61ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 1. Lingüística Aplicada
PRECISÃO, FLUÊNCIA E VELOCIDADE DA LEITURA COMO FATOR DETERMINANTE NA COMPREENSÃO TEXTUAL
Valteir Martins 1
Silvana Andrade Martins 1
Artemísia Santos do Vale 1
Ivone Travassos da Silva 1
Suzi Muniz de Souza 1
Solange Lopes 1
1. Universidade do estado do Amazonas- UEA
INTRODUÇÃO:
O presente estudo se propôs a investigar os processos de apropriação e domínio da leitura dos alunos do 6º ano ao final do Ensino Médio das escolas de Parintins. Para isso, foram avaliados e analisados quatro fundamentos da leitura: a precisão, a fluência, a compreensão e a reflexão. A pesquisa se fundamentou nos pensamentos dos seguintes autores: Alliende & Condemarín (2005), Colomer & Camps (2002) e Ellis (2001). Esses autores trabalham a leitura numa perspectiva construtivista e dinâmica, onde a leitura e a escrita não são apenas uma decodificação do escrito para o oral e vice-versa, mas vão muito além, pois são vistas como uma inserção social, acúmulo de conhecimento, ampliação da capacidade criadora e uma atitude crítica diante do que se lê. A escola tem uma tarefa árdua ao propor a leitura como alvo primário no processo educativo. Diga-se “árdua” pelo fato da leitura enfrentar vários concorrentes na sociedade moderna. Em vez de pegar um livro e ler, o aluno tem a possibilidade de ir jogar videogame ou assistir a um programa televisivo. Alliende e Condemarín consideram essa situação como “crise” educacional tanto dentro quanto fora da escola. Ler com entendimento, criticidade e reflexão é a base para o aprendizado de todas as disciplinas educacionais.
METODOLOGIA:

A pesquisa foi feita entre os anos 2007 e 2008 em seis escolas municipais e estaduais de Parintins e atingiu 118 alunos do 6º ao 8º ano do Ensino fundamental e 83 do Ensino Médio. A coleta de dados se deu em dois momentos. No primeiro, todos foram submetidos ao teste do PISA 2000, com o objetivo de avaliar sua compreensão e reflexão na leitura. Cada questão do teste é enquadrada em dois parâmetros: quanto à informação, interpretação ou reflexão, por um lado; e quanto ao nível de dificuldade que variou entre 1 a 5, por outro. Num segundo momento, os alunos leram o texto Programa ACOL de Vacinação Voluntária Contra a Gripe”, o qual constava no teste. Essas leituras foram gravadas e avaliadas quanto à fluência e precisão. O objetivo foi correlacionar o grau de fluência na leitura com a capacidade de entendimento do texto, que seria estabelecido pela comparação com as notas obtidas no teste. A parte do texto escolhida para verificar a velocidade da leitura continha 405 palavras. Os tipos de erros foram identificados e classificados em “erros de precisão” e “erros de fluência”. Os alunos também foram submetidos a um questionário com questões abertas e fechadas, que versou sobre a prática de leitura na vida diária.

RESULTADOS:

A tabulação do teste do PISA 2000 mostrou que, quanto às questões referentes à informação do texto, os alunos acertaram 80% das de níveis 1 e 2, mas somente 24% das dos níveis 4 e 5. Nas questões que exigiam uma interpretação, eles acertaram 40% nos níveis 1 e 2 e 15% nos níveis 4 e 5. Já nas questões que remetiam a uma reflexão, acertaram 38% das de níveis 1 e 2, e 4% das de níveis 4 e 5. Quanto aos erros de leitura, 84,82% foram erros de precisão e 15,18% de erros de fluência. As subclassificações dos erros de precisão estabelecidas foram: omissão (de letra, sílaba, palavra, frase e morfema), acréscimo (de letra, palavra e morfema), troca (de letra, palavra, morfema e radical), correção, erro de sonoridade e inversão de letras. Os erros de fluência classificados foram: erro de entoação, erro de tonicidade, repetição e silabação. Quanto à velocidade média de leitura houve uma progressão dependendo do ano de escolaridade. As 201 palavras foram lidas em 2 minutos e 30 segundos, no 6o ano; 2 minutos e 8 segundos no 7o ano; e 1 minuto e 40 segundos no 8o ano. No Ensino Médio, o mesmo texto foi lido em 1 minuto e 28 segundos.  

CONCLUSÃO:

Os alunos responderam satisfatoriamente às questões referentes a informações superficiais, mas quando houve necessidade de reunir várias informações para formular uma resposta adequada, como o uso de mapas consorciados com texto, o desempenho foi menor. Eles se mostraram fracos em reflexão, pois a porcentagem de acerto foi apenas de 4% em questões de reflexão nos níveis 4 e 5. A nossa sociedade exige que seus membros façam reflexões críticas para solucionar problemas cotidianos. Não trabalhar a reflexão em nossas escolas é deixar o aluno deficiente para a criatividade, inseguro quanto a tomada de decisões acertadas e incapaz de formular hipóteses fundamentadas. Na fluência e velocidade da leitura, constatou-se que eles vão dominando a leitura com o passar dos anos, pois, a velocidade média, no 6º ano foi de 100 palavras em 1 minuto e 15 segundos; já no 8º ano, foi de 50 segundos e no Ensino Médio, de 44 segundos.  A diferença de tempo entre o 8º ano e o Ensino Médio foi apenas de 6 segundos. Isso nos mostra que os alunos alcançam uma boa velocidade de leitura a partir do final do Ensino fundamental. Verificou-se também que independente do ano de escolaridade, os alunos que leram mais rápido, com boa fluência e precisão, tiveram melhor desempenho no teste do PISA 2000.

Instituição de Fomento: FAPEAM
Palavras-chave: leitura, fluência, interpretação.