61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina
AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA POR MEIO DE AUDIOMETRIA TONAL E EMISSÕES OTOACÚSTICAS NOS PACIENTES PORTADORES DE MALÁRIA FALCIPARUM TRATADOS COM QUININO.
João Bosco Lopes Botelho 1, 2
Álvaro Siqueira da Silva 2
Súnia Ribeiro 1, 2
Marina Motta de Morais 2
Diego Monteiro de Carvalho 1
Danilo Monteiro Vieira 1
1. Escola Superior de Ciências da Saúde da Universidade do Estado do Amazonas /UEA
2. Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial do Hosp. Santa Júlia
INTRODUÇÃO:
A malária é uma doença infecciosa aguda ou crônica causada por protozoários parasitas do gênero Plasmodium, transmitidos pela picada do mosquito Anopheles. A doença mata 2 milhões de pessoas por ano e afeta mais de 500 milhões. É a principal parasitose tropical e uma das mais frequentes causas de morbidade na África e no Brasil em destaque para região Amazônica. A quantidade de drogas antimaláricas disponíveis é grande, mas existem protocolos distintos de acordo com o tipo do plasmódio. Nos casos de malária falciparum, existe o quinino, um alcalóide extraído da casca da quina, utilizado desde o século XVII. Esta droga ocasiona, dentre outros efeitos colaterais, o cinchonismo, caracterizado por zumbidos, déficit auditivo transitório, distúrbios visuais e tremores, sintomas geralmente reversíveis após cessado o uso da mesma. Dessa forma, a avaliação audiológica por meio de audiometria tonal e emissões otoacústicas dos pacientes com malária falciparum tratados com quinino, caracterizará os danos causados à orelha interna, visando precocidade no diagnóstico, bem como buscar meios de evitarmos os malefícios deste tipo de droga.
METODOLOGIA:
Estudo clínico prospectivo, com avaliação audiológica dos pacientes em tratamento para malária falciparum, através dos exames de audiometria tonal e emissões otoacústicas. Foram incluídos os pacientes de ambos sexos, maiores de dezoito anos, diagnosticados pelo exame da gota espessa com malária falciparum de grau leve, sem histórico para a doença, nem o uso prévio de quinino. Dessa forma, foram selecionados 40 pacientes, com idade média de 33,5 anos, sendo 29 do sexo masculino (72,5%) e 11 do sexo feminino (27,5%). Os exames propostos foram realizados antes e no terceiro dia do uso do quinino.
RESULTADOS:
Com relação às queixas clínicas, os principais sintomas relatados foram zumbidos em 6 pacientes (15%) e hipoacusia em 5 pacientes (12,5%). Foram encontrados alterações audiométricas em 6 pacientes (15%), nas freqüências agudas (4, 6 e 8 kHz). Os exames de emissões otoacústicas mostraram no total, alterações em 5 pacientes (12,5%), também nas freqüências agudas. As distintas avaliações não mostraram predileção por lateralidade. Estabelecida relação entre os dois exames realizados, houve concordância entre os resultados, com sustentação pela significância estatística.
CONCLUSÃO:
É possível a detecção precoce da ototoxicidade do quinino através de audiometria tonal e emissões otoacústicas, evitando efeitos colaterais indesejáveis e definitivos, buscando melhoria da qualidade de vida destes pacientes, o que se torna essencial em áreas onde a Malária é endêmica como a Região Amazônica.
Palavras-chave: malária, quinino, ototoxicidade.