61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 3. Filosofia - 2. Filosofia
A TEORIA DA CONSCIÊNCIA DE DANIEL DENNETT
Luiz Pedro E Silva Neto 1
Larissa Silva Abreu 2
Raimundo Nonato Araujo Portela Filho 3
1. Graduando de Filosofia/UFMA
2. Graduanda de Psicologia/UFMA
3. Departamento de Filosofia/UFMA
INTRODUÇÃO:
Daniel Dennett, nascido em 1942, é um dos filósofos da mente e cientistas cognitivos vivos mais importantes da contemporaneidade. Tem influências naturalistas, isto é, aceita que a natureza do mental pode ser explicada pela ciência. Sua teoria da consciência é uma teoria da natureza do pensamento, ou seja, explicar a natureza da consciência é explicar como se formam conteúdos mentais. Sendo assim, Dennett se refere à consciência como sendo a nossa capacidade de elaborar narrativas sobre o que ocorre em nossas mentes, diferindo do significado de consciência enquanto deliberação ou o saber o que se está fazendo. Dennett propõe um modelo de consciência caracterizado como uma máquina virtual, e para sustentar tal modelo nega concepções como a indivisibilidade do pensamento, a inefabilidade da consciência e a irredutibilidade do caráter consciente da experiência, opondo-se a ideias de Descartes, Nagel e Chalmers. Dennett admite ainda que a consciência pode e deve ser teorizada numa perspectiva de terceira pessoa, desconstruindo a ideia de acesso privilegiado dos próprios conteúdos mentais, que vem sendo afirmada desde os primórdios da filosofia da mente.
METODOLOGIA:
Efetiva-se uma pesquisa bibliográfica fundamentada em textos de Daniel Dennett (1991) e de João de Fernandes Teixeira (2000, 2005, 2008), examinando-se a concepção de consciência em Dennett a partir de debates em grupo de estudos sobre filosofia da mente. Por fim, são realizadas algumas conclusões a partir da exposição efetuada.
RESULTADOS:
Para que se entenda a teoria empírica da consciência de Dennett, é preciso conhecer um modelo cognitivo chamado pandemonium, que se dá do seguinte modo: vários agentes competem entre si por uma predominância momentânea, alguns se sobrepõem tornando-se o foco da atenção. Segundo Dennett, o cérebro coleciona tais predominâncias e as organiza em uma máquina virtual sequencializadora das versões produzidas a partir de um único estímulo, criando a sensação de um fluxo único de consciência. Na teoria dennettiana os agentes são narrativas fragmentadas. A máquina virtual tem um funcionamento serial, gera narrativas seriais, o que não implica que o funcionamento do cérebro seja serial. Com a ideia de várias narrativas fragmentadas, desconstrói-se a concepção de indivisibilidade do pensamento, e por ser uma máquina virtual, esta não tem localização no cérebro, além de que não há um elaborador central de uma narrativa privilegiada. Para embasar uma teoria da consciência a partir de terceira pessoa, Dennett fala de uma heterofenomenologia que é uma reconstrução de relatos subjetivos, tirando o foco de primeira pessoa, possibilitando uma interpretação a partir de uma perspectiva de terceira pessoa.
CONCLUSÃO:
A teoria dennettiana da consciência seria incompleta se ficasse apenas até os limiares da teoria de Calvin (1990), que não fala como são originados conteúdos mentais que nos são dados diretamente pela estimulação sensorial, por exemplo, a linguagem e a cultura. A origem estaria nos memes (termo tomado emprestado de Richard Dawkins), que são unidades de informação, que permitem repassar informação e cultura para futuras gerações. No entanto, o uso dos memes deixa a teoria de Dennett vulnerável, pois a ideia de que esses povoam nossa mente, tendo eles apenas um estatuto ontológico, nos leva a dificuldades teóricas. Dennett, em muitos aspectos, pode ter seu pensamento aproximado ao de B. F. Skinner, como lembra Teixeira (2008), principalmente no que tange à desconstrução da noção de um eu-iniciador na produção de comportamentos. Outro aspecto a ser considerado é como Dennett trata a questão dos qualia, sustentando que esses não existem. Para ele, os sentimentos de si só existem na medida em que são reportados pelo sujeito que os tem, ou seja, em uma perspectiva de segunda ou terceira pessoa. Por fim, investigações sobre a fisiologia do neurônio parecem apontar para um modelo que se assemelha à hipótese de pandemonium de Dennett.
Palavras-chave: Filosofia da Mente, Consciência, Daniel Dennett.