61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina
PREVALÊNCIA DE INTOLERÂNCIA À LACTOSE EM PRÉ-ESCOLARES E ESCOLARES NO MUNICÍPIO DE DUQUE DE CAXIAS
Renata Ruivo 2
Aderbal Sabra 1
Gabriela Cabral 2
Gustavo Rodrigues 3
Selma Sabra 4
1. Profº titular de Pediatria – UNIGRANRIO; Livre docente/doutor – UFRJ. Orientador
2. Acadêmicas de Medicina – UNIGRANRIO. Iniciação Científica.
3. Especialista em Gastroenterologia – UNIGRANRIO.
4. Profª adjunta de Pediatria – UNIGRANRIO; Mestre – UFF.
INTRODUÇÃO:

Grande parte da população mundial sofre de intolerância à lactose, que é uma inabilidade para digerir completamente o dissacarídeo predominante no leite: a lactose. Para ser digerido, esse açúcar precisa sofrer a ação da enzima lactase, que o transforma em galactose e glicose. A ocorrência de uma variação ontogenética determina maior prevalência de deficiência da lactase em certos grupos étnicos, principalmente negros e amarelos. No Brasil, a miscigenação, associada às condições precárias de higiene, com constante contaminação do tubo digestivo, originam baixa atividade da lactase nas crianças. Os principais sinais e sintomas associados a essa doença são: diarréia significativa com desidratação, principalmente em crianças de baixa idade; evacuação explosiva após a ingestão do alimento; assadura perianal; distensão e dor abdominal; flatulência; desnutrição; acidose metabólica; e enterite necrosante. O objetivo deste estudo é identificar a prevalência da intolerância à lactose, em pré-escolares e escolares, de 2 anos à adolescência, no município de Duque de Caxias e, posteriormente, orientar as ações da Prefeitura de Duque de Caxias, das instituições particulares de ensino, e de pais e responsáveis, quanto à dieta adequada a ser oferecida às crianças intolerantes à lactose.

METODOLOGIA:

O método diagnóstico utilizado foi o Teste de Tolerância com Sobrecarga Oral de Lactose, cujo primeiro passo é dosar a glicemia através da punção da polpa digital. A seguir, administra-se uma solução padronizada de lactose a 10%. Após 15 minutos, faz-se nova dosagem de glicemia. Um aumento de 20 a 30 mg/dL é considerado normal. Não havendo elevação da glicemia, deve-se fazer nova dosagem aos 30 minutos. Essa metodologia foi aplicada na Creche Favos de Mel, nas filiais de Gramacho e Duque de Caxias. Foram avaliadas 100 crianças, cujos pais autorizaram a inclusão no estudo através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Ao final do teste foi entregue aos responsáveis um questionário de sintomas que deveria ser preenchido com o que foi apresentado pela criança e devolvido na Instituição. Materiais: lactose, glicosímetro e fita de glicemia. Procedimentos: luvas, algodão, álcool e agulhas.

RESULTADOS:

Foram analisadas 100 crianças, sendo 61% do sexo masculino e 39% do feminino. Em relação à faixa etária tem-se que houve uma variação de 2 a 13 anos de idade assim distribuídos: 30% de 2 a 4 anos; 37% de 5 a 7 anos; 24% de 8 a 10 anos; e 9% de 11 a 13 anos. O teste de sobrecarga oral de lactose demonstrou haver 51% da população pediátrica com resultado positivo para intolerância e 49% com resultado negativo, sendo que 35% negativou no tempo 15 minutos e 14% no tempo 30 minutos. Obteve-se resposta em 64% dos questionários. Foram diagnosticados como intolerantes à lactose (teste positivo com sintomas) 20,3% da amostra. Entre os que se mostraram inconclusivos estão os com teste positivo sem sintomas e os com teste negativo com sintomas, alcançando 42,2% da amostra. Os pacientes sadios representaram 37,5%. Dentre os pacientes que apresentaram sintomas, a diarréia foi o mais prevalente (50%), seguida de dor abdominal e cefaléia (22,2%), e gases/distensão abdominal (5,6%).

CONCLUSÃO:

A partir dos resultados, percebe-se que a prevalência de intolerância à lactose no Município de Duque de Caxias se aproxima da prevalência brasileira, que está em torno de 45%, já que mais da metade das crianças testadas revelaram teste positivo para o desenvolvimento desta doença. Dessa forma, torna-se evidente a necessidade da realização do objetivo secundário desta pesquisa, que é orientar a dieta da criança, tanto em casa, quanto no ambiente escolar. A sintomatologia desenvolvida pelas crianças identificadas como intolerantes também apresentou concordância com a literatura, que aponta a diarréia como a manifestação mais prevalente, seguida por outros sintomas, como dor e distensão abdominal e flatulência.

Instituição de Fomento: FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
Palavras-chave: intolerância à lactose, crianças e adolescentes, Duque de Caxias.