61ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 1. Literatura Brasileira
A ADESÃO DE MANUEL BANDEIRA AO MODERNISMO
Jéssica Natália Souza Santos 1
Marcos Frederico Krüger Aleixo 1
1. Universidade do Estado do Amazonas
INTRODUÇÃO:

Manuel Bandeira é um dos maiores poetas brasileiros, sua obra é muito interessante para ser estudada porque sua trajetória é única. Neste sentido, mostra-se indispensável perceber quais características do Modernismo encontram-se inseridas em seus livros desde o começo de sua carreira, visto que, quando lançou seu primeiro livro, era considerado um autor simbolista-parnasiano, e depois aderiu ao Movimento Modernista, tornando-se um mestre em fazer versos livres e escrever sobre as coisas simples. Por isso, é necessário analisar quais as especificidades do livro “A cinza das horas”, que levam a uma oposição desta obra em relação às posteriores (Carnaval, Ritmo dissoluto e Libertinagem). Além disso, é interessante encontrar a motivação a qual levou Bandeira a fazer parte do Movimento, causando mudança nas obras publicadas a partir de 1919.

METODOLOGIA:

A pesquisa bibliográfica teve a obra poética de Manuel Bandeira como ponto de partida. Através da leitura de seus livros (desde “A cinza das horas” até “Libertinagem”) foi estudada a ligação existente entre o Movimento Modernista com a obra do autor, além de perceber quais as semelhanças e quais as diferenças existentes entre o livro “A cinza das horas” e os escritos posteriormente. E para mapear esta relação, foram lidos, também, livros que tratam profundamente da literatura brasileira, especificamente do Modernismo; no caso, a obra de autores como: Alfredo Bosi, Mário da Silva Brito, Celso Pedro Luft, Domício Proença Filho, Luciana Stegagno-Picchio e outros. O entendimento do Movimento Modernista nos ajudou a compreender também, a motivação a qual levou Bandeira a aderir ao Modernismo, mas, para isso, foi necessário tomar conhecimento da biografia do autor, bem como o momento histórico ao qual ele e o Movimento fizeram-se presentes.

RESULTADOS:
“A Cinza das Horas” (1917) trata da melancolia e de reflexões do autor na maioria dos poemas; algo fundamental a ser abordado é que apesar de o autor se preocupar com as “formas perfeitas”, o sentimentalismo presente no livro o afasta da objetividade dos parnasianos; a obra é muito musical, há também a valorização dos estados d’alma, do inconsciente, aliterações e sinestesias, como propõe o simbolismo. É, também, um livro com alguns experimentos modernistas, porque possui alguns versos brancos e irônicos. Em “Carnaval” (1919), Bandeira já está entrando claramente na modernidade, tanto que o poema “Os sapos”, em virtude de ironizar poetas parnasianos como Olavo Bilac, tornou-se o hino da poesia modernista. Nele, há improvisos e quebras melódicas, versos livres e ironias, além de ser repleto de alegria e poemas – narrativa. “O ritmo dissoluto” (1924) ainda traz várias características Simbolistas, entretanto, o uso de versos livres e da métrica irregular na maioria dos poemas, além da característica que Bandeira sempre teve, de escrever sobre as coisas simples, sobre o cotidiano, torna o livro essencialmente Modernista, como naturalmente deveria ser, já que nesta época, o Modernismo começa a se consolidar como princípio estético. Finalmente, em “Libertinagem” (1930), lêem-se poemas recheados por versos livres e métricas irregulares, temáticas nacionalistas, uso do cotidiano, inovação, humor, linguagem simples (a língua falada pelo povo), enfim, obra de ruptura com o passado, com o objetivo de revolucionar e de ser coerente com a realidade nacional.
CONCLUSÃO:
O primeiro livro de Bandeira (A cinza das horas), ainda que seja basicamente Simbolista-parnasiano, mostra um autor em busca de algo novo, principalmente porque obteve contato com a melhor poesia simbolista e pós-simbolista, na Suíça; depois, sob influência de Mário e Oswald de Andrade, usou, em “Carnaval”, técnicas novas; o autor já está aderindo ao Modernismo, ainda que não completamente; assim como em “Ritmo dissoluto”, que sendo basicamente Moderno, ainda traz características Simbolistas; mas é com “Libertinagem” que Bandeira se mostra completamente inserido no Movimento modernista, nesta obra, há total liberdade estética e de pensamento. Esta adesão foi acontecendo porque Manuel Bandeira percebeu que se tornaram ultrapassadas as formas tradicionais de arte, literatura, organização e vida da sociedade, e fazia-se fundamental implantar mudanças significativas ao invés de apenas reutilizar os conhecimentos passados, baseados nas técnicas atuais. Praticou o verso livre e a ironia desde os primeiros versos, mas tornou-se Moderno, principalmente, por renunciar ao excesso de sentimentalismo e de artificialidade dos românticos e parnasianos. 
Instituição de Fomento: Fapeam
Palavras-chave: Literatura, Modernismo, Adesão.