61ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 7. Serviço Social
      HETEROCENTRISMO SOCIAL E PRECONCEITO: A VISIBILIDADE DAS FAMÍLIAS HOMOAFETIVAS NA AMAZÔNIA
Lidiany de Lima cavalcante 1
Ária Maria Mendes de Carvalho 1
1. Centro Universitário do Norte
INTRODUÇÃO:

 

No limiar do século XXI é notável a mudança em vários âmbitos da sociedade, seja na esfera política, econômica, social ou cultural. Os contornos cotidianos conduzem a uma nova formação histórica onde urge o desenvolvimento humano em várias esferas, conduzindo não apenas ao trato das pessoas de maneira igualitária perante a legislação, mas também no reconhecimento das diferenças, incluindo-se a orientação sexual. Nesse sentido, a pesquisa objetiva discutir a visibilidade das uniões homoafetivas na Amazônia, considerando que a família trata-se da instituição base da sociedade, onde mostra-se as condições de vivência e composição de seus membros, as quais refletem também a diversidade das uniões afetivas. A relevância do estudo concerne no fato de que as famílias homoafetivas da Amazônia apontam elos sociais importantes, contudo acabam por sucumbir ao ostracismo absoluto em virtude dos elementos de discriminação que podem resultar na homofobia. Apesar do esforço das Políticas Públicas no reconhecimento das diferenças, ressalta-se que o heterocentrismo ainda faz-se presente no cotidiano, o que mostra-se através da falta de visibilidade em arranjos familiares homoafetivos entre homens ou entre mulheres na Amazônia.

METODOLOGIA:

A pesquisa centra seu foco na discussão sobre a visibilidade homoafetiva na Amazônia. Para tanto, utiliza os procedimentos metodológicos de maneira qualitativa. A categorias de análise são Família, preconceito e homoafetividade, ponderadas em uma visão transdisciplinar, pois a compreensão dos fenômenos requer a ampliação e colaboração de várias vertentes do conhecimento científico. Os sujeitos da pesquisa são casais constituídos por iguais biológicos (homem/homem ou mulher/mulher), ou seja, indivíduos que vivem em uniões homoafetivas há pelo menos 24 (vinte e quatro) meses no Estado do Amazonas. Com o uso da técnica de Entrevista, analisou-se as histórias de vida e  aprofundou-se a temática consolidando os esforços na discussão e reflexão dos elementos que culminam no preconceito que estampa-se em cada contexto social.

RESULTADOS:

 

Entre os contextos apresentados, a pesquisa permitiu a compreensão da realidade de preconceito em que as uniões homoafetivas encontram-se mergulhadas. Ressalta-se que muitos casais constituídos por iguais biológicos vivem um uma espécie de ostracismo absoluto, principalmente nas uniões constituídas por mulheres, que pela própria condição feminina já sofre com o fenômeno da submissão e da inferioridade, sendo uma herança do patriarcalismo histórico que perdura há milênios. Nesse ensejo, as uniões homoafetivas ainda enfrentam resistências na consolidação do elemento familiar na Amazônia, pois o retrato do conservadorismo e tradicionalismo dos nossos povos tradicionais ainda não atribui visibilidade a tais sujeitos que lutam pela construção do protagonismo social em uma realidade que mostra-se em constante mutação. Apesar do poder caracterizar-se como masculino e branco, a pesquisa aponta que são poucos os casais homafetivos femininos que lutam pelo direito a diferença, seja na esfera social ou afetiva, ou seja, verificou-se que o preconceito ainda assume um viés que canaliza a submissão do sujeito feminino na realidade amazônica. 

 

CONCLUSÃO:

O conceito de família na sociedade atual, ainda está envolto ao heterocentrismo social vigente historicamente na realidade amazônica. Muitos são os conflitos e os preconceitos existentes na formação de uma família homoafetiva. As diversas faces da conjugalidade ainda não são socialmente, nem tampouco legalmente aceitas, apesar das constantes lutas do movimento LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) na busca da legalização do núcleo familiar homossexual como base familiar. A região amazônica ainda apresenta infinitos entraves na busca do reconhecimento das diferenças, contudo mostra também alguns avanços, que podem ser referenciados como exemplo no município de Manaus, onde a jurisprudência já está discutindo ao cotidiano das famílias homoafetivas como uma realidade. Assim, vale enfatizar que urge aprofundar o estudo da temática, pois  trata-se do reconhecimento de uma categoria que historicamente não apresentou nenhuma visibilidade, contudo precisa ser vista como um elemento presente em todas as esferas sociais, na construção de várias conjugalidades e parentalidades sociais amazônicas.

Palavras-chave: Família, Preconceito, Homoafetividade.