O uso empírico de plantas medicinais pela população tem revelado que a raiz, caule, folhas, frutos, sementes e flores têm eficiência na cura de diversos males, despertando grande interesse no estudo científico dessas plantas. A humirianthera ampla (Miers), também conhecida como surucuína, surucucaína e batata teju-açú é utilizada com propósito de diminuir os efeitos de dores causadas por picadas de cobras em comunidades rurais do estado de Rondônia. Após estudo fitoquímico, foram isoladas 3 substâncias do eluato acetato de etila em hexano na proporção 1:4 (HAP1, HAP2 E HAP3). A Leishmaniose é uma doença tropical causada por um protozoário do gênero Leishmania, que é transmitido pela picada do inseto fêmea do gênero Lutzomyia, sendo os seres humanos considerados hospedeiros acidentais. Em se tratando de Leishmaniose, estudos químicos e imunofarmacológicos são realizados a fim de encontrar novos compostos, de princípio ativo de baixa concentração e toxicidade, economicamente viáveis, de efeito específico e que revertam à resistência do parasita à droga. O objetivo deste trabalho é avaliar a atividade leishmanicida dos extratos e substâncias isoladas da planta H. ampla (Miers) em promastigotas de Leishmania amazonensis e Leishmania brasiliensis in vitro.

O extrato foi preparado pelo método de percolação com Etanol 95% (VETEC), evaporado no equipamento FISATOM mod. 802A e aparelho de banho-maria (BIOPAR). O fracionamento é descrito por Ferri (1996), onde o extrato bruto é submetido à coluna filtrante com fase estacionária e extraído por ordem de polaridade dos solventes: Hexano, CHCl₃, EtOAc, Acetona e MeOH. Após a obtenção do eluato de EtOAc:Hex 1:4 foram isoladas as substâncias HAP1, HAP2 e HAP3, e encaminhadas para elucidação estrutural. A avaliação leishmanicida foi realizada no IPEPATRO (Porto Velho – RO), onde os parasitas utilizados foram promastigotas de Leishmania amazonensis cepa PH8 (IFLA/BR/67/PH8) cepa PH8 e Leishmania braziliensis Pb 18 (BR/Pb18). As drogas foram adicionadas até completar 90µL em placas de 24 poços e observadas por 24 horas. O ensaio de citotoxidade foi realizado com macrófagos cultivados na presença do extrato de H. ampla nas concentrações de 2,5, 5, 10 e 20 µg/mL, sendo os controles cultivados em meio RPMI e Etanol, sem a presença do extrato em ambos.  As culturas foram incubadas por 24 horas a 37°C em atmosfera úmida contendo 5% de CO2. Após esse período, as células eram contadas em câmara tipo Neubauer, utilizando o corante Azul de tripan a 0,1%.

As amostras HAP 1, HAP 2 e HAP 3, possuem ponto de fusão: 125°C a 130 ºC, 124 a 128 ºC e 130 a 140 ºC, respectivamente, sendo todas solúveis em clorofórmio e foram encaminhadas para elucidação estrutural. O extrato etanólico obteve os resultados frente a Leishmania amazonensis e Leishmania braziliensis. A concentração de 50 mg/mL foi suficiente para promover a morte de 97,2% dos parasitas de L. braziliensis após 48 horas de tratamento e 99,2% de inibição para os parasitas de L. amazonensis. O índice de inibição de crescimento médio (IC₅₀) do extrato, foi estimado numa concentração de 7,30mg/mL para a L. amazonensis e em torno de 6,60mg/mL para a L. braziliensis. A ação de HAP-1 na concentração de 10 mg/mL foi mais evidente para L. amazonensis (60% de inibição) do que para L. braziliensis (54,7%), tendo o IC₅₀ 8,01µg/mL e 2,11µg/mL, respectivamente. Para HAP-2 houve uma inibição do crescimento na base de 60% e 55%, para L. amazonensis e L. braziliensis respectivamente. O IC₅₀ para a HAP-2 ficou na concentração de 8,30µg/mL para a L. amazonensis e 4,90µg/mL para a L. braziliensis.   

A pesquisa desenvolvida com a H. ampla envolveu a investigação da ação leishmanicida de extratos e eluatos e também o isolamento, a purificação e a identificação de constituintes da planta. O estudo fitoquímico utilizando o eluato 25% EtOAc:Hex resultou em substâncias isoladas, sendo três delas identificadas no Departamento de Química da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Este trabalho confirma que o Extrato Etanólico de Humirianthera ampla, mostra uma atividade Leishmanicida in vitro, relatando pela primeira vez a avaliação do eluato e substâncias isoladas, para as espécies L. braziliensis e L. amazonensis.