61ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Gestão e Administração - 9. Gestão e Administração
ABASTECIMENTO DE ÁGUA NA ZONA LESTE DE MANAUS (AM): UM ESTUDO DE CASO A PARTIR DO BAIRRO SÃO JOSÉ OPERÁRIO.
Luiz Carlos Rodrigues França 1, 2, 3
Amanda Sarkis de Oliveira 1
Eliana Silva da Rocha 1, 3
Evelen da Silva de Lima 1
José Alberto Martins Machado 1, 3
Rosane Pinheiro da Silva 1, 3
1. Departamento de Administração/Faculdade Salesiana Dom Bosco - FSDB - Manaus - AM
2. Professor, MSc. e Orientador no Programa de Iniciação Científica (PIC)/FSDB/AM
3. Grupo de Pesquisa Ciência, Tecnologia, Ética, Ambiente e Sociedade - UEA - CNPq
INTRODUÇÃO:
 

Manaus é agraciada por água em abundância, seja por água superficial, água subterrânea ou água pluvial e pouco avançou ao longo dos seus 340 anos de História sobre o problema definitivo de abastecimento de água. De um lado o sistema é precário agravado com as quedas de energia elétrica, e de outro o desperdício que alerta sobre uma outra questão, a educação. A média de consumo dos brasileiros chega a 200 litros por pessoa/dia. Em Manaus esse consumo chega a 450 litros por pessoa/dia. O consumo aumenta, mas a produção de água não consegue acompanhar esse crescimento o que provoca os constantes problemas de falta de água. O bairro de São José Operário na Zona Leste representa a maior expressão de consumo naquela região com inúmeras comunidades e estruturas familiares chegando a mais de 25% de toda a zona, com isso a deficiência no abastecimento de água se caracteriza como um problema, inicialmente, pouco visível, mas que provoca conseqüências severas no desenvolvimento sócio-econômico-ambiental de vários bairros, podendo acarretar em consequência das captações precárias de água potável, como é o caso das cacimbas e poços artesianos irregulares, o comprometimento da saúde pública no surgimento de doenças tropicais, além da evasão escolar nas escolas públicas municipais e estaduais.

METODOLOGIA:
 

Neste trabalho os procedimentos metodológicos utilizados foram a revisão bibliográfica relativos ao mapeamento geoeconômico e caracterização da Zona Leste e do problema de abastecimento de água na cidade, pesquisa de campo, observação participante, análise e interpretação dos dados coletados. Como instrumento de pesquisa de campo foi utilizado um questionário sócio-econômico contendo vinte perguntas aplicado junto aos moradores. A amostra foi estimada com base em cálculo matemático definida previamente em Pesquisa Social e contou com o envolvimento de 195 alunos bolsistas e voluntários e 8 professores colaboradores do curso de administração da Faculdade Salesiana Dom Bosco em Manaus e conseguiu visitar aos longo dos meses de novembro a dezembro de 2006 um total de 3.820 domicílios distribuidos no São José Operário, Mauazinho, Armando Mendes, Zumbi dos Palmares, Tancredo Neves e Puraquequara constituindo a quase totalidade da área geográfica. A Zona Leste, na qual está delimitado este trabalho, é também composta pelos seguintes bairros: Colônia Antônio Aleixo, Coroado, Jorge Teixeira e Distrito Industrial. A somatória da população desses bairros representa aproximadamente 23,3% da população da cidade de Manaus.

RESULTADOS:
 

A pesquisa realizada descreve os seguintes resultados: 1.719 residentes correspondem ao sexo masculino (45%) e 2.101 ao sexo feminino (55%). Partindo para o foco principal da entrevista que foi o abastecimento de água, observou-se que o abastecimento de água em sua grande maioria é feito através de poço tubular: 3.179,38(83,23%) das casas são abastecidas através de poços tubulares do governo e 640,23 (16,76%) poço particular. Ficando a despesa de água entre R$ 10,00 a R$ 50,00 por mês. Quanto ao esgotamento sanitário 2.449,0 (64,11%) afirmaram possuírem esgotamento sanitário para suas casas e 1.370,61 (35,88%) afirmaram não possuírem esse tipo de serviço para suas casas. A maioria possui energia elétrica, sendo 3.034,60 (79,44%) com situação regular e irregular ou precária 785,01 (20,55%). O pagamento da energia elétrica varia entre R$ 10,00 a R$ 50,00. Para a maioria o problema da falta de água é a deficiência na prestadora de serviço e que o problema poderia ser resolvido se houvesse maior interesse por parte do órgão governamental, onde poderia mudar a prestadora de serviço. Porém observa-se que o grau de satisfação quanto ao abastecimento de água é que 1.747,26 (45,74%) consideram o abastecimento de água regular e 2.072,35 (54,25%) consideram o serviço péssimo.

CONCLUSÃO:
 

Este trabalho científico discute através de levantamento sócio-econômico o nível de satisfação da população sobre o abastecimento de água para a Zona Leste de Manaus, a equipe evidenciou várias questões e concepções onde ficou claro que uma das soluções apontadas para o problema da falta de água encanada no bairro São José Operário e para os demais bairros da Zona Leste, na percepção de seus moradores, deve ficar a cargo de uma política governamental que priorize tal problema ou através da mudança da empresa prestadora do serviço. O que surpreende é que grande parte dos entrevistados acreditam em outras soluções, sendo que responderam que esta solução se encontra na mobilização dos próprios moradores, seja através de uma associação de bairro mais eficiente, ou através da eleição de um representante político oriundo do bairro e que lute pelos direitos de todos os moradores daquela região. Logicamente um levantamento nesse nível não se esgota no processo e deverá acompanhar as dinâmicas sociais e estruturais dos próximos anos. A experiência obtida cerca-nos de novas proposições ao passo que nos incomoda e nos remete à formulação de políticas públicas eficazes para a captação, a distribuição e o consumo da água em Manaus.

Instituição de Fomento: Faculdade Salesiana Dom Bosco - FSDB - Manaus - AM
Palavras-chave: Água, Zona Leste, Manaus.