61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 5. Farmacognosia
PERFIL CROMATOGRÁFICO DE FRAÇÕES ETÉREAS DA CASCA DO CAULE Byrsonima japurensis A. Juss.  
Jane Vasconcelos Neves Marinho 1
Fernanda Guilhon-Simplicio 1
Maria de Meneses Pereira 1
1. Faculdade das Ciências Farmacêuticas- UFAM
INTRODUÇÃO:

A família Malpighiaceae compreende cerca de 70 gêneros, sendo o gênero Byrsonima um dos maiores, cujas espécies são muito utilizadas com finalidade alimentícia e terapêutica, e com as quais existem poucos, porém promissores estudos químicos e/ou farmacológicos. Byrsonima japurensis, objeto deste estudo, é uma árvore endêmica da Região Amazônica, típica de regiões de várzea, que pode atingir cerca de 20 metros de altura. No Estado do Amazonas, esta espécie é vulgarmente chamada de sara-tudo e o chá da casca do caule é amplamente utilizado na medicina popular como medicamento antiinflamatório. Como parte de um estudo químico com a espécie, analisaram-se frações éter-etílico de extratos aquosos da casca do caule por cromatografia em camada delgada com diferentes eluentes, com o objetivo de estabelecer um perfil cromatográfico para as mesmas.

METODOLOGIA:

Cascas do caule da espécie Byrsonima japurensis foram secadas em estufa com circulação interna de ar a 40 °C por cerca de 10 dias e cominuídas em moinho de facas. Dois extratos aquosos, EA1 e EA2, foram obtidos por infusão a 5% de droga vegetal por quinze minutos, filtrados e concentrados por rota-evaporação sob pressão reduzida. EA2 foi submetido à precipitação dos taninos com cloridrato de L-(+)-arginina, separando-se as fases por centrifugação. EA1 e EA2 foram particionados com éter etílico, gerando as frações FE1 e FE2, respectivamente, que foram avaliadas frente a diferentes sistemas cromatográficos, utilizando-se cromatofolha de gel de sílica 60 em base de alumínio, em percurso de 7 cm. As placas foram reveladas com reagente natural (NP), seguido de observação sob luz ultravioleta de 365 nm (UV365) e ácido fosfotúngstico (AF) a 25 % em etanol, seguido de aquecimento. A cor e os fatores de retenção (Rf) das manchas foram comparados em cada sistema e em cada revelador.  

RESULTADOS:

O rendimento da FE1 foi de 0,10% e da FE2 foi 0,09%. Dentre os vários sistemas de eluentes testados, aquele que se destacou por proporcionar melhor separação de manchas nas duas amostras foi tolueno : clorfórmio : acetona 40 : 25 : 35.  Na revelação com NP, a FE1 apresentou 5 manchas: I- marrom, Rf=0,08; II- laranja, Rf=0,17, III- amarelo fluorescente, Rf=0,38, IV- amarelo opaco, Rf=0,5 e V- azul-turquesa, Rf= 0,65. A FE2 nessas mesmas condições também apresentou 5 manchas: I- amarelada, Rf=0,07; II- azulada, Rf=0,18; III- amarelo claro, Rf=0,24; IV- azulado, Rf=0,47 e V- azul, Rf= 0,68. Na revelação com AF durante o aquecimento, a FE1 apresentou 10 manchas: I- marrom, Rf=0,05; II- marrom-amarelado, Rf=0,14, III- marrom, Rf=0,24, IV- amarelo escuro, Rf=0,32 e V- marrom, Rf= 0,38; VI- marrom amarelado, Rf=0,45; VII- lilás, Rf=0,48, VIII- marrom, Rf=0,62, IX- amarelo claro, Rf=0,74 e X- amarelo, Rf= 0,8. A FE2  com o revelador AF apresentou somente 3 manchas: I- amarelo escuro, Rf=0,17; II- amarelo, Rf=0,48; III- amarelo, Rf=0,51.

CONCLUSÃO:

Como mencionado anteriormente, dentre vários sistemas testados, aquele em que as frações apresentaram melhor perfil cromatográfico foi tolueno: clorofórmio: acetona (40: 25: 35).  Na revelação com NP e observação sob UV365, configuraram-se como bons marcadores as manchas III, IV e V para a FE1 e as manchas IV e V para a FE2, pois se apresentaram bem definidas e com Rf razoavelmente distintos. Na revelação com AF, as manchas V, VI e VII apresentaram cores fortes durante aquecimento e Rf distintos e podem ser usadas como marcadores da FE1, o mesmo para as manchas II e III da FE2. Algumas substâncias só puderam ser visualizadas quando reveladas com AF,como por exemplo, na FE1 a mancha III, e na FE2 as manchas III, IV, VIII, IX e X, o que indica que, possivelmente, são substâncias terpênicas.

Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: Byrsonima japurensis, perfil cromatográfico , fator de retenção.