61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
A ENGENHARIA COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO AMBIENTAL PARTICIPATIVA: A EXPERIÊNCIA DA UFAM EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE MANAUS
Edilincon Martins de Albuquerque 1
Carla Palomino Tinoco 1
Diego Souza Auler 1
Lana Priscila Lemos Santos 1
Annunziata Donadio Chateaubriand 1
Ellen Barbosa de Andrade 1
1. FACULDADE DE TECNOLOGIA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM
INTRODUÇÃO:
A questão ambiental, cada vez mais presente nas populações urbanas e rurais, tem se revelado como um desafio à preservação da qualidade de vida. Entretanto, verifica-se que grande parte dos problemas ambientais em países subdesenvolvidos refere-se, muito mais, a aspectos sociais do que propriamente a soluções técnicas. Por outro lado, os diversos ramos da engenharia moderna têm buscado a melhoria das condições de vida das populações e o desenvolvimento sustentável por meio do aperfeiçoamento de métodos e de técnicas e do uso racional dos recursos ambientais, obtidos a partir dos processos de gestão ambiental. Essa busca pela sustentabilidade, além de exigir esforços individuais e coletivos e o compromisso de toda a sociedade, demanda uma ação construtivista, compartilhada e integrada – comunidade, organizações governamentais e não governamentais, instituições de ensino e pesquisa, entre outros. Neste sentido, este trabalho tem como objetivo descrever a experiência da UFAM num processo de gestão ambiental participativa, realizado em uma escola pública de Manaus, tendo como estratégia estudos, propostas e projetos desenvolvidos, por alunos de engenharia participantes de ações de extensão, para a melhoria da arquitetura predial e das instalações hidrossanitárias daquela escola.
METODOLOGIA:
O processo de gestão ambiental se iniciou com a realização de oficinas. Nelas, alunos de Engenharia Civil e Elétrica da UFAM e a comunidade escolar (professores, serventes, merendeiras, alunos e pais de alunos) identificaram demandas e/ou problemas existentes e elaboraram o Plano de Ação (Agenda Ambiental) Escolar, composto por prioridades, metas e ações. Assim, em 2008, foram realizados: estudos de caracterização da arquitetura predial e das instalações hidrossanitárias e elétrica; entrevistas; registros fotográficos; pesquisa a legislação, normas e documentação da escola. Buscou-se ainda a parceria de empresas especializadas e da secretaria municipal de educação, que, freqüentemente, participavam de reuniões, visitas técnicas e de cursos oferecidos. Também houve a participação da Associação de Pais e Mestres (APMC) e de membros de associações locais, iniciando o processo de mobilização para a implementação das ações para melhoria da escola, para sua valorização na comunidade e inicialização do sentido de co-responsabilidade. Assim, de meros expectadores, a comunidade passou a ser o agente de transformação. Neste processo, a educação ambiental foi meta e meio. Os dados gerados foram sistematizados utilizando-se os softwares Excel, Word, Corel Draw e AutoCad.
RESULTADOS:
Os estudos e o processo de mobilização, envolvendo professores e alunos da UFAM, professores e funcionários da escola, pais de alunos, comunitários e organizações governamentais e não governamentais, resultaram: a) Na elaboração do plano de ação da escola. b) Na formação de dois grupos de trabalho - infraestrutura e didático-pedagógico, envolvendo alunos e professores da UFAM, da comunidade escolar e da APMC. c) Na elaboração de três relatórios técnicos, encaminhados ao gestor da escola e ao órgão municipal de educação e compostos por projetos de arquitetura e de engenharia para reforma da arquitetura predial (melhoria e adequação dos espaços), das instalações hidrossanitárias, elétricas e do sistema de ventilação/refrigeração da escola, quais sejam: projetos da cobertura metálica da área externa com arquibancada, de modernização das fachadas frontal e posterior, do palco modulado de madeira e de sinalização; de adequação das instalações prediais de água fria, de energia elétrica e de refrigeração/ventilação; e, do sistema de esgotamento sanitário, com um novo esquema geral de esgotamento e o detalhamento de unidades de tratamento de esgoto sanitário. d) Na realização do Curso Prático de Limpeza de Aparelhos de Ar Condicionado Tipo Split e Janela, direcionado a alunos, pais de alunos e comunitários.
CONCLUSÃO:
No processo de gestão ambiental participativo dessa escola municipal: a) A engenharia foi o instrumento de sua implantação e foi decisiva para o desenvolvimento de ações integradas e cada vez mais abrangentes, contribuindo para o envolvimento da comunidade escolar e dos comunitários, que neste processo passaram a ser agentes de transformação. b) O processo de educação ambiental viabilizou a mobilização e a sensibilização da comunidade para as questões ambientais da escola e do bairro, onde ela está inserida, e contribuiu para a valorização e a conservação do ambiente escolar e, conseqüentemente, para a melhoria da qualidade do ensino. c) Ocorreu a articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão, na medida em que todos eram estimulados a trabalhar de forma integrada, aplicando seus conhecimentos na solução de problemas concretos, e a desenvolverem atitudes de intervenção direta nos problemas ambientais identificados, dentro das especificidades da comunidade, resultando na superação de limitações individuais, na troca de conhecimentos, experiências e valores e na criação do sentido de cidadania.
Instituição de Fomento: Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
Palavras-chave: gestão ambiental participativa, engenharia, UFAM.