61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 5. Micologia
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E FISIOLÓGICAS DE Phlebopus brasiliensis DA AMAZÔNIA
Mágida Ismael Constantino 1
Élida Pinto Cruz 2
Maria Alice Neves 3
Karyny Rodrigues Marenco 4
Noemia Kazue Ishikawa 4
1. Universidade Federal do Amazonas
2. Uninorte
3. Universidade Federal da Paraíba
4. INPA
INTRODUÇÃO:

Phlebopus é um gênero da família Boletaceae que está relacionado com o gênero Boletus, que possui várias espécies comestíveis como B. edulis, o porcini, que tem alto valor comercial na Europa e no mundo pelo seu uso na gastronomia. A família Boletaceae tem uma ampla distribuição geográfica, mas possui gêneros que têm maior ocorrência em regiões de clima temperado. No entanto Phlebopus é um gênero da família que possui várias espécies de distribuição tropical. Para o Brasil foram citadas cinco espécies de Phlebopus, sendo que destas, apenas P. brasiliensis Singer foi encontrada na Amazônia. Em novembro de 2008, foram observados cerca de 12 basidiomas de P. brasiliensis crescendo no Campus III do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus - AM. Considerando-se a carência de informações deste gênero na região, o objetivo deste trabalho foi descrever as características morfológicas, isolar e definir o meio de cultura e temperatura de incubação adequada para o desenvolvimento micelial in vitro desta espécie.

 

METODOLOGIA:

Parte dos basidiomas coletados foi desidratada e depositada no Herbário do INPA como voucher. Outra parte foi utilizada para isolamento micelial do fungo. A identificação foi realizada utilizando-se métodos tradicionais em micologia através do estudo de características macro e micromorfológicas. O crescimento micelial do isolado foi avaliado nos seguintes meios de culturas: Batata Dextrose Ágar (BDA), Sabouraud Dextrose Ágar (SDA), Extrato de Malte Peptona Ágar (EMPA), Meio Mínimo (MM) e Meio Completo (MC). Para tanto, discos (10 mm de diâm.) de meio de cultura com micélio foram transferidos para o centro de placas de Petri com os respectivos meios de cultura, a incubação foi a 25ºC. Foi avaliado o crescimento micelial nas temperaturas de incubação de 25, 30 e 35ºC, o meio utilizado foi BDA. O crescimento micelial foi avaliado pelo cálculo do Índice de Velocidade de Crescimento Micelial (IVCM)=∑(D - Da)/N (onde D = diâmetro atual da colônia, Da = diâmetro da colônia do dia anterior, N = número de dias após a inoculação) e massa micelial seca. Este foi obtido mediante o derretimento do meio de cultura em microondas seguido por separação do micélio por filtração, em seguida a desidratação da massa micelial até peso constante.

RESULTADOS:

Os basidiomas coletados apresentaram características morfológicas de P. brasiliensis, um cogumelo de porte grande com píleo atingindo até 15 cm de diâmetro, coloração do píleo olivácea e os poros do himênio amarelo esverdeados. O estípite é tipicamente clavado e de coloração marrom-olivácea. O crescimento micelial do P. brasiliensis foi lento, levando cerca de 50 dias para a colônia alcançar a borda da placa de Petri. Inicialmente a colônia apresentou coloração marrom clara e borda creme com mudança da coloração dos meios de cultura para amarelo. Nas colônias mais velhas formam-se exsudados de coloração caramelo e as colônias apresentam cor branca e marrom escuro mesclada. Houve desenvolvimento micelial em todos os meios de cultura testados, entretanto o maior crescimento da colônia ocorreu no meio BDA. Quanto ao teste de temperatura, não houve diferença significativa entre 25 e 30ºC e ausência de crescimento a 35ºC.

CONCLUSÃO:

O cogumelo foi identificado como Phlebopus brasiliensis. Esta espécie foi descrita pela primeira vez para Manaus em 1983, onde foi coletada em uma área de floresta de crescimento secundário e bastante antropizada, semelhante à situação onde foram encontrados os basidiomas aqui estudados. Os resultados in vitro sugerem que as melhores condições para o crescimento micelial de P. brasiliensis são a utilização de meio de cultura BDA e temperatura de incubação entre 25 e 30ºC.

Instituição de Fomento: FAPEAM ; CNPq
Palavras-chave: Basidiomycota, Boletaceae, estudo de cultura.