61ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 1. Lingüística Aplicada
A compreensão leitora da Bíblia
Josivaldo Babosa da Silva 1
1. Rede Pública de Ensino
INTRODUÇÃO:

Comumente, o ato de ler a bíblia tem sido ainda uma prática de leitura expositiva  ou  de atividades que visam a extração de informações textuais, impedindo o sujeito-leitor ao  real processo de compreensão. Consequentemente, as atividades propostas, quando há, não dão suporte para o nosso aluno torna-se um cidadão ativo, reflexivo e capaz de interpretar a realidade a partir das leituras propostas. Este trabalho terá as considerações teóricas de Freire (1992), Kleiman (2002), Solé (2003) no que se refere à leitura não ser tratada apenas com uma visão de decodificação e sim, a atribuição de sentidos do texto a partir de práticas e atividades que realmente valorizem as informações coletadas pelo leitor de modo criativo e crítico. Temos em Oliveira et alii, 2000 (apud Colaço, 1999) os três níveis de processamento de sentido de texto respectivamente em graus de complexidade. São eles: o nível explícito, o nível implícito e o metaplícito. Pretendemos com este trabalho reconhecer os indicadores textuais e contextuais existentes na bíblia para crianças. Identificar os diversos níveis de compreensão textual da bíblia para criança e por fim, avaliar o resultado das questões da leitura a nível explícito e implícito.

METODOLOGIA:

Utilizamos para este projeto textos bíblicos extraídos da Bíblia para crianças. O trabalho foi desenvolvido numa escola pública do ensino fundamental. Iniciamos fazendo previsões sobre o texto a ser lido da seguinte forma: Que texto é esse ? Para que serve? Por que será que o assunto merece ser lido? Será que o texto vai dizer algo para a gente? Por que vocês acham? Outra razão? Se o texto trata de um problema, vocês acham que vai indicar alguma solução para o problema?... A partir das questões, sugerimos a reflexão quanto ao contexto do texto, a construção conjunta de um mapa textual exposto pelo professor, valendo-se também de conhecimento de mundo ativado nos alunos. O professor ressalta palavras e expressões do texto lido , para facilitar o processo de compreensão da leitura. Em seguida, com a entrega das cópias do texto ocorre a leitura silenciosa tendo duas questões para serem resolvidas. Uma a nível  de compreensão explícita (A que se refere o anjo Gabriel com a frase: “Ave cheia de graça, o Senhor está com você ?”) e outra a nível da compreensão implícita (O que levou Maria ficar assustada?). Por fim, após os alunos formularem suas respostas, as atividades são recolhidas para posterior análise do nível de capacidade de compreensão do nosso aluno. As informações analisadas serão explicitadas numa tabela com dados percentuais do desempenho.

RESULTADOS:

Quanto às respostas sobre o texto lido, verificou-se um resultado favorável, uma vez que os alunos demonstraram domínio, através dos acertos que realizaram. Outro aspecto que merece nossa atenção foi a demonstração de interesse e reconhecimento dos personagens do texto. Acreditamos que isso ocorreu porque temos alunos que possui uma vida religiosa ativa. Também fez parte do trabalho a leitura oral, em que percebeu-se a dificuldade de alguns alunos no reconhecimento, na pronúncia e significado de palavras ou expressões como: Galileia, descendente, pô-se etc.Para análise dos dados do rendimento na atividade de compreensão escrita, estabelecemos critérios de avaliação que tiveram as seguintes características. Na 1ª questão a nível explícito exige que os alunos construíssem relações entre ações contidas no texto. Tais respostas apresentam num percentual de 55% para resposta adequadas, 5% incompleta, 0% copiadas, 25% incoerentes, 5% ilegível e 10% respostas em branco. Já na segunda questão, corresponde ao nível implícito, pressupostos do texto e/ou elementos que estão implícitos no texto - a uma informação que não está explícita no texto. Observamos que 50% responderam adequadamente, nenhuma resposta incompleta, nenhuma resposta copiada, 28% incoerentes, nenhuma ilegível, e 22% das respostas  brancas.

CONCLUSÃO:

Concluímos que a proposta didática aplicada a leitura do texto bíblico para crianças possibilitou o envolvimento do grupo ao texto, estimulando uma série de conexões ao conhecimento prévio. Além disso, abriu um caminho para uma melhora significativa da leitura dos nossos alunos, através da superação de leitura enquanto decodificação e fazendo a efetiva construção de sentido do que se lê. No entanto, a descrição dos dados do desempenho nos mostra a necessidade de um planejamento das aulas de leitura que envolvem maior exposição das referidas habilidades. A experiência aqui descrita, fez-nos perceber melhor os aspectos teóricos e metodológicos que influenciaram as atividades de leitura, compreensão de textos e ainda reconhecer a importância do professor do ensino fundamental como mediador do processo.

 

Palavras-chave: leitura,, compreensão, bíblia.