61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 4. Taxonomia
UMA NOVA ESPÉCIE DO GÊNERO PLATYROPTILON WESTWOOD, 1849 (DIPTERA: KEROPLATIDAE: KEROPLATINI) DA FLORESTA ATLÂNTICA
Rafaela Lopes Falaschi 1
Dalton de Souza Amorim 1
1. Depto Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto/USP
INTRODUÇÃO:
O gênero Platyroptilon Westwood, 1849 pertence a subfamília Keroplatinae, inserido na tribo Keroplatini e é composto por 13 espécies, que ocorrem nas regiões biogeográficas Oriental, Australásica e Neotropical. Foi descrito por Westwood (1849) como um subgênero de Platyura(=Orfelia), paraa espécie brasileira P. miersi Duret 1974, o qual foi elevado ao status genérico por Johannsen (1909). Em seguida,Enderlein (1911), descreveu P. ramicornis, do estado de Santa Catarina, Brasil e Edwards (1934) fez a primeira revisão do gênero e descreveu uma terceira espécie, P. zernyi do estado do Pará, Brasil. Lane (1946) também examinou o gênero observando haver variação de cor do mesonoto e abdômen intraespecífica, mas no entanto nenhum estudo concernente à morfologia da terminália masculine havia sido realizado. Finalmente, Lane (1956) ao descrever P. dureti ilustrou a terminália e fez uma chave de identificação para o gênero, mas a espécie descrita, foi designada como espécie-tipo do gênero Duretina Matile, por Matile (1990). Duret (1974) ilustrou pela primeira vez as terminálias masculinas de P. miersii e P. ramicornis. Em 1979, o supracitado autor, revisou o gênero e o separou em dois grupos. O primeiro grupo, o da espécie-tipo, compreende as espécies com três ocelos presentes e o segundo grupo, as espécies com apenas dois ocelos. Matile (1990), em um grande trabalho de sistemática e biogeografia de Keroplatidae, reviu todo o gênero e descreveu uma nova espécie Neotropical, P. mendax. Desse modo, o gênero na região Neotropical, até o momento, foi composto por nove espécies, sendo quatro ocorrendo no Brasil.
METODOLOGIA:
O material examinado é oriundo de coletas do projeto Biota-Diptera, realizadas ao longo de dezessete pontos na Floresta Atlântica (por meio de armadilhas Malaise, Moericke e Varredura, preservado em álcool 80%) e será depositado na Coleção de Diptera do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP). A identificação das espécies já conhecidas do gênero Platyroptilon e o reconhecimento da nova espécie foi possível através da utilização de chaves de identificação dos trabalhos de Duret (1974, 1979) e Matile (1990). A terminália dos exemplares foram montados em lâminas permanentes, com a realização da técnica usual com KOH, desidratação alcoólica e montagem em bálsamo do Canadá e os detalhes das estruturas em lâmina foram fotografados, desenhados e editados em computador. As estruturas morfológicas foram ilustradas com o uso de câmara lúcida, para os esboços iniciais, e editadas em computador. A descrição das espécies teve como referência o formato de Munroe (1974).
RESULTADOS:
Através das coletas realizadas durante o projeto Biota-Diptera, ao longo da Floresta Atlântica exemplares de P. mendax, P. ramicornis, P. zernyi, e P. n. sp. foram coletados e identificados através das chaves de identificação disponíveis (Duret, 1974, 1979; Matile, 1990). O exemplar coletado na Reserva Biológica do Tinguá, Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro e na Reserva Biológica de Boracéia, Salesópolis, estado de São Paulo não se encaixou em nenhuma das descrições das espécies neotropicais conhecidas, apresentando como características diagnósticas a antena com 14 flagelômeros, 1-13 prolongados, dois ocelos, o que o insere no segundo grupo erigido por Duret (1979), terminália com sutis, mas expressivas distinções no formato do gonóstilo e chaetotaxia. A morfologia da terminália nova espécie se assemelha à P. penai Duret, espécie até hoje só encontrada no Peru, no entanto esta última possui a antena com os flagelômeros não tão alongados quanto P. zernyi do Pará e P. sp. n., do Rio de Janeiro e São Paulo, Brasil. Reunindo os trabalhos de Duret (1974, 1979) e Matile (1990) e o presente estudo, uma nova chave de identificação para o gênero foi confeccionada e uma future análise filogenética do gênero poderá elucidar às questões quanto ao relacionamento das espécies, não só Neotropicais, mas mundiais.
CONCLUSÃO:
É descrita uma espécie do gênero Platyroptilon para a Mata Atlântica, com exemplares coletados na Reserva Biológica do Tinguá, Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro e na Reserva Biológica de Boracéia, Salesópolis, estado de São Paulo e uma chave de identificação atualizada é compilada. Sendo assim, são reconhecidas três espécies válidas do gênero Platyroptilon para a Floresta Atlântica no estado de São Paulo e a primeira ocorrência do gênero no estado do Rio de Janeiro: P. mendax Matile, 1990; P. miersii Westwood, 1850 e Platyroptilon sp. n., a qual foi apresentada neste trabalho. O número de espécies do gênero passa para 14 espécies, sendo que das 10 espécies neotropicais, cinco ocorrem no Brasil.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP
Palavras-chave: Diptera, Keroplatidae, Taxonomia.