61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 2. Nutrição e Alimentação Animal
AVALIAÇÃO DO PH DE ENSILADO BIOLÓGICO DE PEIXE PRODUZIDO COM FONTE DE BACTÉRIAS LÁCTICAS ALTERNATIVA.
Alen Henrique Passos Maduro 1
Marcos do Prado Sotero 1
Flávia Alessandra Araújo de Lima 1
Alana Cristina Vinhote da Silva 1
Síndia Rokely Silva de Lima 1
Fábio Tonissi Moroni 2
1. FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS/UFAM – Acadêmicos de Zootecnia
2. INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS/UFAM – Orientador
INTRODUÇÃO:
A região Norte, apresentam dentro da cadeia agrícola, uma perda de cerca de 25% dos produtos produzidos, seja por má conservação, inadequação de estocagem ou por manuseio dos diversos produtos aqui produzidos (ARIDE, 2006). O ensilado de peixe é um produto protéico e de alto valor biológico na alimentação animal, que pode ser produzida a partir de espécies de peixes subutilizadas na piscicultura, descartes da comercialização de pescado e resíduos de indústrias de processamentos. Estes são considerados matéria-prima de baixa qualidade e quando não utilizados, causam problemas ao meio ambiente (VIDOTTI, 2001). A produção do ensilado é simples e requer baixo investimento. Os processos de produção do ensilado biológico de pescado são, essencialmente, os mesmos que usados em ensilados vegetais, nos quais se reduz o pH, em condições anaeróbicas por ação de microrganismos, presentes ou não na matéria-prima, homo ou heterofermentativos, que se multiplicam a partir de um substrato de carboidratos (MACKIE et al.,1971). O objetivo deste trabalho foi determinar a melhor formulação de ensilado biológico de peixe, produzido a partir de bactérias láticas do soro de leite.
METODOLOGIA:
Para elaboração do ensilado biológico foram utilizados aracu (Schizodon vittatus) provenientes da feira da Panair em Manaus, açúcar cristal, sal comum e soro de leite segundo LESSI et al. (2004). Os peixes foram levados para o laboratório de tecnologia do pescado – UFAM, lavados e triturados. O sal foi espalhado sobre o resíduo e homogeneizado com uma espátula. O açúcar foi diluído no soro de leite e despejado sobre o resíduo também sendo homogeneizado. A fermentação foi realizada em ambiente livre de oxigênio, em sacos plásticos, para a multiplicação das bactérias láticas no meio. Foram testadas três formulações de ensilado biológico, todas com 1,5 kg de resíduo de peixe triturado e 60g de sal comum(4%), variando apenas as concentrações de açúcar e soro de leite sendo: Formulação 1: 75g de açúcar (5%) e 75ml de soro de leite (5%); Formulação 2: 150g de açúcar (10%) e 150ml de soro de leite (10%); Formulação 3: 300g de açúcar (20%) e 300ml de soro de leite (20%). Durante o processo de hidrólise (produção do ensilado), foi medido diariamente a variação do pH através das técnicas descritas pelas NORMAS ANALÍTICAS DO INSTITUTO ADOLFO LUTZ (1985) e a concentração de acidez, expressa em porcentagem de ácido lático (BRASIL, 2005).
RESULTADOS:
Os valores de pH estabilizaram-se por volta 4,7-4,8. As análises estatísticas utilizadas foram a ANOVA e teste Tukey a 5% de probabilidade, realizadas com as médias de três dias de fermentação (F1: 4,83±0,02a; F2: 4,75±0,02cb; e F3: 4,78±0,01b), quando as três formulações apresentaram pH estabilizado. As formulações 2 e 3 não apresentaram diferença estatística. A formulação 1 apresentou média de pH um pouco mais elevada diferindo estatisticamente das formulações de 2 e 3. A formulação 1 apresentou 27,19% de ácido lático, ficando um pouco acima da formulação 2 que apresentou 26,44% e a formulação 3 com 22,21%. Comparando as formulações 2 e 3, a formulação 2 apresentou 4,23% a mais de ácido lático. VAN WYK e HEYDENRYCK (1985), dizem que os fatores que influenciam o crescimento de bactéria lática, a velocidade que o pH se reduz e a repressão do desenvolvimento de microrganismos competidores podem ser vários como o tipo de resíduo, a disponibilidade do carboidrato, o tipo de microrganismo utilizado, condições de anaerobiose, temperatura, concentração de NaCl, concentração de ácidos orgânicos e valor de pH, a produção de outros compostos inibidores, a capacidade tampão do substrato, o número inicial de bactérias ácido-láticas e o número inicial de competidores microbianos.
CONCLUSÃO:
O crescimento de bactérias láticas promove uma maior produção de ácido lático com conseqüente diminuição do pH do meio. As bactérias ácido-láticas são tolerantes a pH baixo dominando o meio anaeróbico rico em carboidratos. A melhor formulação de ensilado biológico de peixe obtida neste trabalho, utilizando como fonte de bactérias láticas soro de leite e como fonte de carboidratos açúcar cristal, em três dias de fermentação, foi a formulação 2 com 4% de sal comum, 10% de soro de leite e 10% de açúcar.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/CNPq, Universidade Federal do Amazonas/UFAM
Palavras-chave: Resíduos de pescado, Alimentação animal, Soro de leite.