61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 5. Educação de Adultos
PRÁTICAS ALFABETIZADORAS NA EJA: CONHECENDO AS AÇÕES DO PROJETO ALFA-CIDADÃ NO NORDESTE PARAENSE, MUNICÍPIO DE PARAGOMINAS-PA.
Leidiana Oliveira Borges 1
Joana d’Arc de Vasconcelos Neves 1
Jusley Brito Matos 1
Sebastião Rodrigues da Silva Júnior 1
1. Universidade Federal do Pará – UFPA - Faculdade de Educação - GUEAJA
INTRODUÇÃO:

O presente trabalho aborda as ações desenvolvidas pelo projeto Alfabetização Cidadã no Nordeste Paraense, em Paragominas- PA, promovidas pela atuação do GUEAJA, através do PRONERA e da parceria com a SEMED e INCRA do referido município. A execução do projeto se deu na perspectiva de promover a alfabetização de jovens e adultos residentes em áreas de assentamento da Região Nordeste do Pará, por meio da realização de Formações e de Escolarização. Engajado na luta pela formação continuada para professores que atuam na EJA, o Grupo Universitário de Educação e Alfabetização de Jovens e Adultos - GUEAJA, teve como aporte construir um projeto político pedagógico para a EJA, na perspectiva de uma educação de formação de homens e mulheres historicamente comprometidos com o seu tempo, e que atenda as necessidades da modalidade. Baseando-se na concepção Freiriana e Vygostkiana de educação teve-se no diálogo a base para o desenvolvimento das ações dos sujeitos envolvidos no processo. No desenvolvimento do projeto foi concebido a atuação da equipe de coordenadores (as), formadores (as), educadores (as) e educandos (as) que, com dedicação, coragem e persistência, buscaram transformar o sonho em realidade por meio de uma educação que priorizou o diálogo, o cotidiano e a coletividade.

METODOLOGIA:

Esta ação ocorreu em 2005, em 5 comunidades do Assentamento Paragonorte (Vila Nova, Vila Escadinha, Vila Boa Vista, CAIP e Vila Bacaba). Nestas foram ativadas 7 turmas de Alfabetização de Jovens e Adultos (AJA), onde ocorreram: encontros periódicos com os educadores, acompanhamento e planejamento das atividades, aperfeiçoamento e/ou redimensionamento das ações e produção de materiais didáticos para a estimulação da interdisciplinaridade no processo de AJA dos trabalhadores rurais. Além da formação continuada, o projeto contemplou também a escolarização de 5 educadores que não possuíam o Ensino Fundamental Completo. A metodologia pautava-se em temas geradores e eixos temáticos desenvolvidos através da teia do conhecimento baseada na leitura da realidade do campo. No processo de AJA, cada educador teve 10 horas/aula semanais, distribuídas a partir dos interesses dos alfabetizandos (durante a semana ou finais de semanas) e disponibilidade de local. As Formações Coletivas ocorreram em Abril, Agosto e Dezembro; as Locais, em maio, junho, setembro, outubro e novembro, de acordo com a temática discutida na Formação Coletiva e com a realidade vivida em classe. A equipe local contava com: 2 coordenadores gerais, 1 coordenador local, 1 formadora, 1 bolsista, 7 educadores e 127 alfabetizandos.

RESULTADOS:

Ao todo realizamos 04 Formações Locais, 03 Formações Coletivas e 09 visitas. Enfrentamos dificuldades como: a falta de transporte coletivo e de infra-estrutura para o funcionamento das turmas; e a distância entre as comunidades. Entretanto, algumas conquistas merecem destaque: 47% dos alunos usufruíram das consultas oftalmológicas também realizadas pelo projeto; A comunidade Boa Vista construiu um barraco para o funcionamento de suas aulas, e providenciaram a construção de fogão de barro, poço e banheiro para que os mesmos tivessem melhores condições de estudo; Os educadores demonstraram empenho e credibilidade às ações do projeto e em suas salas de aula; Os educandos que iniciaram conosco pretendiam continuar os estudos; Dos 127 alunos que permaneceram nas turmas até o término desta etapa, 38 alunos não sabiam ler nem escrever e destes, 22 alunos terminaram a 1ª etapa do projeto lendo e escrevendo pequenas palavras e textos; A parceria com o INCRA funcionou demonstrando interesse em nos auxiliar no desenvolvimento do projeto; já com a SEMED do município não foi possível; As aulas realizadas com mais dinamismo foram as mais proveitosas; O alfa-cidadã conseguiu fazer a diferença, pois cumpriu as promessas e ajudou os alunos a se reconhecerem/ valorizarem na sociedade.

CONCLUSÃO:
As ações do projeto Alfa-cidadã no município de Paragominas-PA, exigiu da equipe um desprendimento grandioso, pois a expectativa misturava-se ao receio e curiosidade sobre algo que mostrava-se familiar e ao mesmo tempo desconhecido. Detectamos problemas estruturais (como a falta de espaço físico adequado para algumas turmas, de transporte devido a distância entre as comunidades, etc); metodológico (com o uso da Teia do Conhecimento, os educadores se depararem com um desafio e dificuldade de explorar suas realidades em benefício da educação do campo nesse processo); e Didático (sentida junto aos educandos (as), pois muitos foram resistentes na adaptação da metodologia, em suma na participação em dinâmicas, freqüência ). Porém, isso aos poucos foi superado e ao final obtivemos resultados como a mobilização da comunidade na construção de sala de aula, a credibilidade do educador para com seu próprio trabalho e compromisso no tratamento de temáticas do campo (agricultura familiar, Cooperativismo, Direitos humanos, etc.), em que dizia: “hoje me sinto capaz” (DALVA, educadora da Vila Nova) e o despertar dos educandos (as) para importância de dinamizar as aulas e de continuar os estudos, dando margem a construção de uma sociedade mais justa, valorizando o homem e a mulher do campo.
Palavras-chave: Alfabetização de Jovens e Adultos, Educação do Campo, Teia do Conhecimento.