61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
“É UMA OFENSA A DEUS DIZER QUE O HOMEM VEIO DE MACACO”: REJEIÇÃO À TEORIA DA EVOLUÇÃO BIOLÓGICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.
David Figueiredo de Almeida 1, 2
1. Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Tropical, UNIFAP.
2. Secretaria Estadual de Educação do Amapá
INTRODUÇÃO:
A Teoria da Evolução Biológica por Seleção Natural, formulada independentemente por Charles Robert Darwin (1809-1882) e Alfred Russel Wallace (1823-1913), fora descrita no livro “On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life”, publicado em 1859, por Darwin, completando, portanto, 150 anos de publicação em 2009. Na época de sua publicação, o trabalho de Darwin e Wallace abalou as relações entre o conhecimento cientifico e religioso, pois confrontava a concepção criacionista, segundo a qual todas as espécies vivas foram criadas por uma entidade divina, de uma só vez, permanecendo imutáveis desde então. Embora, nos dias atuais, muitas religiões se tenham se adequado a esta teoria científica amplamente evidenciada, muitas correntes permanecem interpretando os registros religiosos de forma literal, alimentando o conflito entre ciência e religião. O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento prévio das concepções discentes, na Educação de Jovens e Adultos (EJA), do ensino fundamental, a respeito das origens da biodiversidade, sob o enfoque dos modelos criacionista e evolucionista, estudo este que antecedeu as abordagens pedagógicas do conteúdo referente à Evolução Biológica, em turmas de 4ª etapa (7ª e 8ª séries), em uma escola da rede estadual do Amapá. Tal levantamento é relevante na medida em que o conhecimento das concepções prévias dos alunos por parte do professor se torna ferramenta do planejamento, no caso deste trabalho, no ensino da Teoria da Evolução Biológica.
METODOLOGIA:
Foram aplicados questionários com itens fechados e abertos nas duas turmas de 4ª etapa do ensino fundamental (EJA) da Escola Estadual Zolito de Jesus Nunes, localizada na periferia do Município de Macapá (AP), Brasil. Responderam aos questionários 49 alunos, em sua maior parte de 16 e 17 anos (43%), do sexo masculino (53%) e de religião católica (55,1%). O trabalho foi executado em fevereiro de 2009.
RESULTADOS:
Questionados sobre a origem da biodiversidade, 61.2% assinalaram a criação divina, em seis dias, tal como postula a Bíblia Sagrada cristã. Apenas 10.2% acreditam que as espécies atuais são resultantes do processo evolutivo operado em espécies anteriores. Para 33.3%, acreditar na evolução das espécies é o mesmo que rejeitar a existência divina. Além disso, 52% ignoram o fato de que a Igreja Católica aceita a Teoria da Evolução, e que inclusive tem ratificado as idéias de Darwin. 16% foram contra o ensino da Evolução na escola e 35% indiferentes, ou seja, nem a favor, nem contra.
CONCLUSÃO:
Os elevados índices de rejeição à teoria da evolução observados, acompanhados de mitos diversos que ainda persistem em sala de aula (como as falsas idéias nas quais o Homem surgira de macacos, a evolução nega a existência de Deus e que a Igreja não aceita a Evolução) sugerem a necessidade de intervenções que exponham aos alunos a Teoria da Evolução ao lado da diversidade de modelos criacionistas existentes, diferenciando o conhecimento científico do religioso, suas metodologias e características gerais, com o objetivo final não de provocar no aluno a recusa de suas concepções, mas de fazê-lo compreender a possibilidade de harmonizar suas crenças religiosas com o conhecimento científico, visto que os modelos criacionistas admitem várias explicações, e não apenas uma, como geralmente se pensa.
Palavras-chave: Darwin, Criacionismo, Ciência x Religião.