61ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 8. Economias Agrária e dos Recursos Naturais
AGRICULTURA FAMILIAR: O PERFIL DOS AGRICULTORES DA CITRICULTURA NO MUNICÍPIO DE SALGADO-SE
Andersonn Souza Gonçalves 1
Magali Alves de Andrade 1
Thiago de Souza Oliveira 1
1. Universidade federal de Sergipe
INTRODUÇÃO:
O Estado de Sergipe é o terceiro maior produtor de frutas cítricas do Brasil. Além de comercializá-las in natura, ainda exporta o Suco de Laranja Concentrado Congelado (SLCC) produzidos no próprio Estado, considerando que metade da matéria do SLCC é produzida localmente, a citricultura é a principal atividade agrícola do Estado de Sergipe em termos de arrecadação do ICMS, do total da área plantada, das exportações e pela geração de empregos no campo, na indústria e serviços. O município de Salgado compõe o bloco dos 14 municípios da região Sul e Centro-Sul, que é responsável por 96,5% da área plantada com laranja no Estado sergipano. Com a dificuldade que o setor enfrentou a partir de meados da década de 90, o entendimento dos aspectos que caracterizam o produtor envolvido nesse setor torna-se crucial para facilitar as resoluções das problemáticas encontradas no referido ramo da economia. Este trabalho tem como objetivo caracterizar o principal agente econômico da produção de frutas cítricas no Estado de Sergipe, desde os aspectos comportamentais socialmente e de como estes estabelecem suas relações de produção e comercialização da produção.
METODOLOGIA:
Para a elaboração de tal pesquisa, em cooperação com 31 agricultores, com origens e características diferentes, situados em 20 localidades diferentes no município e que utilizam formas distintas de gestão do estabelecimento e diferentes níveis de inserção comercial, foi aplicado um questionário para cada agricultor responsável pelo estabelecimento. Os questionários foram aplicados no Sindicato dos trabalhadores e até mesmo no próprio estabelecimento rural de alguns dos entrevistados. O questionário tratou de questões como o envolvimento da família na produção, grau de tecnologia empregado nas atividades agrícolas, crédito, características da propriedade e das práticas de cultivo e comercialização da produção. Para a análise teórica, foi necessário fazer uma revisão de literatura sobre a Agricultura Familiar, considerando fatores que dizem respeito aos perfis dos agricultores em diversas partes e em suas mais variadas faces. A elaboração deste trabalho foi apoiada em diversas consultas em artigos acadêmicos, encontrados em sítios especializados na área. Foram também utilizados dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com o objetivo de avaliar o comportamento e o desempenho dos produtores ao longo de delimitados intervalos de tempo.
RESULTADOS:
Foram trabalhados diversos conceitos de Agricultura Familiar, da Agricultura de subsistência aos modelos de Agricultura moderna propostos por John Wilkinson e Graziano da Silva. Foram propostos por Lamarche, quatro modelos fundamentais de caracterização dos agricultores, que são o Modelo Empresa, o Empresa Familiar, Agricultura de subsistência e o Modelo de Agricultura Familiar Moderna. O primeiro trata do agricultor com uma fraca presença familiar no desenvolvimento das atividades, que é o contrário do modelo empresa familiar. O terceiro modelo apresenta uma forte presença da família nos trabalhos, no entanto, a sua dependência com os fatores externos são quase que nulas. O último modelo proposto por Lamarche, baseia-se no funcionamento das unidades agrícolas em torno de uma dupla dinâmica, de um lado a busca maior pela diminuição da participação da família nas relações de produção, e por outro lado, a busca pela autonomia é prioridade. A idéia consiste em um modelo que busca, sobretudo um grau de dependência cada vez menor, ao passo que a dinâmica familiar no processo de produção diminui. Em relação ao agricultor sergipano, através da pesquisa foi notado que ele apresenta um forte caráter familiar, que é evidenciado a partir do momento em que os membros da família estão envolvidos no processo de produção. Em sua totalidade, os componentes da família estão envolvidos na direção e/ou na execução dos trabalhos no estabelecimento.
CONCLUSÃO:
A realidade constatada na pesquisa de campo, é que podemos encontrar situações que se aproximam com pelo menos três dos quatro modelos mencionados. No caso da citricultura, ela é bem particular, pois em sua totalidade os produtores produzem direcionados para o mercado, ou seja, o destino da sua produção é a venda, isso caracteriza uma forte dependência ao meio externo. O modelo Empresa agrícola familiar aproxima-se mais da realidade dos agricultores pesquisados, pois pelo fato de o agricultor estabelecer forte dependência com o mercado e dar uma grande ênfase para a participação da família na execução e direção do estabelecimento. Em sua maioria o estabelecimento é vivido como patrimônio familiar, pois foi observado na pesquisa que quase 80% dos agricultores residem no próprio estabelecimento. Dentro desse grupo, surge um pequeno produtor que apresenta vários traços que o aproxima do agricultor moderno descritos por Ricardo Abramovay e Graziano da Silva, que são mais sensíveis ao mercado, e que mesclam atividades agrícolas e não-agrícolas, e um produtor mais tradicional, que apesar dos laços de dependência, demonstram aspectos mais tradicionais.
Palavras-chave: Agricultura Familiar, Citricultura, Mercado.