61ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 7. Serviço Social
O ESPAÇO COMPARTILHADO NO TRÂNSITO ANALISADO SOB A ÓTICA DO SERVIÇO SOCIAL
Solange Boaventura 1
Ivania Prosenewicz 1
Edinelma Santana de Oliveira 1
Dulce Teresinha Heineck 1
José Martins Santos 1
1. CEULJI/ULBRA
INTRODUÇÃO:
O profissional de Serviço Social tem como objeto de seu trabalho a questão social, no entanto, precisa conhecer o perfil comportamental em diversos segmentos. Neste sentido, o trânsito é um espaço para pesquisar o comportamento social, pois todos os participantes deveriam agir de maneira a permitir que os envolvidos cheguem ao seu destino com segurança e tranqüilidade, o que nem sempre ocorre. Quando consideramos que a Educação de Trânsito está inserida em um processo sócio-histórico e que desde o início sua trajetória foi complexa e contraditória, verificamos o quanto é difícil para a sociedade reconhecer que a educação é o único meio para obtermos resultados satisfatórios na prevenção de acidentes no trânsito. Esta pesquisa objetivou verificar o comportamento e sentimento das pessoas no espaço compartilhado do trânsito e refletir sobre a educação popular.
METODOLOGIA:
Os dados foram coletados através de observações e entrevistas com roteiro de questões semi-estruturadas, realizadas na segunda quinzena de fevereiro a segunda quinzena de março 2009, nas proximidades da ponte sobre o Rio Machado no Município de Ji-Paraná-RO, onde uma das pistas se encontrava interditada para ampliação. Entrevistou-se 150 pessoas de ambos os sexos, que aguardavam paradas no trânsito para galgarem o outro lado da ponte. As entrevistas foram transcritas e analisadas posteriormente. Utilizou-se a dialética como método de análise que explica as contradições da realidade, e consente uma análise crítica do problema, com ações reflexivas, porque nada é pronto
RESULTADOS:
Considerada a segunda cidade maior do Estado de Rondônia, com uma população acima de 120.000 habitantes e tendo a mesma uma frota estimada em 50.000 veículos, além de ser cortado pela BR-364, o município de Ji-Paraná-RO passa, hoje, por uma situação adversa, ou seja, para facilitar o fluxo de veículos a ponte que divide a cidade em dois distritos está sendo ampliada. Neste sentido, para que essa ampliação fosse realizada em tempo ágil, foi interditada uma das pistas, ocasionando um acumulo do tráfego de veículos, e as pessoas chegaram a esperar até uma hora pela travessia. A pesquisa revelou que 60% das pessoas entrevistadas sentiam-se extremamente irritadas por permanecerem ali paradas lado a lado de pessoas estranhas. Observou-se a agressividade, bem como a ansiedade nessas pessoas por estarem atrasadas para chegarem ao local compromissado. Outros 30% dos entrevistados revelaram estar mais tranqüilos, pois já estavam preparados para essa possibilidade de espera na travessia, demonstrando mais cordialidade e solidariedade com os que estavam na mesma situação, mas achavam que deveria haver algum tipo de serviço básico de atendimento. Os 10 % restantes salientaram que aquela situação poderia ser melhor aproveitada para algum tipo de trabalho referente à saúde, educação ou de cunho religioso.
CONCLUSÃO:
Através desta pesquisa, constatou-se que o trânsito não é algo inerente ao ser humano, apesar das pessoas o enfocarem como tal. Na realidade ele é construído por todas as pessoas, sendo necessário pensá-lo como parte integrante do meio em que vivemos. Neste sentido, o ato de educar assim como a Educação no Trânsito está longe de ser o ideal. A análise demonstrou que a questão social revela–se nas mais variadas formas de expressão, fazendo-se necessária à intervenção do profissional de Serviço Social que trabalha diretamente com as relações sociais e suas problemáticas. Um outro fator é que não se prende à educação social a regras do trânsito. De nada adiantará criar novas normas de trânsito enquanto os cidadãos não se derem conta de que o trânsito é um espaço compartilhado e exige o exercício de cidadania, responsabilidade e sentimentos de solidariedade e coletividade.
Palavras-chave: Trânsito, Espaço Compartilhado, Serviço Social.