61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 1. Físico-Química
COMPARAÇÃO DO PERFIL FÍSICO-QUÍMICO DO ÓLEO DIESEL COMUM COMERCIALIZADO NO ESTADO DE RONDÔNIA COM AS MISTURAS B2 E B3
Luís Fernando Lira Souto 1
Pedro di Tárique Barreto Crispim 1
Cícero Hênio Vieira Marques 1
Mariângela Soares de Azevedo 1
Tainá Cunha Aguiar 1
Nilton Fagner de Oliveira Araújo 1
1. Universidade Federal de Rondônia
INTRODUÇÃO:

A lei n°. 11.097, de 13 de janeiro de 2005, dispõe sobre a introdução do biodiesel na matriz energética brasileira. Estas misturas são chamadas de B2 e B3, respectivamente, enquanto o biodiesel puro recebe a denominação B100. A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), aponta para a necessidade de se avaliar a qualidade desta mistura a partir da realização de análises laboratoriais e emissão de Boletim de Conformidade.  Neste sentido a análise estatística descritiva e inferencial, através da Análise da Variância (ANOVA), na comparação do Perfil Físico-Químico do diesel comum com as misturas óleo diesel/biodiesel B2 e B3, pode ser uma boa ferramenta na avaliação das características e da qualidade destes combustíveis comercializados no estado de Rondônia. Para análise de conformidade do óleo diesel e tais misturas, diversas propriedades físico-químicas foram abordadas de acordo com a resolução 35/2007 da ANP. Todos os ensaios físico-químicos foram realizados no Laboratório de Combustíveis (LABCOM), implantado no campus da Universidade Federal de Rondônia, em Porto Velho-RO. O objetivo deste estudo é comparar o perfil físico-químico do óleo diesel comum comercializado no estado de Rondônia com as misturas B2 e B3 utilizando a ANOVA.

METODOLOGIA:
A escolha das amostras foi realizada de modo aleatório no banco de dados do LABCOM. O programa utilizado foi o STATISTICA 8.0, os dados foram tratados utilizando-se a ANOVA a um critério de classificação com teste de Tukey com um nível de significância (α) = 0,05%. Todos os ensaios físico-químicos do óleo diesel foram realizados segundo os critérios técnicos estabelecidos pela ANP por meio da Resolução ANP N° 35, de 09.11.2007, tendo sido abordados 9 parâmetros e utilizado um total de 540 amostras, sendo 180 de cada tipo de combustível utilizado: óleo diesel comum (ODC), ODC com 2% e 3% de biodiesel, misturas B2 e B3 respectivamente. A análise do ponto de fulgor foi realizada de acordo os métodos ASTM D93 e NBR 14598 no equipamento WATER HERZOG GmBH modelo HP329 de vaso fechado automático. Os ensaios de destilação foram realizados segundo os métodos ASTM D 86 e NBR 9619 no destilador automático AD 86 5G/5 2 marca ISL. A determinação da massa específica foi realizada segundo os métodos ASTM D 1298 e NBR 7148 para o densímetro de vidro (HV) e ASTM D 4052 e NBR 14065 para o densímetro digital (DD). O cálculo do índice de cetano foi realizado com auxílio de um programa computacional.
RESULTADOS:
As análises físico-químicas indicaram a conformidade das amostras em relação aos parâmetros estabelecidos pela resolução n° 35/2007 da ANP. Nas temperaturas de destilação o diesel puro apresentou valores médios maiores do que B2 e B3, com F= 47,20 (valor-p= 0,00) para a temperatura de 10% destilados (T10%), F= 32,00 (valor-p = 0,00) para a temperatura de 50% destilados (T50%), F= 60,00 (valor-p = 0,00) para a temperatura de 85% destilados (T85%) e F= 12,00 (valor-p= 0,00) para a temperatura final de destilação (TPFE). Em relação à temperatura de 90% destilados (T90%) o comportamento diferiu-se das demais, as médias do diesel puro e do B3 se mostraram estatisticamente semelhantes e com valor maior do que B2, com F= 57,00 (valor-p = 0,00). Seguindo comportamento similar ao das temperaturas de destilação, as variáveis ponto de fulgor (PF) e massa específica apresentaram valor médio maior para o diesel puro em relação a B2 e B3, com F= 49,59 (valor-p = 0,00) para o primeiro e F= 6,00 (valor-p = 0,00) para o segundo. Quanto ao índice de cetano (IC), não foi observado diferenças entre os valores médios dos combustíveis ora estudado.
CONCLUSÃO:
A ANOVA com teste de Tukey indicou que a adição das frações de 2% e 3% de biodiesel ao diesel apresentou diferenças estatisticamente significativas entre os valores médios das temperaturas de destilação (T10%, T50%, T85%, T90% e TPFE), massa específica e ponto de fulgor. Essa diferença se deu com o diesel puro apresentando valores médios estatisticamente maiores do que os apresentados pelas blends B2 e B3. Dentre os diversos fatores que podem ter corroborado nesse resultado, pode ser destacado que: a amostragem pode ter sido feita em um período em que as bateladas de diesel fornecido pelas distribuidoras poderiam ser de uma fração mais pesada e/ou o biodiesel misturado ao diesel poderia estar com teor de metanol ou etanol acima do limite regulamentado pela ANP decorrente da reação de transesterificação. Quanto ao índice de cetano (IC) um estudo da correlação linear desta com as demais variáveis seria o mais adequado, visto que, esta depende das temperaturas de destilação T10 e T50 e da massa específica.
Instituição de Fomento: Laboratório de Combustíveis da Universidade Federal de Rondônia (LABCOM – UNIR)
Palavras-chave: óleo diesel, biodiesel, análise de variância.