61ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 7. Economia Regional e Urbana
TRABALHO E RENDA NA PERIFERIA DE MANAUS: O CASO DO BAIRRO MAUAZINHO
Tayana Nazareth 1
Débora Santiago 1
Marília Brasil 2
Pery Teixeira 2
1. Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional/UFAM
2. Departamento de Economia e Análise/UFAM
INTRODUÇÃO:

A partir da abertura econômica brasileira, início dos anos 90, o Estado do Amazonas foi impactado em diversos setores da economia, principalmente na indústria de transformação, com redução significativa da mão-de-obra no Pólo Industrial de Manaus. Devido às mudanças ocorridas na economia e no mercado de trabalho nas últimas décadas, estudos que busquem entender mudanças dessa natureza tornam-se importantes. Neste sentido, o objetivo deste estudo foi à discussão sobre a real situação do mercado de trabalho na cidade de Manaus, mais especificamente em sua periferia. Para isso, elaborou-se uma análise descritiva e crítica dos principais indicadores relacionados ao trabalho e à renda dos moradores do bairro Mauazinho no ano de 2008.

METODOLOGIA:

Os dados utilizados são resultantes do Projeto de Pesquisa “Efeito sobre a Qualidade de Vida e Percepções de Risco de um Empreendimento de Refino de Petróleo no Amazonas: o caso da Refinaria de Manaus” realizado pelo Departamento de Economia e Análise da Universidade Federal do Amazonas e financiado pelo CNPq. O objetivo do projeto era analisar, através de  um conjunto de indicadores, diferentes aspectos relativos aos impactos sobre a qualidade de vida de populações na área de influência do empreendimento em foco. O levantamento dos dados foi realizado no bairro Mauazinho, na Zona Leste da cidade, no período de setembro a outubro de 2008 e teve por base uma amostra representativa da população residente no bairro. Foram entrevistados 2466 moradores residentes em 380 domicílios. Os dados foram trabalhados utilizando o software estatístico SPSS e EXCEL. Para a análise aqui empreendida, foram consideradas as pessoas com 10 anos ou mais de idade. Os aspectos mais importantes relacionados ao trabalho e à renda foram abordados levando em consideração o sexo, a idade e a escolaridade dos entrevistados. Buscou-se, assim, relacioná-las ao trabalho remunerado, a ocupação principal, a posição da ocupação, os ramos de atividades e os rendimentos.

RESULTADOS:

No Mauazinho, há uma maior concentração de pessoas ocupadas nas faixas etárias de 25 a 59 anos. Segundo sexo e instrução, verifica-se que praticamente metade das mulheres ocupadas possuem 11 anos ou mais de estudo. Já em relação aos homens, o grupo com o maior número de ocupados é o que obteve 4 a 7 anos de estudo. Quanto à posição na ocupação, as maiores participações são das pessoas enquadradas como empregado com carteira assinada, conta própria e/ou autônomo e empregado sem carteira assinada. Essas pessoas representam mais de 90% dos ocupados residentes naquele bairro. Entre os ramos de atividade econômica, chamam a atenção o comércio de mercadorias, a indústria de transformação, os serviços domiciliares e o setor de transportes como aqueles que mais ocuparam pessoas. A distribuição dos rendimentos revela que, segundo relação com o chefe da unidade familiar, aproximadamente 2/3 dos chefes de família recebem entre mais de 1/2 a 2 salários mínimos, enquanto os cônjuges, em praticamente metade deles, não recebem rendimento. Ressalta-se que mais da metade dos entrevistados que estão na condição de chefes de família possuem renda mensal de até 1 salário mínimo. Por outro lado, verifica-se que apenas 1,5% dos chefes de família recebem mais de 5 salários mínimos.

CONCLUSÃO:

Os dados dos moradores do Mauazinho em relação ao trabalho e à renda, quando comparados aos da cidade de Manaus (Censo 2000), revelam-se em situação bem pior do que os apresentados pelo conjunto dessa cidade em diversos aspectos. Isto ocorre especialmente quando se constata a maior proporção de não-ocupados e pessoas com renda mais baixa residentes no bairro. Enfatizando que uma parcela irrisória dessa população recebe mais de 10 salários mínimos e 72% dos entrevistados recebem até 1 salário mínimo, é visível a condição de pobreza e baixa renda que a população do bairro do Mauazinho se encontra. A distribuição dos rendimentos por anos de estudo revelou que a tendência seletiva e excludente do mercado de trabalho afeta os moradores do bairro. Os trabalhadores com menor escolaridade estão perdendo espaço por não terem qualificação compatível com as exigências do mercado. A elevação da escolaridade constitui fator determinante da ocupação e da renda auferida pelo trabalhador sendo um diferencial no momento da busca pelo emprego, porém, não é uma garantia de obtenção dele.

Instituição de Fomento: FAPEAM e CNPq
Palavras-chave: Trabalho, Rendimento, Periferia de Manaus.