61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 4. Parasitologia Geral
METAZOÁRIOS PARASITOS DE Brycon melanopterus (COPE, 1871) CAPTURADOS NO RIO SOLIMÕES/AMAZONAS, MÉDIO-AMAZONAS, AMAZONAS, BRASIL.
Sandro Loris Aquino-Pereira 1
Hellen Paredio Santana 2
Bruno Colares Batalha 2
Glauco Barros e Silva 2
Ingrid Rafaele de Almeida Lopes 2
Roberto de Alencar Viana 2
1. Doutorando do Curso de Biologia de Água Doce e Pesca Interior (BADPI/INPA).
2. Estagiários do Laboratório de Parasitologia e Patologia de Peixes (LPP) – CPBA –
INTRODUÇÃO:
Entre as atividades extrativistas realizadas historicamente pelo homem na Amazônia, a pesca é a que envolve diretamente ou indiretamente o maior contingente populacional da região (Fabré & Alonso, 1998). As espécies do gênero Brycon explotadas na bacia Amazônica são a Brycon amazonicus e a Brycon melanopterus, conhecidas vulgarmente como matrinxã e jatuarana, respectivamente, e inversamente na calha do rio Madeira (Lima, 2003). O conhecimento da taxonomia das espécies do gênero Brycon é ainda bastante limitado. Essa situação se deve a uma combinação de fatores. A principal razão para tal situação foi à má amostragem disponível nas coleções de museus até a poucos anos (Lima, 2003). Lima (2003) revisou as espécies do gênero na América do Sul cisandina, e considera válida apenas 16 das 43 espécies nominais conhecidas para o gênero. Considerando que os exemplares utilizados na descrição de Brycon melanopterus são na verdade uma mistura de B. amazonicus e B. melanopterus (Lima, 2003), os parasitos registrados para essas espécies são aqui incluídos na parasitofauna de ambas. Devido a essa confusão taxonômica, o presente trabalho, tem como objetivo conhecer e registrar os metazoários parasitos de Brycon melanopterus em ambiente natural.
METODOLOGIA:
Foram adquiridos 08 peixes no mês de maio de 2007, diretamente de pescadores locais nas proximidades de Manaus. Os peixes adquiridos foram colocados em sacos plásticos, identificada à procedência, acondicionados em gelo e transportados para o laboratório. Posteriormente foram necropsiados ou armazenados em congelador a -18°C para posterior exame. No laboratório, os peixes foram pesados, medidos e necropsiados. Os parasitos encontrados foram coletados, fixados, conservados, etiquetados e posteriormente serão feitas as preparações para identificação, segundo a metodologia específica para cada grupo (Malta, 1982; 1983; 1992; Malta & Varella, 1983; 2000; Amato et al., 1991; Eiras et al., 2006). As fotografias, desenhos e medidas dos parasitos serão feitos a partir de montagens totais de exemplares em lâminas, com o uso de câmara clara e ocular micrométrica, acopladas a um microscópio óptico. Exemplares das espécies utilizadas neste trabalho serão depositados na Coleção de Invertebrados e Vertebrados do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, em Manaus. Após a identificação e cálculo dos índices parasitários, serão determinados os índices de diversidade e ecológicos (Magurran, 1988).
RESULTADOS:
Oito exemplares de B. melanopterus analisados apresentaram comprimento padrão médios de 21 ± 0,7 cm e peso médio de 197,7 ± 36,5 g. Foi coletado um total de 1.087 parasitos, pertencentes a 03 grupos de parasitos, são eles: Copepoda, Nematoda e Monogenoidea. Os grupos mais prevalentes foram Monogenoidea e Copepoda, fixados na brânquia, ambos com 100%. Seguidos dos Copepoda, fixados na narina, com 75%; Nematoda com 25% e Mongenoidea, fixado na narina, com 12,5%. A intensidade dos Monogenoidea e Copepoda das brânquias variou respectivamente de 5 a 187 e de 11 a 128 indivíduos. Já nos Copepoda de narina variou de 11 a 42 indivíduos. Nos Nematoda variou de 1 a 4 indivíduos e nos Monogenoidea de narina apenas 01 indivíduo. O grupo mais abundante nas brânquias foram os Copepoda com 65,25 indivíduos por peixe, seguido dos Monogenoidea com 53 indivíduos por peixe. Após, o grupo mais abundante na narina foram os Copepoda com 16,88 indivíduos por peixe. Os Monogenoidea na narina tiveram uma abundância de 01 indivíduo por peixe e os Nematoda de 0,5 indivíduo por peixe. Todos os grupos de parasitas encontrados têm distribuição satélite e índice de dispersão agregado, exceto os Monogenoidea da narina com dispersão aleatória.
CONCLUSÃO:
Todos os grupos de parasitas apresentaram distribuição satélite indicando ser uma comunidade de parasitas em estabelecimento. E a maioria dos grupos também apresentou um padrão de dispersão agregado, padrão este observado na maioria dos hospedeiros, em geral. Até o momento, a fauna de parasitas de B. melanopterus e B. amazonicus parece ter a mesma composição. Sendo necessário ainda identificar as espécies de parasitas encontrados para confirmar se a composição e a estrutura da parasitofauna das duas espécies é a mesma.
Instituição de Fomento: INPA
Palavras-chave: Brycon melanopterus, parasitos, jatuarana.