61ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 6. Literatura
INCENTIVO A LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO DE ALUNOS RIBEIRINHOS DA ESCOLA OLAVO NOVAES NO MUNICÍPIO DE SALVATERRA - MARAJÓ-PÁ.
Valquiane Pereira Serra 1
1. Universidade Estadual do Pará
INTRODUÇÃO:

A leitura é um processo de contínuo aprendizado, assim, salienta-se que desde cedo, é preciso formar um leitor que tenha um envolvimento integral com aquilo que ele lê. De maneira que a cada leitura, se possa adquirir mais profundidade e intimidade com o texto, que se consiga estabelecer um diálogo, fazendo perguntas e buscando respostas, seja este texto uma fábula, um conto ou qualquer outro. Nesse sentido, pode-se mencionar ainda que a leitura, além de produzir um contínuo aprendizado, desenvolve a reflexão e o espírito, sendo fonte inesgotável de assuntos para melhor compreender a si e ao mundo (CAGNETI, 1986, p.23).

As histórias dão liberdade ao leitor para desenvolver sua capacidade de criar e viajar pelo mundo da fantasia, permitindo assim um envolvimento prazeroso e reflexivo com a leitura. Com base na importância atribuída à literatura infantil para a boa formação do indivíduo, em seus aspectos culturais, bem como no desenvolvimento cognitivo da criança, percebeu-se a necessidade de desenvolver um estudo mais amplo referente à contribuição da literatura infantil na formação de leitores. A pesquisa objetivou investigar as contribuições da literatura infantil no processo de formação de leitores e as possíveis contradições que podem ocorrer no uso dessa arte literária.
METODOLOGIA:

O trabalho foi realizado no período de agosto a novembro de 2008 na Escola Municipal Olavo Novaes no Municipio de Salvaterra – Marajó, tendo como público alvo alunos de 1ª a 4ª série. Foram realizadas visitas semanais no decorrer dos quatro meses, onde eram realizadas atividades de incentivo ao contato das crianças com textos literários, visando auxiliá-las na análise, interpretação e produção dos mesmos. No primeiro mês houve a realização de um levantamento de dados para construção do perfil dos alunos e da escola, no que se referia a sua estrutura física. A partir do segundo mês ocorria um encontro semanal com cada turma, onde eram realizadas as atividades de produção e recepção de textos literários. Tais atividades eram realizados na brinquedoteca da escola, com duração de 45 minutos, onde eram utilizados livros para desenvolvimento de roda de leitura e posteriormente ocorria a discussão, teatrinho, confecção de desenhos de cenários e personagens da história lida e produção de texto visando a continuação do mesmo.  Ao termino de cada encontro havia uma socialização, dos fatos ocorridos, para os professores e direção da escola, visando a melhoria do processo de ensino-aprendizagem. Os dados estatísticos foram calculados no Excel e Biostat 5.O.

RESULTADOS:

A escola conta com seis salas de aula, brinquedoteca, e salas de apoio, possuía dez turmas, do Jardim a 4ª série, sendo que as atividades foram realizadas com oito turmas, quatro turmas matutinas e quatro vespertinas de 1ª a 4ª série. O perfil socioeconômico dos alunos mostrou que a escola possuía um corpo discente, em sua maioria filhos de ribeirinhos e agricultores.

Nas primeiras atividades houve grande interesse dos alunos, pois sair do cotidiano da sala de aula os atraiu para essa nova experiência. O que reforça a afirmação de OLIVEIRA 1990.

Com a prática das rodas de leitura os alunos foram vendo os textos literários como uma prática de libertação e não de obrigação, ao longo dos encontros foram mostrando o gosto pela leitura, a partir de então observamos que eles tinham agora um modo diferente de manusear os livros e de se expressarem perante as histórias lidas.

A cada encontro era maior o entusiasmo dos alunos não só para leitura como também para produção de histórias por eles criadas, que ganhavam vida através de desenhos, teatrinhos e música. As crianças se identificavam com personagens dos textos abordados, em cada turma surgia sempre um novo “Menino Maluquinho” ou um “Pequeno Príncipe” e todos queriam conhecer a chácara do “Zé Bolacha” ou o “Sitio do Pica-pau Amarelo”.

CONCLUSÃO:

Ao longo dos quatro meses de trabalho, foi possível observar resultados significativos, principalmente com as turmas de 3ª e 4ª série, que demonstraram não só interesse pela leitura, mas também pela confecção de histórias por eles criadas. As turmas de 1ª e 2ª série também mostraram uma grande curiosidade para com os livros, ma não conseguiam ainda elaborar textos, estes utilizavam desenhos para expressar suas histórias. Após o trabalho desenvolvido compreendemos que para estas crianças o hábito da leitura é muito mais que uma simples distração, esta ajuda na construção de forma competente o saber e a cidadania com base em uma infância povoada de personagens e histórias vividas em épocas de tão grandiosa imaginação que resultará na formação de um cidadão formador de opinião que compreende a realidade que o cerca.    

Palavras-chave: literatura infantil, produção de texto , aprendizagem.