,  para  tanto,  sem  ignorar  a  natureza  disciplinar da matemática e da física, grande parte dos fenômenos não conseguem uma representação significativa  na  aprendizagem  do  estudante  quando  tratados  apenas  em  uma  disciplina levando assim o professor à necessidade de  transcender a matemática e ou a física e buscar elementos  em outras áreas do conhecimento para melhor desenvolver sua ação pedagógica.  Desse modo, acreditamos que o desenvolvimento da intervenção interdisciplinar, envolvendo a área de ciências da natureza e partindo do tema gerador - A câmera escura - os estudantes desenvolveram conceitos de Matemática, Física e Arte. Os conceitos construídos na disciplina física e matemática, ao utilizar a câmara escura foram: o fenômeno de óptica geométrica, princípios da propagação retilínea da luz, funcionamento das lentes convergentes e divergentes (Física) e proporção, semelhança de triângulos, relações trigonométricas no triangulo retângulo(Matemática). Já na disciplina Arte a câmera escura utilizada por alguns pintores para realizar suas pinturas, como o pintor VERMEER.

CONCLUSÃO:

           O presente trabalho, realizado com alunos da 1a série do Ensino Médio da Escola de Referência em Ensino  Médio Ginásio Pernambucano, permitiu as seguintes conclusões: É possível trabalhar de forma interdisciplinar o ensino da física, da matemática e da arte. A metodologia aplicada demonstrou ser eficiente e isto pode ser percebido pelas produções escritas dos estudantes. Durante a realização das aulas Interdisciplinares, houve um grande alinhamento por parte dos professores e, também, uma grande interação aluno x aluno, professor x professor, professor x aluno e professor x aluno x conhecimento, em cujos relatos são descritos nos relatórios construídos pelos alunos.

Palavras-chave: Câmera escura, Ensino de ciências, Interdisciplinaridade.