61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 5. Matemática - 4. Matemática Aplicada
ANÁLISE DAS CAUSAS DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ENCONTRADAS PELOS ALUNOS DA ÁREA DE EXATAS E NATURAIS COM A DISCIPLINA "CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I"
Diego Flexa dos Santos 1
Italo Bruno Mendes Duarte 1
Élida Viana de Souza 2
Erasmo Senger 1
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
2. UNIVERSIDADE VALE DO ACARAÚ - AP
INTRODUÇÃO:

A disciplina Cálculo Diferencial e Integral I, que se encontra presente nas grades curriculares de praticamente todos os cursos de nível superior na área de Ciências Exatas no Brasil, tem sido protagonista principal de um grande número de reprovações e evasão de estudantes nas faculdades e universidades em todo o país. De maneira generalizada, o sistema educacional tem enfrentado dificuldades no que diz respeito ao ensino da Matemática. No ensino superior essa dificuldade torna-se bastante visível na disciplina Cálculo Diferencial e Integral I, por ser disciplina que apresenta alto grau de abstração e conceitos como: limites, continuidade, diferencial e integral não são facilmente absorvidos por grande parte dos alunos.  O objetivo maior dessa pesquisa consiste, portanto, em buscar indicativos para a compreensão dos possíveis obstáculos encontrados no ensino e na aprendizagem do Cálculo, tendo como ponto de partida os índices de reprovação na disciplina ofertada pelo Departamento de Matemática da Universidade federal do Amapá.

METODOLOGIA:

Na investigação qualitativa a fonte direta de dados é o ambiente natural e através dela torna-se possível evidenciar diversas interações a que estão submetidos o objeto de investigação, permitindo analisar as variáveis em estudo, explorando e trazendo uma variedade de possibilidades para interpretar os fenômenos estudados. Para Bogdan & Biklen (1994, “a ênfase qualitativa no processo tem sido particularmente útil na investigação educacional”. O objeto de estudo deste trabalho se concentrou em alunos dos cursos de Matemática e Física da Universidade Federal do Amapá, com 20 (vinte) alunos escolhidos aleatoriamente, sendo 12 (doze) de curso de Matemática e 8 (oito) discentes que cursam Física, todos regularmente matriculados. Também foram sujeitos da pesquisa os professores que ministram a disciplina Cálculo Diferencial e Integral I. A pesquisa utilizou instrumental de entrevistas semi-estruturadas para buscar informações pertinentes à problemática anunciada, com utilização da técnica de análise documental para sistematizar os dados extraídos dos documentos e materiais oficiais: Ementas, Planos de Aula, Grades Curriculares e Sistemas de Avaliação. Os dados levantados permitiram fazer uma profunda aferição dos significados e das situações analisadas.  

RESULTADOS:

Na visão dos alunos, os motivos que levam ao insucesso na aprendizagem do Cálculo I começam no consenso por parte deles, de que a disciplina é muito difícil e abstrata, que muitos nunca ouviram falar em Cálculo I nas séries anteriores e mais ainda, outros alegam não perceber utilização prática que justifique o ensino do Cálculo I. A principal dificuldade apontada pelos alunos é que a disciplina não facilita a memorização dos conteúdos (o popular decoreba), pois os problemas e exercícios propostos possuem diversas formas de resolver. Quando questionados fora às atividades regulares em sala de aula, quanto tempo dedicavam ao estudo da disciplina, a maioria deles respondeu que na realidade estudavam pouco, só se dedicando assiduamente ao estudo próximo ao período das avaliações, pois o conhecimento ficava retido com mais facilidade em suas memórias. Muitos alunos reclamaram das avaliações muito extensas e que muitas vezes, não conseguem interpretar corretamente as questões. Os professores entrevistados alegam ser muito difícil reverter o quadro de reprovação diante das falhas dos ensinos fundamental e médio. Muitos apontaram que as causas do insucesso estão no próprio aluno, que chega despreparado e com insuficiência de conhecimentos ao ensino superior.

CONCLUSÃO:

Para os alunos, a principal dificuldade é a memorização de fórmulas, provas     com questões extensas e a dificuldade de interpretação das mesmas e a falta de percepção de aplicação prática do Cálculo I. Para os professores, as causas do insucesso estão concentradas no próprio aluno, que chega a universidade completamente imaturo e sem o conhecimento mínimo necessário. Atentos a esta situação e numa tentativa de diminuir os elevados índices de reprovação, o Departamento de Matemática promoveu mudanças no processo seletivo dos alunos e desde 2008, começou a adotar o vestibular estendido, que já vem sendo utilizado com sucesso em outras instituições. Neste processo, depois das provas tradicionais sobre os conteúdos estudados durante o ensino médio, os futuros matemáticos deverão cursar durante um semestre regular as disciplinas básicas do curso superior. Aqueles estudantes que apresentarem os melhores resultados serão aprovados para continuar na Universidade.

Instituição de Fomento: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
Palavras-chave: índices de reprovação, insucesso na aprendizagem, disciplina difícil e abstrata.