Uma das características marcantes da história da humanidade, no momento atual, é a velocidade em que ocorrem os eventos, entretanto, os mesmos não se dão na mesma intensidade em todos os lugares, variando conforme as tecnologias utilizadas em cada um. O objetivo desse trabalho é abordar a forma como o urbano se manifesta no espaço rural em pleno século XXI, com o enfoque voltado para as “Agrovilas” que centralizam os projetos de assentamentos rurais implantados pelo INCRA – (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), sem esquecer que a manifestação do Urbano no rural também ocorre de outras maneiras, como os agronegócios e as atividades turísticas, etc.. Dessa forma, como pensar o urbano no rural em razão do processo de modernização, determinado pela globalização? Até que ponto a globalização faz parte do cotidiano dos moradores da vila do Canoas através do urbano?

A realização deste trabalho se deu sob a perspectiva do período “técnico-científico-informacional”, que conforme Santos (1997, p. 191), “é a cara geográfica da globalização”. Trata-se de um estudo de caso que visa obter generalizações a partir do estudo de determinado grupo, nesse caso a Vila do Canoas, localizada no Projeto de Assentamento Canoas no Município de Presidente Figueiredo/AM, KM-139 da BR-174 (Manaus – Boa Vista). Para chegar até a vila, após os 139 (cento e trinta e nove) quilômetros de BR, é percorrido mais 07 (sete) quilômetros de ramal, até a localização exata da “Associação Comunitária Santa Terezinha” ou “Vila do Canoas”, como é popularmente conhecida. As técnicas de pesquisa constituída pela documentação direta e indireta auxiliaram na obtenção dos dados. A primeira diz respeito à técnica de entrevista e observação direta com um esquema dos elementos a serem observados. A segunda, à revisão bibliográfica, dando consistência aos argumentos.

 A Vila do canoas desde seu nascimento tem como função atender ao Projeto de Assentamento canoas, mas a maioria dos moradores da vila não é assentada. Alguns são funcionários públicos, prestam serviço na escola ou no posto de saúde de responsabilidade municipal, outros vieram atraídos pelas movelarias, responsável pela maior circulação de capital no lugar. Casas de alvenaria e de madeira, igrejas, bares, mercearias, lanches e movelarias se entremeiam sobre o vermelho do chão batido, que em dias chuvosos torna inviável o trânsito rodoviário. Estas características juntamente com outros elementos da paisagem, como a fiação que possibilita a chegada da energia elétrica, e as antenas parabólicas, conduzindo o mundo para dentro dos lares através da televisão, os telefones públicos para receberem e darem notícias a outros lugares, a falta de movimento e a monotonia que reveste o lugar, considerando que a paisagem não é apenas o aparente, é “o resultado das determinações das políticas do estado, das relações sociais de produção e, mais que isso, como depositária de vida, sentimentos e emoções traduzidas no cotidiano das pessoas” Oliveira & Schor (2008, p. 19), assim é a Vila do Canoas.

Portanto, essa é a forma que o urbano se manifesta nas "Agrovilas" dos assentamentos rurais no Município de Presidente Figueiredo/AM. Caracterizado pela pobreza, pelo distanciamento de uma sociedade pós-industrial, entretanto, não se pode negar a utilização de certos produtos, por parte dos moradores, provenientes do processo da globalização, mas tais produtos são acessíveis à toda a massa de trabalhadores. Televisão e telefone são meios de comunicação de massa. A vila é um reflexo da sociedade em que vivemos, caracterizada pelos serviços privados e públicos, mas, sobretudo pelas mazelas sociais, partindo do pressuposto que nossa sociedade se fundamenta nas desigualdades sociais, divisão do trabalho e acumulação de renda. Vive-se um momento da história da humanidade marcado pela velocidade em que os eventos acontecem, pelas descobertas de novas tecnologias, momento em que as formas se reestruturam em decorrência da sobreposição de modelos, que dão um novo significado aos modos de vida. Porém, essas inovações não ocorrem da mesma maneira em todos os lugares, privilegiando uns, e, marginalizando outros do processo, devido ao modelo de sociedade vigente.