61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental
Caracterização dos Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPA) em sedimentos do Lago Paranoá.
Everaldo Júnio Corrêa de Lima 1
Jurandir Rodrigues de Souza 1
Eduardo Ferreira Pereira 1
José Garrofe Dórea 1
Fernanda Vasconcelos de Almeida 2
1. Laboratório de Química Analítica e Ambiental, Instituto de Química, UnB
2. IBAMA - DF
INTRODUÇÃO:
Para monitorar a presença de uma substância tóxica no ecossistema é importante desenvolver metodologias adequadas à sua identificação e quantificação em matrizes como sedimentos. Dentre as diversas substâncias tóxicas persistentes, a pesquisa restringiu-se ao grupo dos HPA, compostos estes com dois ou mais anéis aromáticos fundidos em arranjos que podem ser lineares, angulares ou agrupados. Por definição contêm apenas átomos de carbono e de hidrogênio em sua estrutura. A origem destes compostos pode estar associada tanto aos processos naturais ou processos antrópicos e os HPA podem ainda reagir com outros poluentes produzindo derivados ainda mais tóxicos que o composto original. Para o Lago Paranoá (DF), com quase 50 anos de formação, não existem informações relativas à poluição por HPA, por isto é importante a caracterização  destes compostos e a determinação de suas origens.
METODOLOGIA:

O procedimento de análise dos HPA nos sedimentos incluiu as seguintes etapas: secagem dos sedimentos, extração com solvente (acetona e hexano) para abertura da amostra, clean-up para a eliminação de interferentes através do fracionamento em coluna cromatográfica e eliminação de enxofre com cobre metálico.  Por último, a fase de determinação por cromatografia gasosa acoplada a detecção por espectrometria de massas.

RESULTADOS:

As análises levaram aos seguintes resultados:

Compostos e Concentração média dos compostos HPA encontrados nas amostras de sedimentos (ng/g): Naftaleno (48,52); Acenaftaleno (39,15); Acenafteno (nq*); Fluoreno (9,36); Fenantreno (14,98); Antraceno (5,75); Fluoranteno (14,10); Pireno (9,73); Benzo(a)antraceno (5,86); Criseno (10,94); Benzo(b)fluoranteno (nq*); Benzo(k)fluoranteno (9,28); Benzo(a)pireno (4,11); Indeno(1,2,3-cd)pireno (nq*); Dibenzo(a,h)antraceno (nq*); Benzo(g,h,i)perileno (nq*). Onde *nq significa não quantificado.

Os resultados contrastam com os de regiões expostas a altos níveis de contaminação, como lagos em regiões com forte industrialização, e se assemelham a lagos de regiões análogas ao Lago Paranoá, com baixas atividades industriais, mas que recebem aporte de esgotos domésticos.

A Fração dos HPA leves e pesados nos sedimentos do Lago Paranoá: 2 e 3 anéis (leves) – 68,6%; 4 a 6 anéis (pesados) – 31,4%

A fração de HPA leves e pesados serve como indicação da possível origem dos compostos encontrados. Os sedimentos do Lago Paranoá apresentaram uma maior proporção dos HPA leves (68,6%), indicando a atividade petrogênica como principal fonte de HPA nesta região.

 

CONCLUSÃO:

A origem dos HPA encontrados pode estar relacionada aos produtos químicos derivados do petróleo, carreados pela rede pluvial que escoam diretamente para o Lago Paranoá ou recebem tratamento inadequado ou insuficiente para sua remoção nas estações de tratamento de esgoto. Por ser um reservatório relativamente novo, é necessário que medidas corretivas e preventivas sejam iniciadas, quando o problema de contaminação ainda não apresenta efeitos danosos ao ambiente.

Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: Lago Paranoá, HPA, Cromatografia Gasosa.