61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social
O PROCESSO DA HOMOLOGAÇÃO DA RAPOSA SERRA DO SOL E A VIOLÊNCIA GERADA A PARTIR DA ORGANIZAÇÃO INDÍGENA: 1970 a 1998
Carla Onofre Ramalho 1
Paulo Sérgio Rodrigues da Silva 1
Jaci Guilherme Vieira 1
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA/DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
INTRODUÇÃO:

Num período mais recente da História foi observado a constante luta pela demarcação das terras indígenas no Brasil, especialmente, a terra indígena Raposa Serra do Sol, localizada no estado de Roraima. Para situar a pesquisa é importante reporta-se ao tipo de catequese da Igreja católica, a desobriga, desenvolvida desde o século XVIII, junto aos aldeamentos no Rio Branco, nome antigo do Estado,quando rompeu com o pacto do silêncio e dominação predominante, sobre a alarmante invasão das terras indígenas por fazendeiros que se dedicavam à pecuária, como também, de outros setores produtivos da região como a mineração realizada de forma desordenada, retirando as populações indígenas de suas terras.  A problemática da ocupação das terras indígenas sempre existiu nessa região, desde o século XVIII, XIX e praticamente todo o século XX.  Porém, isso não é tudo, procuramos pesquisar a própria resistência dos povos indígenas, que gerou processos de violência, com mortes, registrados nas atas das assembléias, relatórios e nos jornais locais, por parte de fazendeiros sobre lideranças indígenas e a todos que se solidarizassem com os povos indígenas. Enfim, ficaram todos a mercê da violência das diversas forças contrários  a luta dos povos indígenas.   

METODOLOGIA:

Esta pesquisa se insere numa tendência historiográfica que se caracteriza pela pluralização e cruzamento das fontes de pesquisa, ampliando-se ilimitadamente o conceito de documentação histórica. Assim, pretendeu-se desenvolver este estudo por meio das seguintes etapas de trabalho: primeiramente foi levantada uma bibliografia sobre a Igreja na Amazônia, como também a questão dos povos indígenas no Brasil e especialmente na Região Norte. Essa análise bibliográfica forneceu o apoio teórico necessário, tanto para apontar caminhos, como para embasar a reflexão e a análise dos diferentes registros; segundo foi pesquisado em documentos escassamente trabalhados, produzidos por religiosos nas suas inúmeras reuniões tais como: discursos, diários, notícias nos jornais da cidade, memorandos, cartas de Tuxauas, a religiosos etc.; por último foi realizado o uso da técnica da história oral com o sentido de dar a voz aqueles que participaram diretamente do processo de organização dos povos indígenas. Foram desenvolvidas entrevistas tanto com religiosos com as lideranças indígenas com o objetivo de obter relatos vivos de aspectos julgados pertinentes ao estudo.

RESULTADOS:

A pesquisa realizada através dos documentos históricos: jornais, relatos orais e outros possibilitou a obtenção de dados relevantes sobre o período pesquisado de 1960 a 1998, que permitiu uma análise detalhada sobre os vários processos violentes cometidos contras os povos indígenas. Foram mais de 20 lideranças indígenas assassinadas brutalmente, agressões de várias naturezas: física e preconceituosa, destruição de casas e centros de estudos. A mobilização dos povos indígenas em organizações, muitas vezes com a atuação da Igreja católica, teve como consequência imediata a revolta dos fazendeiros, rizicultores, garimpeiros e mineradores, que além de invasores das terras indígenas, provocaram muitos atos violentos para intimidar e calar as lideranças dos povos de várias etnias existentes na área Raposa Serra do Sol.

CONCLUSÃO:

A partir dos estudos realizados pode-se concluir que o rompimento dos povos indígenas, a partir de suas organizações, com a subordinação aos fazendeiros, mineradores, rizicultores, garimpeiros gerou muitas inconformações com aqueles que ao longo da história dominaram, enganaram, exploraram e escravizaram os indígenas e como reação desses grupos dominantes várias ações violentas articuladas foram promovidas para desestabilizar as comunidades indígenas e impedir o direito à terra. A terra para as populações indígenas tem um valor especial, pois além de significar a própria vida, carrega a memória dos seus antepassados e garante a futura dos seus descendentes.

Instituição de Fomento: CNPq/Universidade Federal de Roraima
Palavras-chave: VIOLÊNCIA, RAPOSA/SERRA DO SOL, POVOS INDÍGENAS.