ASSIS et al. (2001) citado por YAMASHITA (2003) relatam que a cereja das Antilhas, como também é conhecida a acerola (Malpighia glabra L. Malpighia punicifolia L. ou Malphigia emarginata DC.), teve sua origem na América Tropical. No Brasil, apresentou excelente adaptação na região Nordeste e teve o estado da Bahia como principal produtor do país (OLIVEIRA et al, 1998). A acerola é uma fonte excelente de carotenóides, antocianinas e outros, mas o seu principal atrativo nutricional é o elevado teor de vitamina C ou ácido ascórbico, que está relacionado com importantes atividades fisiológicas, como por exemplo, a síntese de hormônios, metabolismo de aminoácidos, além de atividade anti-oxidante (TAVARES, 2003). Sua comercialização na forma de polpas congeladas deve apresentar, segundo a Instrução Normativa número 01, de 7 de Janeiro de 2000, um mínimo de 800,00 mg de ácido ascórbico em 100g de polpa. Na cidade de Manaus, o consumo da polpa congelada desse fruto é elevado, mas há carência de estudos a respeito da qualidade desses produtos em relação aos teores de ácido ascórbico. Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo contribuir com informações a respeito do conteúdo de vitamina C nas polpas de acerola congeladas e comercializadas nos hipermercados da cidade de Manaus.

As polpas congeladas de acerola foram coletadas em oito hipermercados da cidade de Manaus e transportadas em recipiente térmico até o laboratório de Bromatologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Amazonas. A fim de analisar os teores de ácido ascórbico, as polpas foram descongeladas até atingirem a temperatura ambiente e posteriormente homogeneizadas. A determinação dos teores de ácido ascórbico nas polpas foi realizada segundo o método de RANGANNA (1985), baseado na redução do 2,6 – diclorofenolindol (DFI) pelo ácido ascórbico. Os valores de ácido ascórbico obtidos foram expressos em mg/100g de polpa e comparados com aqueles estabelecidos pela Instrução Normativa n^o 01, de 7 de Janeiro de 2000, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Foram coletadas e analisadas 32 amostras, pertencentes a quatro marcas comercializadas nos hipermercados de Manaus. As polpas analisadas apresentaram valores de ácido ascórbico entre 375, 34 a 1569,67 mg/100 g. OLIVEIRA et al. (1999) analisaram polpas de acerolas congeladas no Estado da Paraíba e encontraram valores de ácido ascórbico entre 470,24 a 1191,95 mg/ 100g, portanto inferiores ao presente estudo. YAMASHITA et al. (2003) determinaram ácido ascórbico em polpas de acerola pasteurizadas e congeladas e verificaram teores da ordem de 1360 ± 26 mg/ 100 g. Dentre as amostras, 23 (71,8%) apresentaram teores de ácido ascórbico abaixo do mínimo exigido pela legislação brasileira. Somente 2 (28,2%) estavam de acordo com as exigências do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.    

Após análise dos resultados obtidos, o estudo observou que grande parte das amostras foram reprovadas em relação aos teores de ácido ascórbico. Das quatro marcas analisadas, duas marcas estavam em conformidade com a legislação e as outras duas foram reprovadas. Os resultados indicam que possivelmente houve falhas no processamento dessas polpas e apontam para a necessidade de uma intensa fiscalização no seu controle de qualidade.