61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
PREVALÊNCIA DO USO DE ÁLCOOL E TABACO E ASSOCIAÇÃO COM AS CARACTERÍSTICAS FAMILIARES DE ESTUDANTES DO INTERIOR DO AMAZONAS
TACIANA LEMOS BARBOSA 1
ADENILDA TEIXEIRA ARRUDA 1
ANA CYRA DOS SANTOS LUCAS 1
ROSANA CRISTINA PEREIRA PARENTE 1
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
INTRODUÇÃO:

O consumo de álcool e tabaco é um problema mundial que se caracteriza por produzir grandes perdas econômicas, sanitárias e sociais. Embora não recebam tanta atenção quanto ás drogas ilegais, o álcool e o tabaco, continuam sendo as drogas mais consumidas e as que trazem maiores prejuízos a população brasileira, e ainda são pouco consistentes as intervenções preventivas voltadas para estas drogas.

A atitude positiva da família com relação ao uso de drogas reforça o início do uso pelos jovens, levando-se em consideração as relações familiares como um dos fatores mais relevantes neste contexto. Uma relação familiar gratificante é um forte fator protetor, mesmo no caso dos pais usuários de álcool, tabaco e outras drogas, quando são capazes de prover um contexto amoroso, afetuoso e de cuidado. 

Estudos acerca do consumo de álcool, tabaco e outras drogas por estudantes realizados no Brasil têm sido conduzidos quase que exclusivamente nas capitais e considerando a importância da ampliação do conhecimento do uso de álcool e tabaco na população estudantil no interior do Estado, nossos objetivos foram determinar a prevalência do consumo de álcool e tabaco entre os estudantes do interior do Estado do Amazonas e identificar a associação deste consumo com as características familiares dos estudantes.

METODOLOGIA:

Estudo quantitativo com corte do tipo transversal de base escolar. Fizeram parte da pesquisa escolas públicas de 18 municípios distribuídos nas quatro mesorregiões do Estado do Amazonas: Centro - Manacapuru, Maués, Tefé, Coari, Parintins e Itacoatiara; Norte - Santa Isabel, Barcelos e São Gabriel da Cachoeira; Sudoeste - Fonte Boa, Eirunepé, Santo Antônio de Iça e Tabatinga e Sul - Manicoré, Borba, Humaitá, Boca do Acre e Lábrea. A população do estudo foi composta por estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino, matriculados entre os anos de 2004 e 2006. A amostra foi composta por 11.075 alunos, obtida por conglomerados em três estágios: definição dos municípios, sorteio das escolas e turmas, considerando-se para determinação de seu tamanho o grau de confiabilidade de 95% e precisão de 5,0%. O instrumento utilizado foi um questionário padronizado de autopreenchimento, não identificado, baseado nos estudos do CEBRID, de aplicação coletiva e contendo 75 questões. Na análise estatística, descritiva e bivariada, utilizou-se o programa R versão 2.8.0. Na verificação das associações entre as variáveis foi utilizado o teste do qui-quadrado ou razão de verossimilhança, segundo o caso e para tabela 2 X 2 utilizou-se o teste Exato de Fisher. Adotou-se a classificação da Organização Mundial de Saúde para o uso das substâncias.

RESULTADOS:
Na amostra dos alunos há um predomínio do sexo feminino, com 51,6%. As maiores proporções por idade estão na faixa etária dos 15 aos 17 anos (34,6%) e acima dos 17 anos (33,6%). A prevalência para uso na vida do álcool e tabaco foi 58,64% e 35,38%, respectivamente. Entre os alunos que já experimentaram o álcool 54,63% também já o fizeram com o tabaco. Em relação ao convívio com outros familiares que bebem e fumam foi encontrada associação significativa: a proporção de uso na vida de álcool (64,67% versus 40,73%) e tabaco (40,18% versus 26,67%) foi maior entre aqueles que conviviam com familiares que usavam tais substâncias. O uso na vida de álcool também foi maior entre os estudantes que não viviam com os pais (70,92%) e de tabaco entre os que não tinham pai (44,6%). Quanto ao relacionamento do aluno com pai e mãe ficou evidente que entre aqueles que declararam ter um contato ótimo ou bom há menores percentuais de uso na vida das substâncias, o mesmo acontecendo, considerando-se o relacionamento entre os pais dos alunos. As maiores taxas de uso na vida do álcool e tabaco encontraram-se entre os escolares que consideram pai e mãe liberais ou muito liberais.
CONCLUSÃO:

As prevalências de uso na vida do álcool foi 58,64% e a de tabaco 35,38%, valores preocupantes quando consideramos uma população de adolescentes escolares. Observou-se associação do uso na vida de ambas drogas com o convívio com bebedores e fumantes na família, com a situação de pais que não vivem juntos, com o relacionamento com os pais regular a péssimo, e com considerar os pais liberais ou muito liberais. Estes dados permitiram concluir sobre a influência da família no uso na vida de álcool e tabaco entre os estudantes do interior do Estado do Amazonas, sendo importante incluir em futuras ações de prevenção medidas voltadas para este meio.

Instituição de Fomento: Fundação de Amparo a Pesquisa do Amazonas - FAPEAM
Palavras-chave: ÁLCOOL, TABACO, ESTUDANTES.