61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 8. Psicologia do Trabalho e Organizacional
AS IMPLICAÇÕES DA SÍNDROME DE BURNOUT NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES DO GESTOR HOSPITALAR: UM ESTUDO NO HOSPITAL GERAL DE RORAIMA
Gessica Camilla Lopes da Silva 1
1. Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Roraima/IFRR
INTRODUÇÃO:
Presenciamos um momento em que ocorrem muitas transformações no mundo do trabalho, dentre as quais se destacam as referentes à tecnologia e as formas de gerir uma organização. Contudo, essas transformações nem sempre produzem efeitos saudáveis no individuo trabalhador, já que muitas vezes o trabalho causa problemas de insatisfação, irritação e etc.. A Síndrome de Burnout ainda é pouco estudada no Brasil, fazendo com que seus fatores de risco possam estar presentes no dia a dia do trabalhador sem que ele perceba e tenha conhecimento disso, pondo em risco seu bem estar físico e mental, além de gerar conseqüências para a instituição na qual ele está inserido. É definida como uma resposta emocional aos diversos estressores que se desenvolvem no ambiente de trabalho devido à relação com outras pessoas - podemos citar algumas conseqüências tais como: exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional. Diante disso, buscou-se verificar de que forma a síndrome de burnout afeta as atividades do Gestor hospitalar, considerando a importância desse profissional em uma instituição de saúde, e que dele depende a direção que as atividades irão tomar levando-se em consideração sua exposição a diversos tipos de estressores, e a atribulada rotina de trabalho que eles possuem.
METODOLOGIA:
A pesquisa baseou-se primeiramente em pesquisas bibliográficas acerca da síndrome de Burnout e dos aspectos organizacionais presentes na rotina de trabalho do gestor hospitalar. Em, seguida, utilizou-se o termo de consentimento livre e esclarecido, informando aos onze gestores dos seguintes setores: Direção Administrativa, Recursos Humanos, Direção de Enfermagem, Setor de Transporte, Setor de Nutrição, Farmácia Hospitalar, Faturamento, Comissão de Controle e Infecção Hospitalar (CCIH), Lavanderia/Rouparia, Setor de Manutenção e Setor de Terapia e Suporte, de que se trataria a pesquisa e os procedimentos aos quais seriam submetidos. Diante da autorização, iniciou-se uma observação do tipo não participativa juntamente com um roteiro de observação. Em seguida, aplicou-se a entrevista do tipo estruturada com quinze questões que abordaram aspectos como: relações interpessoais, organizacionais, rotinas e satisfação no trabalho. E por ultimo, foi aplicado o instrumento denominado MBI - (Maslach & Jackson, 1981/1986), construído essencialmente para verificar a presença de burnout. O mesmo é composto de 22 questões, auto-aplicáveis, desenvolvidas em torno de três eixos, exaustão emocional (EE), despersonalização (DP) e envolvimento pessoal no trabalho (EPT).
RESULTADOS:
Através do teste do MBI identificou-se inicialmente, na dimensão Exaustão Emocional que 64% dos sujeitos apresentaram um alto nível de esgotamento, distanciamento afetivo, impaciência e irritabilidade. Constatou-se, que 46% dos gestores demonstraram um alto nível de Despersonalização que se refere a uma mudança relativa nas atitudes e respostas que o profissional oferece aos usuários de seu trabalho, podendo ser acompanhado de irritabilidade e de perda da motivação no próprio desempenho. Observou-se que um percentual médio dos gestores que fizeram parte desta pesquisa sente-se realizados por seu trabalho, enquanto que, ainda ressalta-se um número relativamente alto dos que não apresentam esta característica. Esta dimensão de envolvimento pessoal no trabalho refere-se à percepção de deterioração da autocompetência e falta de satisfação com as realizações e o sucesso de si próprio no trabalho. Verificou-se uma propensão ao Burnout pela sobrecarga de trabalho, pelo pouco tempo para o descanso e o lazer, inclusive para a atualização profissional, levando à insatisfação e insegurança nas atividades desempenhadas, e principalmente pela falta de recursos matérias e financeiros para exercer o trabalho com qualidade.
CONCLUSÃO:
Os resultados encontrados foram satisfatórios, já que contribuíram para que o objetivo principal da pesquisa fosse atingido de maneira clara. Isto porque foi possível se deparar com as possíveis conseqüências da Síndrome de Burnout para as atividades do gestor, a saber: produtividade afetada, relacionamentos interpessoais conflituosos, comprometimento da autonomia e conseqüentemente da tomada de decisões e sentimento de desvalorização e falta de reconhecimento por parte da organização. Todos os aspectos considerados são potenciais influências para a prestação de serviços da organização como um todo, pois as funções dos gestores acabam comprometidas a ponto de interferir no seu desempenho profissional. Concluiu-se que os gestores que fizeram parte desta pesquisa desconhecem a Síndrome de Burnout, bem como suas implicações para o processo de trabalho. Pode-se considerar que profissionais informados possuem maior capacidade de evitar desenvolver a síndrome, constituindo esse fator em uma importante forma de prevenção. Ficou evidenciado que os gestores não apresentam quadro típico de Burnout, porém, existe forte propensão ao aparecimento da síndrome diante do que foi analisado e das co-relações encontradas entre os instrumentos.
Instituição de Fomento: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica/Diretoria de Pesquisa e Pós Graduação-DIPESP/IFRR
Palavras-chave: Síndrome de Burnout, Gestores, Trabalho.